HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
"AÇORIANO ORIENTAL"
Lajes do Pico deve entregar candidatura da cultura baleeira à UNESCO em 2018
O presidente da Câmara das Lajes do Pico, nos Açores, disse hoje
que deverá ser entregue à UNESCO, no primeiro trimestre de 2018, a
candidatura da cultura baleeira a património da humanidade, processo em
preparação há dois anos.
.
.
“É um processo complexo, longo, que está a ser preparado para que
façamos esta candidatura, penso, no primeiro trimestre do próximo ano”,
afirmou, em declarações à agência Lusa, Roberto Silva, destacando que
importa “garantir outra notoriedade a uma atividade, [com] história e
património que se construiu” no concelho.
Esta candidatura a património da humanidade, pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), será dada a
conhecer no sábado à tarde, no âmbito de uma apresentação na Bolsa de
Turismo de Lisboa (BTL), ocasião em que será também abordada a criação
da marca “Lajes do Pico: Capital da Cultura Baleeira”.
Roberto Silva destacou que foi criada uma equipa multidisciplinar,
que integra o Governo Regional dos Açores, universitários, escritores,
antigos baleeiros, empresários, e contratada uma empresa de consultoria
para preparar o processo de candidatura da cultura baleeira.
“Queremos que esta cultura associada a uma atividade com mais de cem
anos seja reconhecida pela UNESCO e, ao mesmo tempo, se torne um veículo
promotor de um território açoriano”, sustentou o autarca, que ambiciona
com a classificação “atrair mais riqueza, emprego e dinamização
económica” para um concelho onde “tudo gira à volta da baleia”.
Segundo disse Roberto Silva, nas Lajes do Pico está localizado, por
exemplo, o Museu dos Baleeiros, um dos mais visitados no arquipélago,
que foi inaugurado em agosto de 1988.
Introduzida nos Açores por influência das baleeiras norte-americanas,
que usavam as ilhas para reparar avarias, repor mantimentos e recrutar
mão-de-obra, cedo a caça à baleia se transformou numa atividade
económica relevante no arquipélago, com particular destaque para a ilha
do Pico.
Contrariamente ao que aconteceu noutros países, em que a caça à
baleia se desenvolveu e mecanizou, nos Açores a atividade manteve-se nos
mesmos moldes em que ocorria em finais do século XVIII, utilizando
arpões para apanhar as baleias.
Com a eventual classificação pela UNESCO pretende-se garantir
notoriedade internacional das Lajes do Pico, algo que “vai exigir dos
vários agentes [públicos e privados] outra intervenção no território”,
que mantém viva a memória da atividade baleeira na arquitetura,
artesanato, música e literatura.
Roberto Silva considerou que as Lajes do Pico merecem também a
distinção como capital da cultura baleeira, precisamente porque
“mantiveram sempre uma dimensão artesanal”, algo que disse ser único no
mundo.
O último cachalote foi apanhado nos Açores em 1987 do século XX, com recurso aos métodos tradicionais, do arpão e da lança.
* Perguntamos: 1987 poderá ser doutro século que não o XX?
.
Sem comentários:
Enviar um comentário