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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Crato é testemunha dos colégios
privados contra o ministério
Ex-ministro confirma ao DN que irá depor. Escolas privadas acreditam que ficará esclarecida intenção dos contratos a três anos
O
ex-ministro da Educação, Nuno Crato, vai ser o principal trunfo dos
colégios privados nas ações que vão colocar em tribunal contra os cortes
nos contratos de associação. A indicação do antigo governante para os
processos que, por estes dias, estão a dar entrada na justiça, foi
adiantada ao DN por Manuel Bento, representante das escolas privadas no
Movimento em Defesa da Escola Ponto. E confirmada pelo próprio Crato.
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"A
AEEP [Associação de Estabelecimentos do Ensino particular e
Cooperativo) avisou-me de que me ia arrolar como testemunha. É um
direito deles e eu colaborarei com a justiça e responderei a todas as
perguntas do juiz", disse Nuno Crato ao DN.
O
ex-ministro não quis adiantar pormenores sobre o que irá responder aos
tribunais. Mas Manuel Bento - que revelou ainda que será também chamado a
depor o antigo secretário de Estado do Ensino e da Administração
Escolar, João Casanova de Almeida-, não tem dúvidas de estes irão
"confirmar" a tese que os colégios têm defendido. Ou seja: que os
contratos assinados em 2015 previam a abertura de um mesmo número de
turmas de 5.º, 7.º e 10.º ano de escolaridade durante três anos e não
apenas, como defende o ministério, a continuidade destes alunos até ao
final dos respetivos ciclos.
"[Ambos]
já afirmaram, ao longo destes meses, quando lhes foi questionado -
nomeadamente por jornalistas - , que os contratos eram para três anos em
inícios de ciclo.", lembra. "Irão confirmar aquilo que todos sabemos",
acrescentou.
Em causa estão dezenas de
ações - a AEEP confirmou na segunda- feira ao DN que, "nas próximas duas
semanas", darão entrada nos tribunais duas dezenas de ações por
"incumprimento contratual". Mas Manuel Bento explicou que Nuno Crato não
terá de se desdobrar em deslocações. Casanova de Almeida - que disse ao
DN ainda não ter sido contactado - também deverá ser dispensado da
presença física nos tribunais.
"Um
ex-governante não precisa de ir a tribunal. Basta que as questões lhes
sejam postas e irão responder por escrito", lembra o responsável do
Movimento em Defesa da Escola Ponto. De resto, Nuno Crato nem sequer
está em Portugal. "Está em Milão, em licença sabática. Foi necessário
arranjar em Portugal uma morada onde ele recebe as notificações."
O
ex-primeiro ministro, Pedro Passos Coelho, também já assumiu claramente
a visão dos colégios nesta questão. Nomeadamente quando, em maio,
acusou o atual governo de estar a colocar o Estado na situação de "pôr
em causa as próprias decisões que tomou em concurso público",
considerando "muito possível" que a questão acabasse nos tribunais.
Mas
Manuel Bento adianta que o líder social-democrata não será chamado a
depor nas ações em que será contestado o corte de cerca de 300 turmas de
início de ciclo. "Não foi contactado porque não estamos a partidarizar
este assunto. É evidente que há partidos que nos apoiam e outros que não
mas, para nós, esta é uma questão de justiça. O ex-ministro [ da
Educação] já não é político .
Primeira sentença favorável
Entretanto,
os colégios registaram ontem uma primeira vitória na guerra judicial
com o ministério, com o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga a
decretar a "suspensão preventiva" da eficácia do despacho 1H, da
secretária de Estado Alexandra Leitão, relativo às matrículas.
A
ação em causa - uma entre cerca de duas dezenas - não incidia sobre o
corte de turmas, como recordou o Ministério da Educação numa resposta
enviada aos jornalistas. O alvo era a decisão de impedir que os colégios
com contrato inscrevessem alunos residentes em freguesias diferentes
daquelas onde estão registados.
"Em
mais de 20 providências, apenas uma foi decretada provisoriamente, sendo
todos os outros pedidos de decretamento provisório - quando foram
efetuados - recusados pelos Tribunais", afirmou o ministério, recordando
ainda que a suspensão só tem impacto no colégio que interpôs a ação.
Mas os representantes dos colégios, tanto o movimento como a AEEP,
garantem desconhecer qualquer decisão desfavorável. "[A afirmação do
ministério] não corresponde à verdade", afirma Manuel Bento, segundo o
qual esta é "a primeira ação" em que o tribunal se pronuncia a favor ou
contra a suspensão do despacho. "O que nós acreditamos é que basta haver
três decisões destas para fazer lei. Todas as que foram interpostas
foram aceites e esta é a primeira em que sai uma primeira decisão".
* Nuno Crato contra Portugal, não é surpresa, não se cansa de prejudicar o país.
* Nuno Crato contra Portugal, não é surpresa, não se cansa de prejudicar o país.
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