Ano novo, vida nova:
uma construção em cinco pilares
Ao som das doze badaladas, comem-se as doze uvas passas carregadas de
simbolismo. Assinala-se a partida para novas conquistas, onde a saúde
ganha especial destaque. Naquele momento, concentramo-nos em pontos
básicos como "a partir do dia 1 vou deixar de fumar", "a partir de
Janeiro vou emagrecer". Começa a procura louca dos ginásios, das
consultas médicas especializadas e, no meio deste frenesim, perde-se
aquilo que é o essencial. Partindo da parte para o todo, o cerne da
questão reside no facto do cidadão comum querer deixar de fumar porque
tem consciência que lhe é prejudicial e tem receio de vir a sofrer de
doenças graves. Anseia emagrecer em prol da aparência (e não tanto pela
consciência de que a obesidade, por si só, aumenta o risco de outras
doenças). Ou seja, bem vistas as coisas, quer-se viver mais, quer-se
viver melhor, de preferência mantendo, sempre, um aspecto jovem.
Para
obtermos resultados sustentados, lamento dizer que, em 2017, ainda não
estarão disponíveis as ditas poções mágicas, os elixires da juventude,
os caminhos ultra rápidos e sem esforço. No entanto, podemos fazer muito
por nós próprios se escolhermos os caminhos certos.
Nesta
perspectiva, uma das áreas que tem ganho terreno na comunidade
científica é, de facto, a medicina integrativa, ou do
anti-envelhecimento, do anti-aging, da longevidade, ou do envelhecimento
saudável. Foca-se na medicina preventiva e, através de diferentes
abordagens, tem como objectivo retardar o processo de envelhecimento,
proporcionando uma melhor qualidade de vida aos indivíduos.
A sua
abordagem é alicerçada em cinco pilares essenciais: o exercício físico,
a nutrição, a suplementação, os estilos de vida saudáveis e a modulação
hormonal. Eu, particularmente, acrescentaria um sexto: a genética.
A prática regular de exercício físico
diminui o aparecimento de inúmeras doenças, entre as quais o enfarte, o
AVC, a diabetes e as demências, como é o caso, por exemplo, da Doença
de Alzheimer. Melhora a memória, a função cognitiva e reforça os
músculos tornando-nos menos frágeis (incluindo na população mais idosa).
É
já um facto muito bem estudado que a restrição calórica aumenta a
longevidade. Actualmente, a abordagem médica passa também pela
preocupação em disponibilizar um plano alimentar adequado a cada
indivíduo e que potencie os ganhos do plano de treino. Deverá ser
estabelecido um equilíbrio entre os macro e micronutrientes, tendo em conta a necessidade de suplementação com oligoelementos e antioxidantes.
A
adopção de um estilo de vida saudável, através da diminuição do consumo
de álcool, de tabaco e da regularização dos padrões de sono, está na
génese de uma maior longevidade. Os profissionais, através de um
acompanhamento próximo do individuo e recorrendo a técnicas da
psicologia e, ou, do coaching, ajudam na criação e adesão a
padrões de comportamento no quotidiano. Para aqueles que já optimizaram
algumas medidas, podem melhorar alguns aspectos, incluindo a aquisição
de competências de gestão de conflitos internos. Isto possibilita uma
maior aceitação do indivíduo e uma manifesta melhoria na relação
interpessoal (óptimo para aqueles pertencentes a quadros de empresas).
Em
ambos os géneros, no processo de envelhecimento, ocorrem alterações nos
diferentes eixos de produção hormonal e que poderão ser corrigidas de
acordo com os sintomas e estudos complementares prescritos pelo médico.
Todos
estes componentes devem ser trabalhados em conjunto e integrados na
história clínica de cada indivíduo. Cada pessoa é uma pessoa e não
adianta olhar para a receita do vizinho. A abordagem multidisciplinar é a
chave da prevenção e prevenir é, mesmo, o melhor remédio.
* Médica no Centro de Inovação Médica
IN "SÁBADO"
01/01/17
.
Sem comentários:
Enviar um comentário