HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Exportações de algas
mais do que duplicam
Especialistas realçam o enorme potencial do país na produção de algas. Salto nas vendas ao exterior confirma aposta.
A
exportação de algas em Portugal cresceu 326% em 2015, passando de 234,5
toneladas, em 2014, para mil toneladas, em 2015, de acordo com os dados
provisórios avançados pelo Instituto Nacional de Estatística ao "Jornal
de Notícias". Já as importações decaíram 70%, descendo dos 222,3
toneladas, em 2014, para 68,6 toneladas, no ano passado. A exportação de
algas, em 2015, representou uma faturação de 2,35 milhões de euros,
quando em 2014 havia sido de "apenas" 908 mil euros.
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Esta
é uma das áreas em crescimento dentro da economia do mar - temática que
a Câmara de Matosinhos leva a discussão, no próximo dia 13, na
conferência "Mar de Oportunidades", que decorre no Terminal de
Cruzeiros.
Ainda há, contudo, muito a
fazer para que o setor das algas atinja todo o seu potencial, sem
prejudicar o ecossistema. Isabel Sousa Pinto, investigadora do Centro
Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do
Porto, realça que a esmagadora maioria das empresas se dedica a apanhar
biomassa existente no mar ou nas praias.
A
AlgaPlus, que produz algas através de um sistema de aquacultura
multitrófica integrada em terra, é uma exceção e um exemplo a seguir.
Não apenas porque as cultiva e controla a qualidade, mas também porque
começou a transformar o produto, dando-lhe valor acrescentado . A empresa começou em 2012 e emprega oito pessoas. Produz, numa
piscicultura localizada em Ílhavo, 24 toneladas de algas frescas por
mês. Cerca de 60% vão para França e o resto é distribuído por Portugal,
Suíça, Holanda, Bélgica e Alemanha, entre outros países europeus.
Conhecer e somar valor
Isabel
Sousa Pinto diz que é urgente fazer um levantamento do que existe no
país. "Precisamos de saber o tipo de empresas que existem, para onde
vendem, os tipos de algas, quantidades e locais onde apanham, para não
haver sobre-exploração". De acordo com a investigadora, "não há muitos
registos e estamos, com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a
tentar fazer o levantamento, para as empresas que queiram iniciar
atividade saibam com o que podem contar".
É
necessário que surjam empresas inovadoras que estimulem o setor e
evitem que se percam negócios. Exemplos? "No caso da talassoterapia, nós
importamos de França algas que temos aqui", exemplifica Isabel Sousa
Pinto. Só que, para alterar este cenário, é preciso saber se Portugal
tem quantidade suficiente para colher ou, em alternativa, cultivá-las. E
é preciso que as empresas façam análises e embalem o produto.
As
algas podem ter diversos fins, além da face mais visível da
gastronomia. Podem ser usadas para fertilização agrícola, rações
animais, cosmética, medicamentos, nutrição, bioplásticos e até pigmentos
para têxteis. "As potencialidades são imensas. Há uma janela de
oportunidades que não se pode desperdiçar", destaca o investigador da
Universidade de Aveiro Ricardo Calado.
Se
o setor em Portugal crescer muito, não haverá algas suficientes para
colher e terão de ser cultivadas, seja em aquacultura em terra ou em
estruturas offshore.
* Somos mais mar do que terra, mas como é difícil perceber!
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