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"CORREIO DA MANHÃ"
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“Já chegou uma carrada de porcos”
Criminosos punham trabalhadores em condições desumanas.
Eram aliciados com ordenados de 485 euros, casas conforme os padrões europeus e um contrato de trabalho. Chegavam a Portugal e acabavam a dormir em contentores, a trabalhar sem folgas e a passar fome. Eram oriundos do Nepal, Índia, Bangladesh e Tailândia e ficavam à mercê de um grupo de 21 pessoas, agora acusadas de tráfico de pessoas e associação criminosa.
A rede era encabeçada por um israelita de 47 anos, residente em Cascais. Tinha como braço direito dois irmãos de Almeirim e as suas companheiras. As vítimas eram angariadas nos países de origem e tinham de pagar 8 a 10 mil euros. Era-lhes prometido trabalho no setor agrícola e a legalização. "Sabes quando podemos ir buscar os animais?", lê-se numa mensagem trocada entre dois arguidos, referindo-se aos trabalhadores estrangeiros. Após a chegada destes, novo SMS: "Já chegou uma carrada de porcos."
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Mal aterravam em Portugal, as vítimas eram obrigadas a assinar um contrato em português – sem saberem ler a nossa língua – e distribuídas por terrenos agrícolas por todo o País. Os traficantes acabavam por lucrar com uma percentagem dos milhares de euros pagos pelos trabalhadores, bem como com parte do ordenado.
Segundo a acusação, os trabalhadores viviam em condições desumanas. Quando se queixavam, os elementos da rede ameaçavam-nos dizendo que os iam denunciar ao SEF. No esquema estão ainda envolvidas 13 empresas angariadoras e de prestação de serviços.
* Pede-se justiça pesada para os traficantes de seres humanos.
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