HOJE NO
"EXPRESSO"
‘Acionista’ da TAP acumula negócios
O grupo chinês HNA volta a concentrar as atenções mediáticas porque está interessado em comprar a revista “Forbes”, aumentando os investimentos realizados a nível mundial
Chen Feng, o líder do Grupo HNA que está
a negociar a compra de uma participação de controlo na revista “Forbes”
— avaliada em 475 milhões de dólares —, tem projetos de “forte
crescimento para os seus negócios”. Quem o diz é o empresário Humberto
Pedrosa, que, sem conhecer pessoalmente Chen Feng, garante ao Expresso
que entre os vários negócios da HNA que se cruzam com Portugal está a
intenção de criarem “voos da China para Lisboa, o que seria bom para a
TAP”, comentou o empresário português.
Entre os projetos de
crescimento do conglomerado chinês HNA está a consolidação da
participação detida na Atlantic Gateway — acionista da TAP —, através da
companhia brasileira Azul. “Para que isso aconteça, eu e o meu sócio
David Neeleman teremos de vender os direitos económicos — mas não o
capital — necessários a que a HNA faça as consolidações legais dos
investimentos realizados, e isso ainda não foi concretizado”, explicou
Humberto Pedrosa. O objetivo final da HNA é ter 20% da TAP.
Dos aeroportos ao turismo
A perspetiva de Humberto Pedrosa para o crescimento dos investimentos
do Grupo HNA é feita como empresário do sector dos transportes, onde
Chen Feng tem multiplicado ativos a uma velocidade vertiginosa. Os
últimos dados divulgados pela agência Reuters sobre o valor dos ativos
detidos pela HNA apontam para um montante da ordem dos 100 mil milhões
de dólares, investidos para lá da aviação e dos aeroportos, em sectores
como a logística, e as áreas do turismo, financeira, cultural e de
media.
A partir de maio de 2016 — altura em que comprou a
participação de 7% no consórcio Atlantic Gateway, acionista da TAP, com
opção de aumentar a participação na Gateway até aos 40%, o que daria
indiretamente 20% da TAP —, o Grupo HNA apostou forte no sector da
aviação europeia, pois, em julho de 2016, comprou 80% da empresa de
manutenção aérea de Zurique, SR Technics, ao grupo de investimento
Mubadala do Abu Dhabi.
Em outubro do ano passado ainda fez
investimentos na hotelaria, ao comprar 25% da holding Hilton Worldwide
ao grupo Blackstone, por 6,5 mil milhões de dólares. Em fevereiro de
2017 foi a vez de comprar 3,04% do Deutsche Bank. Já em março comprou a
sua primeira infraestrutura aeroportuária fora da China, adquirindo
82,5% do aeroporto de Frakfurt-Hahn, que é o segundo maior da Alemanha.
Chen
Feng, nascido em 1953, na província chinesa de Shanxi, cresceu em
Pequim e iniciou a sua vida profissional no meio da aeronáutica. Depois
de terminar a revolução cultural maoísta — que durou de 1966 a 1976, um
período passado na Força Aérea chinesa —, Chen Feng começou a trabalhar
no regulador chinês da aviação civil.
Em 1984 acede a uma bolsa
de formação da Lufthansa, em gestão de transporte aéreo. Em 1989 faz uma
breve incursão pelo sector financeiro e trabalha no escritório do Banco
Mundial em Haikou. Mas em 1990 regressa à aviação, como assistente do
gabinete de aeronáutica do governador da província de Hainan, que
coincidiu com a altura em que houve um grande aumento do turismo na
China.
Tudo começou em 1993
É em 1993 que Chen Feng
começa verdadeiramente a atividade profissional que altera o curso da
sua vida, criando a companhia Hainan Airlines a pedido do Governo da
Província de Hainan. Em 1997 é feita uma restruturação nas empresas de
aviação chinesas e Chen Feng aproveita a oportunidade para constituir o
Grupo HNA, que, em 2000, passa a controlar três companhias de aviação — a
China Xinhua Airlines, a Chang An Airlines e a Shanxi Airlines.
Aproveitando
o crescimento consolidado do turismo na China, a atividade empresarial
do Grupo HNA prospera, tendo acesso a financiamentos para crescer e
diversificar as áreas de atuação, com destaque para o turismo,
hotelaria, transportes e logística, quer na China quer em operações de
internacionalização. Os investimentos da HNA efetuados fora do mercado
chinês crescem depressa, contando-se entre os ativos mais relevantes, as
aquisições imobiliárias na Sexta Avenida, em Nova Iorque, e também de
hotelaria, o investimento na Uber e 29,5% no grupo NH Hotel.
* Paulatinamente a China a abocanhar a Europa, até à deglutição final.
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