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IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
30/09/16
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Barbeiragem
O eleitor só conhece a imunidade à qualidade de vida
Virar o bico ao prego
A XXI Conferência de Presidentes das Regiões Ultraperiféricas
Europeias (RUPs) realizou-se no Funchal, contendo uma sessão temática
sobre “As Regiões Ultraperiféricas e o transporte marítimo e aéreo:
desafios e oportunidades”. O Governo Regional indicou a necessidade de
“rever o enquadramento dos auxílios de Estado ao transporte marítimo, a
fim de permitir o apoio público a ligações entre as regiões e os países
terceiros” que, deveria ser concretizado “de uma forma permanente para
assegurar a sustentabilidade económica destes territórios a longo
prazo”. O Presidente da Conferência dos Presidentes das RUPs realçou uma
“persistente inadaptação dos instrumentos da política comum de
transportes para reduzir o défice de acessibilidades” nestes
territórios.
A Madeira continua a furtar-se à discussão pois, qualquer ideia que
promova no seio da UE irá esbarrar nos contratos blindados, produzidos
durante décadas e que tolhem os nossos portos, a nossa economia e
afugentam soluções de transportes como ARMAS. Deixemos as hipocrisias. O
que a UE decidir implicará indemnizar por valores incomportáveis para
os cofres da região. Por outras palavras, estiveram a se entreter com
mais um inimigo externo sem o trabalho de casa feito. Na sala, não havia
uma pessoa credenciada para esta discussão por parte do GR numa reunião
entre governos mas, o oligopólio fez-se representar por dois elementos
dos exploradores dos nossos portos. Este pormenor diz tudo.
Os nossos portos tornaram-se caros e obsoletos por processos que visam
alimentar uma longa cadeia de serviços que deveriam ser reestruturados.
Falhamos pelo menos dois “up-grades” na gestão portuária nas últimas
décadas. Estamos a falhar novamente com a abertura do novo Canal do
Panamá que tem repercussões nos portos regionais, se estes desejarem.
Era previsível que estes contratos trouxessem problemas. O desejado
ferry Madeira–Continente é prova disso. Ao contrário da orientação na
sessão temática, tomando o ferry por exemplo, o problema é endógeno. O
GR não tem capacidade para associar a exploração da linha
Madeira-Continente a outra actividade lucrativa nos portos para cumprir a
função social e económica de um ferry. A Madeira não consegue
concretizar sinergias para replicar o que o Armas concretizou
beneficiando a Madeira com o “volume” das Canárias. A Madeira não
consegue aplicar dividendos dos portos para viabilizar o ferry, porque
não recebe, limita-se à isenção das taxas portuárias e remete a solução
para Lisboa.
De carteira aberta
Tratei de uma reserva na tarifa económica restrita que chegou ao
somatório de 889,31€ (Fun-Lis-Fun). Entre um alarve e a barbeiragem,
você pode ficar liso e em terra a meio da viagem. Vi tarifas elegíveis
para o Subsídio Social de Mobilidade (SSM) mais caras do que as
Executivas, não elegíveis. Significa que o limite dos 400€ é suficiente e
o das tarifas provoca aberrações. Vi a TAP a se aproveitar da
remarcação de viagens com o horizonte dos 400€ em mente (nova factura,
novo cartão de embarque). A culpa é de Lisboa?
Estive durante 10 horas a tentar ser atendido, por telefone, pelas
Reservas da TAP. Tive sucesso às 3:30 da madrugada, na tentativa de
ajudar portugueses enrascados no estrangeiro porque não há saldo que
aguente as esperas naquele 707 das Reservas a cantar de “braços
abertos”. A TAP quanto pior atende mais factura. Encarei as informações
da primeira de duas chamadas como fidedignas para descobrir na segunda
que a primeira não tinha informado bem, voltei à estaca zero e presumi
que eram mesmo as “reservas”. A TAP provoca despesas aos clientes para
cobrar com cara de pau à luz do SSM. A culpa é repartida.
Chegados ao país, 2 dias depois do previsto, os passageiros furibundos
deparam-se com as senhoras que dão a cara pela TAP que, não responderam a
questões quentes mas, despacharam com um “foram vocês que quiseram
assim”. Traduzido, significa “nós simplesmente fazemos dinheiro com a
estupidez do Vosso governo”. As pessoas vivem os erros do SSM e hoje
encerra mais um mês de atraso na revisão do mesmo. Os problemas são
exógenos ou endógenos?
Assembleia Sazonal
A ALR está absorvida de novo pelos timings da Presidência do Governo
Regional. A casa da democracia resume-se a um orçamento para jeitinhos
políticos, “jobs for the boys” sem adição de competências e produz um
debate paupérrimo. O último plenário da ALR ocorreu a 26 de Julho e o
próximo será a 6 de Outubro, 72 dias de férias. Para Outubro estão
programados 9 plenários, com o serviço a coincidir em 3 dias da semana,
às Terças, Quartas e Quintas-feiras. As Sextas e Segundas-feiras são
reservadas aos fins-de-semana prolongados. Na agenda de Novembro a dose
repete-se. Nas épocas festivas, a ALR também é prendada. Dirão que há
outros afazeres políticos. Quantos representantes do povo viram os
eleitores junto de si na altura dos incêndios?
É sintomático que um autarca, para passar bombeiros a sapadores, tenha
que deixar um alerta para se despacharem. A ALR está focada nos
interesses partidários. O crescimento dos debates na sociedade civil
passam ao lado dos deputados, não as conferências onde desfilam
interesses, muito menos nos partidariamente obrigatórios, falo dos que
determinam as orientações de votos futuros com a cruz mais fiscalizadora
e competente que se conhece. A sociedade civil está saturada e há
fortes indícios de marginalização dos deputados. Fica um último reparo,
se a oposição na ALR sonha com a alternância a sua obrigação é a de ser
mais actuante, persuasiva, liderante e denunciante com o assunto bem
estudado para defender o povo. O marasmo parece conveniente a todas as
partes.
O eleitor só conhece a imunidade à qualidade de vida e o argumento dos
estúpidos invocando a inveja. O fosso vai muito além de pobres e ricos.
Alguns fazem muito pouco para aquilo que recebem ou gastam ao erário
público.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
30/09/16
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