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IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
07/10/16
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Concorrência sã
Seis mil táxis prometem paralisar Lisboa na segunda-feira, em marcha
lenta contra a modernização e a liberalização do setor dos transportes. É
isto que está em causa: um protesto contra um serviço que já existe, é
aceite e querido pelo mercado, porque vai trazer concorrência. Os donos
do negócio não gostam que venham mexer no seu queijo.
Claro que para o
consumidor a concorrência só traz vantagens - na qualidade do serviço,
no preço, etc. - mas os taxistas têm dificuldade em entender porque é
que hão de ter de evoluir quando era muito mais fácil trabalhar em
exclusivo e não mudar um vírgula na maneira como fazem as coisas.
Justiça seja feita aos que não entram neste lote. Há muitos e bons
profissionais que genuinamente se preocupam em modernizar-se e oferecer o
melhor serviço possível, mas estes será improvável ver na rua na
segunda-feira. Dificilmente se identificam com as ameaças do patrão dos
taxistas - "vai haver porrada" -, depois emendadas para um igualmente
grave "eu sou contra a violência mas não consigo controlar o que pode
acontecer". É este tipo de afirmações que deixa muita gente que - como
eu - tanto anda de táxi como de uber ou cabify cada dia um bocadinho
mais longe da praça e um passo mais perto das apps.
O caso não é
exclusivo nosso, o sucesso e os protestos existem em cada nova cidade do
mundo onde aparece um negócio que desafia o dos táxis. Mas por cá
deu-se um passo importante no caminho certo, que outros ainda não
tiveram coragem de dar: em vez de uma proibição sem sentido, decidiu-se
avançar para a regulação.
Reação imediata? Contra a Uber e a Cabify e
outros mais que apareçam, os taxistas saem à rua exigindo que se acabe
com um negócio que é tão negócio quanto o deles. Em vez de melhorarem
para ganharem vantagem numa luta para a qual partem com larguíssimos
anos de experiência a mais, agridem e atacam quem está a trabalhar ali
ao lado. Continuarem por esta via é o caminho mais rápido para afastar
clientes. E sem estes não há negócio que sobreviva.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
07/10/16
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