28/05/2017

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ESTA SEMANA NO 
"DINHEIRO VIVO"

Omniflow. 
A energia que sobrevive a nevões,
.furacões e desertos

Em 2017, a Omniflow foi a única portuguesa a integrar a lista das 100 startups europeias mais promissoras da plataforma Red Herring

Ainda 2017 não vai a meio e já o ano se adivinha de sucesso para a startup portuense Omniflow, que se lançou no mercado com um sistema híbrido de geração de energia solar e eólica, destinada a fins residenciais, comerciais, telecomunicações, sistemas de wi-fi e iluminação urbana. Depois de ter sido a única das quatro finalistas portuguesas a ser integrada no ranking Top 100 Europe 2017 Winners, a lista anual da plataforma de tecnologia Red Herring que distingue as 100 startups europeias mais promissoras, a Omniflow espera este ano um “crescimento significativo”, de um volume de vendas de 320 mil euros em 2016 para 1,5 milhões em 2017. 
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Com apenas 300 unidades das suas torres eólicas e solares vendidas nos últimos quatro anos, as encomendas não param agora de chegar e até ao final do ano venderão 450 novos equipamentos para geografias tão diferentes como Nova Iorque, Cascais, Dubai ou China.

Pela frente está também o desafio de preparar uma nova ronda de investimento no valor de seis milhões de euros, com investidores estrangeiros, que permitirá à startup atingir o crescimento tão desejado. “O objetivo principal é o aumento da capacidade comercial e resolver alguns assuntos cruciais, como reforçar a capacidade interna de engenheiros de software e eletrónica, valências que não possuímos a 100%”, disse ao Dinheiro Vivo Pedro Ruão, CEO da Omniflow. 

Sobre a recente distinção da Red Herring, o fundador garante que “foi o reconhecimento do nosso percurso, e principalmente da nossa visão de futuro, e é um bom indicador de que estamos no caminho certo e com este prémio temos a oportunidade de estar mais visíveis aos investidores internacionais”.
Depois de terem recebido várias distinções ao longo do seu percurso, tais como o EDP Richard Branson (2010), ANJE Jovem Empreendedor (2011), Altran Innovation Award (2013), Horizon2020 (2016) e Desafios Porto (2016), Pedro Ruão garante que é tempo agora de apostar em novas rondas de investimento e “pôr em prática o nosso plano de crescimento nos mercados estratégicos e o reforço das nossas competências internas”. 

Até agora a Omniflow já arrecadou cerca de 900 mil euros em financiamentos, primeiro por parte da Cotec Portugal e depois do Portugal Ventures, estando na calha também a segunda fase da candidatura ao programa Horizonte 2020, com um projeto que envolve nada menos de 1,2 milhões de euros. “O capital é o que nos dá as noites sem dormir”, confessa Pedro Ruão. 

Formado em Engenharia de Materiais, o fazedor trabalhava numa empresa de desenvolvimento de produtos nas áreas automóvel, náutica e robótica, quando viu o anúncio para o prémio EDP e ficou a “pensar naquilo”. Num fim de semana, a andar de bicicleta, Pedro reparou em torres eólicas convencionais e questionou-se sobre a possibilidade de existir um processo diferente para produzir energia renovável. 

E assim surgiu o primeiro conceito da Omniflow: um dispositivo para produzir e armazenar energia, utilizando uma asa omnidirecional invertida para direcionar o vento vindo de qualquer direção para uma turbina associada a painéis fotovoltaicos instalados na mesma estrutura vertical. 

“Nessa altura, o modelo de negócio era virado para a produção e autoconsumo de energia no mercado doméstico. Em 2015, decidimos evoluir o conceito porque percebemos que a nossa tecnologia podia ser utilizada no mercado mais interessante e abrangente do business to business. Os nossos clientes são agora cidades, grandes empresas, estados, países”, revela o fundador. 

Fundamental para a sobrevivência do negócio foi perceber que os sistemas urbanos – iluminação pública, sistemas de wi-fi, videovigilância, sensores de qualidade de ar, semáforos – vão passar a ser autónomas no futuro, ou seja, vão poder gerar a sua própria energia sem estarem ligados à rede pública de eletricidade. 

A grande aposta da Omniflow está agora na diversificação da oferta e no desenvolvimento de diferentes softwares que permitam adaptar a tecnologia de base a novos usos. “Nascemos virados para a energia mas agora podemos adaptar os equipamentos a diferentes funcionalidades só através do software”, explica o fundador. 

A rota de crescimento da startup incluiu a entrada de um novo sócio, António Correia, e o crescimento para uma equipa de dez pessoas nos departamentos técnico, logística e produção. Depois de uma estada no Centro de Novas Empresas de Tecnologia, em 2016 investiram em novas instalações industriais no Porto, com 1000 m2. 

Tecnologia dá cartas
Ao vivo e a cores é já possível ver as plataformas de energia da Omniflow no Dubai (onde as baterias de chumbo de cristal, com uma esperança de vida de 10 anos, sobrevivem às elevadas diferenças térmicas e aos ventos do deserto), na baixa de Manhattan (onde o equipamento situado a 8 metros do chão foi o único capaz de produzir e armazenar energia durante os intensos nevões do último inverno), em Long Island e noutros locais do estado de Nova Iorque, cujas principais infraestruturas energéticas foram destruídas na sequência do furacão Sandy. Para breve está também o fornecimento de 20 unidades para equipar uma marina também em Nova Iorque. 

Na Europa, a Omniflow trabalha com o grupo alemão Volkswagen, na iluminação de um parque de estacionamento de bicicletas na Alemanha, com a britânica Vodafone, com várias unidades já instaladas para uso de telecomunicações, e ainda com a Siemens, na área da mobilidade para o desenvolvimento conjunto de um sistema de semáforos autónomos, cujo projeto será apresentado em breve. 
Em território nacional, Cascais exibe já 19 unidades com capacidade para videovigilância e wi-fi, e o parque industrial onde se insere a Farfetch, a norte, com um espaço para 600 viaturas iluminado de forma autónoma e sem falhas desde outubro. E porque o céu é o limite, Pedro Ruão está de olho também na Índia e em projetos no âmbito das smart cities do futuro. 

*  Verdadeiros empreendedores, portugueses.

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