02/04/2017

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ESTA SEMANA NO 
"DINHEIRO VIVO"

Países do sul pagam fim do roaming
 na União Europeia

O fim do roaming previsto para 15 de junho poderá levar a aumentos dos preços domésticos de países importadores de turistas, diz estudo da Altran

Não só o fim do roaming deverá levar a um aumento dos preços das telecomunicações no mercado doméstico, como serão os países do sul e os cidadãos com menores recursos a custear as chamadas, os SMS ou a navegação na Internet sem custos adicionais feita por utilizadores dos países do norte da Europa, ou com mais rendimentos. A conclusão é de um estudo da consultora Altran sobre o impacto do fim do roaming na União Europeia a partir de 15 de junho. Portugal é um desses países.
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 “Um aumento dos preços domésticos poderá ser uma consequência da adaptação da Roam like at Home (utilizador usa o pacote de telecomunicações que definiu no seu mercado de origem sem pagar roaming) dada a necessidade de investimento na capacidade de rede, especialmente em países que importam roaming [recebem muitos turistas] com grande sazonalidade”, alerta a Altran.

Mas o impacto é sentido internamente em cada um dos países europeus, em particular os cidadãos com mais baixos rendimentos. Estes, alerta a Altran, “não têm recursos” para viajar, logo não beneficiam do fim das tarifas de roaming. “Pessoas com um rendimento médio ou elevado têm mais probabilidade de viajar porque têm os recursos para isso. Quando a Roam like at Home estiver implementada, estes viajantes irão beneficiar de melhores tarifas do que agora. Irão poupar dinheiro à custa de pessoas com baixos rendimentos no seu país, que poderão ver as tarifas de dados aumentar significativamente”, refere o estudo Zero Roaming – A Pitfall of European Regulation. “Pessoas com menores rendimentos irão subsidiar o acesso aos serviços digitais de pessoas com elevados rendimentos.”

Um impacto que será ainda maior no caso de países que são destinos turísticos. “Tarifas de dados domésticos irão aumentar enquanto a implementação da Roam like at Home irá reduzir o preço que os turistas pagam quando visitam países como Espanha, Portugal, Grécia ou Croácia”, diz o estudo. A sazonalidade é outro dos problemas que países como Portugal (que recebe mais turistas do que envia) vão enfrentar. Esta “trará um impacto negativo nos operadores nacionais por via do sobredimensionamento necessário para dar resposta aos picos de turismo e de uma maior dificuldade no planeamento das suas redes”, explica Alexandre Ruas, diretor de telecom e media da Altran Portugal, ao Dinheiro Vivo. 

“As redes dos países importadores estarão mais sujeitas a variações significativas do tráfego ao longo do ano, atingindo picos máximos no verão”, refere Alexandre Ruas. Se os operadores não conseguirem “garantir que a receita vinda do negócio wholesale [grossista] é assegurada” poderão “ser obrigados a financiar ações via receita doméstica, podendo impactar tarifas mensais”. Mais, lembra o estudo da Altran, o rendimento per capita dos países receptores de turismo na Europa é inferior aos do Norte. No Reino Unido, por exemplo, o rendimento é de 39.600 euros. Em Portugal é de 17.300 euros. 

 Aos operadores não resta alternativa. “Serão certamente obrigados a investir de modo a dar resposta à nova lei da UE”, diz Alexandre Ruas. E para evitar o aumento de preços no mercado doméstico os operadores podem “definir estratégias diferenciadoras”: introduzir “novos tarifários, quer no mercado convergente, quer no stand alone”; disponibilizar conteúdos “via OTT (over the top) livres de roaming, que serão diferenciadores e aumentarão a receita média por cliente (ARPU)” ou operadores com links internacionais podem “fazer uso da infraestrutura para se tornarem diferenciadores e competitivos”. 

* Como sempre o Norte a chular o Sul.

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