HOJE NO
"SOL"
"SOL"
“A Fábrica de Nada” vence prémio
da crítica em Cannes
Filme de Pedro Pinho surge no rating da crítica como o segundo melhor de todas as secções do festival, apenas ultrapassado pelos novos episódios de "Twin Peaks", de David Lynch.
“A Fábrica de Nada”, de Pedro Pinho, venceu este sábado o prémio
FIPRESCI, da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica, em
Cannes, onde teve a sua estreia internacional na passada quinta-feira,
na secção paralela Quinzena dos Realizadores. Manoel de Oliveira tinha
sido até aqui o único realizador português a receber esta distinção, em
1997, com “Viagem ao Princípio do Mundo”.
.
Além deste prémio, “A Fábrica de Nada” surge no rating da crítica
como o segundo melhor filme de todas as secções do festival, logo atrás
dos dois episódios de “Twin Peaks” estreados em Cannes, no regresso da
série de David Lynch.
É mais uma distinção para o cinema português que, pelo meio da
polémica revisão ao decreto-lei que regulamenta a Lei do Cinema, adiada
para o próximo ano, não tem parado de acumular prémios nos mais
conceituados festivais internacionais. Polémica que a Terratreme,
produtora do filme, não deixou passar em branco na nota enviada à
imprensa a anunciar o prémio. “Numa fase em que tanto se discute o
sistema de nomeação dos júris dos concursos de apoio ao cinema, este
prémio é mais uma prova da qualidade do cinema português, livre dos
interesses das operadoras e televisões”, afirma a produtora, sublinhando
logo de seguida que “a Terratreme Filmes e seus realizadores estão
contra o papel da SECA (Secção Especializada do Cinema e do Audiovisual)
na atribuição de verbas públicas de apoio à produção,
internacionalização, exibição, distribuição, escrita e festivais nas
áreas do cinema e do audiovisual”.
À agência Lusa Pedro Pinho, realizador do filme a partir de uma ideia
original de Jorge Silva Melo, considerou mais este reconhecimento como
“absolutamente excepcional para um país tão pequeno e com tão pouca
produção de filmes”.
“[É uma] notícia excelente para o cinema português e uma prova que
este tipo de cinema — que neste momento está sob forte ameaça graças à
Lei do Cinema, à composição da Secção Especializada do Cinema e do
Audiovisual (SECA) e à questão da escolha dos júris da SECA — precisa de
ser estimulado e apoiado”, afirmou ainda o realizador de “A Fábrica de
Nada”, filme que a
partir da peça homónima escrita por Judith Herzberg na década de 1990
reflete sobre a questão do trabalho e o lugar que ele terá no futuro na
sociedade, num híbrido entre a ficção, o documentário e o musical.
A distinção no certame em que o cinema português esteve representado
por mais três curtas-metragens — “Coelho Mau”, de Carlos Conceição,
“Farpões, baldios", de Marta Mateus, e "Água mole", de Laura Gonçalves e
Xá — veio depois de em fevereiro, em Berlim, Diogo Costa Amarante ter
vencido o Urso de Ouro das curtas, com “Cidade Pequena”. Prémio que já
na edição passada tinha sido atribuído a Leonor Teles, por “Balada de Um
Batráquio”, ano em que, em Locarno, João Pedro Rodrigues havia de
vencer o Leopardo de Prata de Melhor Realizador, com “O Ornitólogo”, e,
em Veneza, Nuno Lopes venceria o prémio especial de Melhor Ator da
secção Horizontes, na qual competia “São Jorge”, de Marco Martins.
O Júri FIPRESCI, presidido pela crítica Alissa Simon, da revista
norte-americana “Variety”, atribui a cada edição do festival de Cannes
três prémios: dois para os filmes integrados na Selecção Oficial, outro
para a Competição e outro para a secção Un Certain Regard. A estes
junta-se mais um prémio para um dos filmes apresentados na Semana da
Crítica ou na Quinzena dos Realizadores. A 70.ª edição do Festival de
Cannes termina este domingo.
* Arte portuguesa de qualidade superior, Pedro Pinho é o futuro, vai ser um grande cineasta.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário