HOJE NO
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PSD.
Os cinco ódios de Passos e Marcelo
São cinco os ódios que dividem Passos Coelho e o
Presidente da República: um feriado, um primeiro-ministro socialista, um
congresso em 96, um cata-vento e um canal de televisão
.
“Eles odeiam-se e não é novo”, ri um deputado
social-democrata. A distância entre o líder do PSD, Pedro Passos
Coelho, e o antigo presidente do partido e hoje Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, pode não ser novidade, mas ganhou novos
contornos.
Passos não apreciou os ataques que Marcelo Rebelo de Sousa dedicou ao
governo que o Partido Social Democrata liderou entre 2011 e 2015, e a
coexistência feliz que o Presidente da República mantém com o atual
primeiro-ministro, António Costa, também ergue algumas sobrancelhas no
PSD. Fonte parlamentar do partido afirmou ao i que “a bancada está,
evidentemente, com Passos, mas não vamos ouvir ninguém falar mal de
Marcelo: é o Presidente da República, a figura mais popular da família
social-democrata, e o institucionalismo é isso - mesmo que Marcelo de
institucionalista tenha pouco”.
A quezília, todavia, é antiga.
A primeira zanga - que ficou para a vida - ocorreu durante o
congresso que elegeu pela primeira vez Marcelo Rebelo de Sousa líder do
PSD. Estávamos em fevereiro de 1996. Passos Coelho entrou no pavilhão de
Santa Maria da Feira como um dos principais apoiantes e membros da
equipa de Marcelo e saiu zangado com o líder eleito. Nunca ficou
clarificado qual foi a gota de água que fez com que Passos entrasse em
rutura com Marcelo: alegadamente, este tencionava “discriminá-lo
negativamente” nos futuros órgãos da direção do PSD. Passos não gostou e
imediatamente passou de principal apoiante para principal adversário da
liderança de Marcelo.
O domingo sangrento
Quinze anos mais tarde, durante
os tempos de governação de Pedro Passos Coelho, Marcelo foi impiedoso no
seu comentário televisivo semanal, e o PSD não esquece.
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Logo no primeiro ano de governo, em 2011, Marcelo acusou o governo de
fazer um aumento de impostos que não “foi prometido em campanha
eleitoral” e era “um incomportável sacrifício da classe média”. Ainda em
2011, o ex-comentador afirmou que “Passos não pode convidar os
portugueses a emigrar” e que dizê-lo era “grave”.
Em 2012 criticou o primeiro- -ministro por “compreender que Soares
dos Santos duvide que Portugal se mantenha no euro”, dizendo que o que o
primeiro- -ministro deveria dizer era que “estava a fazer tudo para que
Portugal ficasse na moeda única”.
Outro comentador do seio do PSD, Pedro Santana Lopes, criticou na
época a postura de Marcelo, escrevendo que “critica constantemente o
governo de Passos Coelho”, assim como também fizera “tudo para deitar
abaixo” o seu governo.
Assim continuaram as hostilidades, e em 2014, quando Passos
apresentou uma moção no congresso que lhe reassegurou a liderança do
PSD, Marcelo viu--se visado. Passos não queria um Presidente que se
comportasse como “um cata-vento de opiniões erráticas em função da mera
mediatização gerada em torno do fenómeno político”.
O chefe de Estado,
segundo o primeiro--ministro, não devia “buscar a popularidade fácil”
nem colocar-se contra os partidos ou os governos como se fosse apenas
mais um protagonista político na disputa política geral”.
Marcelo, o excluído?
Marcelo reagiu, respondendo que
Passos tinha querido “claramente” excluí-lo como candidato, e que a
questão ficava assim “resolvida”. Como é sabido, não ficou. O PSD
apoiou-o e Marcelo ganhou Belém depois de massacrar o governo de Passos
na televisão e de assumir que Passos o quisera excluir.
Esta segunda-feira, os ânimos voltaram a animar quando Passos Coelho
afirmou numa conferência em Lisboa: “Ainda bem que [Marcelo] não é o
presidente do PSD.” E Marcelo respondeu que um Presidente não pode ter
“preferências ou amuos”.
Um velho conhecido de ambos apontou ao i:
“Quando Marcelo fala em estabilidade política, também está a falar em
estabilidade na oposição: a ele convém-lhe que Passos seja líder do PSD
porque isso mantém Costa como primeiro-ministro. Com o apoio do PS para a
recandidatura, Marcelo chega aos 70% e nada lhe daria mais gozo.”
Ontem, Paulo Rangel afirmou aos jornalistas em Bruxelas que “quer no
caso do Presidente quer no caso do PSD”, seria um pouco mais “comedido”.
“Cada um tem de realizar o seu papel”, esclareceu o eurodeputado do
Partido Social Democrata.
Cada um com o seu papel, mas as máscaras vão caindo.
* Nunca gostámos de ambos mas o bom senso manda reconhecer que o actual PR deixa a milhas o seu antecessor e põe o líder do PSD no Parque Jurássico.
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