HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS
Acordo sobre Almaraz.
Portugal retira queixa e Espanha
trava avanço de armazém
Comissão Europeia anunciou "resolução amigável". Acordo não põe em causa o direito de Portugal de voltar a apresentar queixa.
Portugal
e Espanha chegaram a uma "resolução amigável" sobre Almaraz, anunciou
esta terça-feira a Comissão Europeia, mas o Governo de Lisboa não
abdicará de voltar a apresentar queixa - que, por agora, retira em
Bruxelas - se o processo "for inconclusivo" ou "contrário" aos
interesses do país, antecipou o ministro dos Negócios Estrangeiros,
Augusto Santos Silva, em conferência de imprensa no Palácio das
Necessidades, em Lisboa.
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Segundo o
acordo, Portugal vai retirar a queixa em Bruxelas para já e, em troca, o
país vizinho compromete-se a não avançar com a utilização do armazém
para resíduos nucleares na central até que as autoridades portuguesas
tenham analisado informações pertinentes e visitado as instalações.
"Este
acordo não põe em causa o direito de Portugal de recorrer a todos os
meios legais à sua disposição para fazer valer o seu interesse. E o seu
interesse aqui é querer que não haja efeitos negativos em território
português", explicou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva,
em conferência de imprensa.
Numa
declaração conjunta do presidente da Comissão Europeia e dos chefes de
Governo de Portugal e Espanha, divulgada esta terça-feira em Bruxelas, é
apontado que, na sequência de uma reunião promovida por Jean-Claude
Juncker com António Costa e Mariano Rajoy, por ocasião da cimeira de
Malta de 3 de fevereiro, "Espanha e Portugal comprometem-se a encetar um
diálogo e um processo de consulta construtivo com vista a alcançar uma
solução para o atual litígio sobre a construção de um aterro de resíduos
nucleares na central nuclear de Almaraz". Este diálogo concretizar-se-á
durante dois meses, concretizou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Interpelado
insistentemente pelos jornalistas sobre se este acordo impede a
construção do armazém de resíduos nucleares, Augusto Santos Silva - que
tinha a seu lado o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes -
reiterou que Espanha se comprometeu a "não emitir qualquer licença de
funcionamento" do armazém e que, no processo de construção, "não dá
qualquer passo a que Portugal se oponha" e que as partes (nomeadamente,
Lisboa e Bruxelas) considerem "irreversíveis".
Matos
Fernandes notou que Portugal vai ter acesso ao estudo de impacto
ambiental espanhol, que será avaliado por técnicos consultados pelo
Ministério do Ambiente, para além de uma consulta pública que será feita
no tempo de dois meses. O Governo quer avaliar eventuais "efeitos
negativos no território português".
Segundo
o texto do acordo, "terá lugar, nos próximos dias, uma visita conjunta
às instalações, que irá contar com a participação da Comissão. A visita e
o processo de consulta permitirão às partes analisar e ter em conta as
preocupações legítimas quanto a este projeto e acordar medidas adequadas
para dar resposta a estas preocupações de forma proporcional".
Portugal,
por seu lado, vai retirar a queixa que apresentou à Comissão Europeia, a
16 de janeiro passado, contra Espanha, por as autoridades espanholas
não terem procedido a uma avaliação dos impactos transfronteiriços. É
uma nota de "boa fé", sublinhou Santos Silva, para que os próximos dois
meses sejam de "diálogo".
* Para já destacamos a posição negocial portuguesa que teve argumentos para travar o processo.
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