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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Ministra admite haver uma "má relação"
.entre a justiça e os cidadãos
.entre a justiça e os cidadãos
Francisca Van Dunem disse que "enorme volume das execuções e insolvências inundam o sistema"
A
ministra da Justiça admitiu hoje que há uma "má relação" entre os
cidadãos e a justiça e que a asfixia dos tribunais está em vias de
perder a atualidade.
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Francisca Van
Dunem falava no painel "O funcionamento e a asfixia dos tribunais" no
seminário Justiça Igual para Todos, a decorrer na fundação da
Gulbenkian, em Lisboa, onde destacou a eficiência da justiça,
nomeadamente na resposta à pequena e média criminalidade.
"A
pequena e média criminalidade resolve-se com celeridade em Portugal,
não acontecendo o mesmo na jurisdição cível e administrativa", disse a
ministra para quem o volume das insolvências e ações
executivas/cobranças de dívidas são os maiores responsáveis pela asfixia
dos tribunais.
"O enorme volume das
execuções e insolvências inundam o sistema" e depois da crise de 2008
"as insolvências dispararam para níveis perturbadores".
Salientando
que os "tribunais foram abalados pelo colapso económico", Francisca Van
Dunem sublinhou o papel nefasto da crise económica e de uma década de
crédito descontrolado e de endividamento das famílias, que fez disparar
as pendências.
Sobre a perceção que os
cidadãos têm da justiça, Van Dunem lembrou que os processos mediáticos
não são "estatisticamente relevantes", apesar de ser a partir das
notícias destes que muitas vezes é formada a opinião dos cidadãos sobre o
sistema judiciário.
A ministra
enumerou algumas reformas legislativas e programas lançados pelo
ministério que tutela, como a Justiça + Próxima e o Capitalizar,
pensados no sentido de descongestionar os tribunais.
Porém, ressalvou "não se pode andar de reforma em reforma sem as deixar respirar".
No
mesmo painel, o antigo presidente do Supremo Tribunal de Justiça
colocou a tónica no facto de a crise da justiça ser um assunto comentado
recorrentemente, durante décadas, mesmo antes do 25 de Abril.
Para
Noronha do Nascimento, "a concessão de crédito descontrolado" depois da
entrada de Portugal na União Europeia (1987) reflete-se ainda hoje no
número de ações de execução nos tribunais, representando mais de 65% das
ações totais nos tribunais.
O advogado
João Correia assumiu-se no painel como provocador e destacou a falta de
vontade do poder político em discutir as questões da justiça.
"O
poder está desfasado é indiferente a tudo isto da justiça. Recuso que
recaia sobre os magistrados e juízes a culpa da crise da justiça", disse
o antigo secretário de Estado da Justiça, apontado o dedo aos órgãos de
soberania.
O seminário "Justiça para todos" é organizado pela Associação 25 de Abril.
* Continuamos a respeitar esta ministra da Justiça, claramente anti-folclore.
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