HOJE NA
"VISÃO"
A mudança de hora não lhe "rouba"
só uma hora de sono.
Cuidado com o dia seguinte
Na última madrugada, os relógios adiantaram-se uma hora e isso irrita muita gente. Mas a mudança para o horário de verão não representa só uma hora de sono perdida, como mostram vários estudos
À 1h da manhã deste domingo, os relógios adiantaram, por lei, uma
hora. Chamam-lhe o “horário de verão”, mas a distância do calor e das
férias significa apenas menos tempo entre os lençóis. O que muitos não
sabem é que, na segunda-feira seguinte (a hora muda sempre a um
domingo), a nossa produtividade é menor e os acidentes - rodoviários e
no trabalho - mais frequentes. Quem o garante é o professor Christopher
Barnes, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
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Segundo
o académico e a sua equipa, o dia seguinte ao adiantamento de hora vê
aumentar a pesquisa por temas distrativos (como desporto, redes sociais
ou vídeos no Youtube) em 3,1% comparativamente à segunda-feira anterior.
Se esta percentagem se traduzir em tempo perdido, são 15 minutos extra
de alheamento num dia de trabalho de oito horas.
O Youtube e o
Facebook podem não ser particularmente perigosos, mas Barnes acrescenta
que os acidentes de trabalho são mais frequentes na “segunda-feira
sonolenta”. Usando como referência os acidentes nas minas americanas
entre 1983 e 2006, chegou à conclusão que existem em média mais quatro
ocorrências nesse dia (uma subida de quase 6%).
Se não trabalha numa mina, não relaxe já. Um outro estudo,
do economista americano Austin Smith, afirmou o ano passado que os
acidentes de carro podem aumentar até 6,5% neste dia. Se aplicarmos as
estatísticas à realidade portuguesa, isto significa que, da média de 349
acidentes rodoviários diários em 2016 (segundo dados, para Portugal
Continental, da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária), podem ter
ocorrido mais 23 acidentes devido à perda de sono na mudança para a hora
de verão. Mas o número de acidentes com mortos e feridos graves é
ligeiramente menor em março que nos dois meses anteriores, segundo a
mesma autoridade.
São, em média, menos 40 minutos de sono nessa
noite, segundo Christopher Barnes. Os danos afetam até os tribunais.
Barnes também afirma
que os juízes americanos aplicam sentenças 5% mais longas durante a
“segunda-feira sonolenta”, comparadas com as segundas-feiras das semanas
anterior e seguinte.
E se não conduzirmos, trabalharmos ou
cometermos crimes? Ainda assim, parece não haver escapatória: Barnes
reparou, ao analisar as tendências no motor de busca Google, que a
pesquisa por temas relacionados com “moralidade” também cai no dia da
modorra. Mas a análise do professor sobre a quebra temporária da nossa
bússola moral é subjetiva, naturalmente (sugere que a falta de sono nos
torna menos “moralmente cientes”).
Enquanto a legislação assim o
obrigar, continuamos a ter de acordar “mais cedo” no último domingo de
março. Mas o melhor é não esperar pelo atraso da hora, no fim de
outubro, para compensar. A 26 de março, deite-se uma hora mais cedo.
* Seria melhor não se trabalhar na 2ª feira de manhã.
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