10/10/2016

JOANA PETIZ

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Concorrência sã

Seis mil táxis prometem paralisar Lisboa na segunda-feira, em marcha lenta contra a modernização e a liberalização do setor dos transportes. É isto que está em causa: um protesto contra um serviço que já existe, é aceite e querido pelo mercado, porque vai trazer concorrência. Os donos do negócio não gostam que venham mexer no seu queijo.

Claro que para o consumidor a concorrência só traz vantagens - na qualidade do serviço, no preço, etc. - mas os taxistas têm dificuldade em entender porque é que hão de ter de evoluir quando era muito mais fácil trabalhar em exclusivo e não mudar um vírgula na maneira como fazem as coisas.

Justiça seja feita aos que não entram neste lote. Há muitos e bons profissionais que genuinamente se preocupam em modernizar-se e oferecer o melhor serviço possível, mas estes será improvável ver na rua na segunda-feira. Dificilmente se identificam com as ameaças do patrão dos taxistas - "vai haver porrada" -, depois emendadas para um igualmente grave "eu sou contra a violência mas não consigo controlar o que pode acontecer". É este tipo de afirmações que deixa muita gente que - como eu - tanto anda de táxi como de uber ou cabify cada dia um bocadinho mais longe da praça e um passo mais perto das apps.

O caso não é exclusivo nosso, o sucesso e os protestos existem em cada nova cidade do mundo onde aparece um negócio que desafia o dos táxis. Mas por cá deu-se um passo importante no caminho certo, que outros ainda não tiveram coragem de dar: em vez de uma proibição sem sentido, decidiu-se avançar para a regulação.

Reação imediata? Contra a Uber e a Cabify e outros mais que apareçam, os taxistas saem à rua exigindo que se acabe com um negócio que é tão negócio quanto o deles. Em vez de melhorarem para ganharem vantagem numa luta para a qual partem com larguíssimos anos de experiência a mais, agridem e atacam quem está a trabalhar ali ao lado. Continuarem por esta via é o caminho mais rápido para afastar clientes. E sem estes não há negócio que sobreviva.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
07/10/16

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