08/06/2017

JOSÉ JORGE LETRIA

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Lisboa capital mundial 
do direito de autor

Mais de 250 dirigentes de sociedades de autores de todo o mundo fazem de Lisboa no dia 8 de Junho e em toda esta semana a capital global do direito de autor. Os participantes nesta assembleia geral da CISAC exigem aos decisores políticos que protejam os legítimos direitos de quem cria e que assegurem, por via da produção legislativa, que quem é autor não fica desprotegido, mesmo tendo havido o brexit no Reino Unido e a eleição de Donald Trump.

É certo que nenhum destes factos está isolado. Poderemos somar-lhes os ritmos e as imprevisibilidades da revolução tecnológica e a incerteza causada pelo assalto terrorista às sociedades democraticamente organizadas e aos espaços e situações que corporizam o desejo de liberdade de pessoas de todas as idades e origens e assim tudo se torna mais eloquente e claro. A cultura, expressão de liberdade, está na mira de quem destrói e mata.

Em Lisboa, nesta semana, vão estar os dirigentes máximos da CISAC, os líderes dos seus comités continentais e os dos comités que representam a música, a literatura e as artes visuais. Como o presidente da SPA preside até 2018 ao Comité Europeu de Sociedades de Autores da CISAC, o mais antigo e amplo dos quatro existentes e integra também a estrutura directiva do GESAC, com sede em Bruxelas, a sua responsabilidade vai ser dilatada.

No entanto, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, fez questão de receber os que no dia 8 estarão juntos para debater ideias, opiniões e estratégias em defesa dos autores e da cultura. Isso fica muito bem a Lisboa e a Portugal. O ministro da Cultura infelizmente não teve agenda que lhe permitisse garantir a presença do governo no acontecimento e entregar a Medalha de Honra da SPA a Jean-Michel Jarre, presidente da CISAC.

Por outro lado, a SPA aproveitará esta semana para reafirmar a importância da lusofonia, promovendo no Teatro da Trindade no dia 6 à noite um grande concerto com cantores dos países lusófonos.

Em Lisboa, a SPA lança um duplo CD com alguns dos maiores intérpretes masculinos e femininos de fado de várias décadas.

Lisboa será em toda esta semana a capital mundial do direito de autor, atraindo dirigentes, especialistas e autores de todo o mundo, sempre com a força universalista e humanista da língua portuguesa em fundo. Também é assim que se ganham batalhas, designadamente as da cultura e das artes que nos estimulam e engrandecem, lembrando que perto do final deste século mais de 400 milhões de pessoas falarão e escreverão português em todo o mundo e que haverá cada vez mais homens e mulheres a fazerem da actividade cultural o seu ofício. Esta Europa que resiste ao terrorismo e à descrença e não permite que o medo a afaste de recintos, como os de Manchester ou do Bataclã em Paris. Quem vê a cultura e a arte como festa não pode nunca abdicar de construir um mundo mais pacífico e justo. A assembleia geral da CISAC veio a Lisboa para fortalecer essa corajosa convicção.

* Presidente da Sociedade Portuguesa de Autores.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
06/06/17

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