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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Justiça tem de pagar rendas de 12 anos
se quiser sair do Campus
Estado
comprometeu-se a pagar todas as rendas até 2028, o que implica uma
despesa de 170 milhões. Ex-secretário de Estado deixou projeto para
construção de novo tribunal
Se o
Estado quiser retirar os tribunais e outros organismos do Campus da
Justiça vai ter de pagar uma pesada fatura. Segundo fontes contactadas
pelo DN, o vínculo assinado em 2008 pelo então governo de José Sócrates e
o fundo imobiliário proprietário dos edifícios que estão no Parque das
Nações (Lisboa), prevê o pagamento de todas as rendas até ao final do
contrato em caso de saída antecipada do inquilino. Como o acordo tem um
prazo de 20 anos e a renda mensal situa-se nos 1,2 milhões de euros, a
fatura a pagar rondaria os 170 milhões de euros.
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Na
terça-feira, à saída da comissão parlamentar de Assuntos
Constitucionais, a ministra da Justiça, Francisca van Dunem, deixou em
aberto a hipótese de o governo retirar os tribunais e os outros serviços
do Campus de Justiça - nos 11 edifícios que o constituem estão, por
exemplo, o Departamento de Investigação e Ação Penal, os tribunais de
instrução criminal, de família e menores, de execução depenas, do
comércio, marítimo, tributário e o tribunal administrativo. Neste espaço
estão ainda os juízos criminais de Lisboa, tal como vários serviços
ligados aos registos prediais e de automóvel.
"O
ministério da Justiça está a avaliar a situação do Campus de Justiça,
tal como outros, porque são situações em que há contratos de
arrendamento que vão ter um termo, e, portanto, considerando o encargo
financeiro que implica, nós precisamos aí, tal como noutros sítios, de
fazer análises financeiras e ver se há alternativas mais amigáveis do
ponto de vista financeiro." Imediatamente, as palavras da ministra foram
lidas como se o governo estivesse a ponderar uma decisão para o
curto-médio prazo. Porém, ontem, fonte do seu gabinete disse ao DN que
Francisca van Dunem se referiu a uma eventual não renovação do contrato
de arrendamento no final do atual. Isto porque, segundo a própria
ministra, "o encargo financeiro é, de facto, superior a um milhão de
euros, é uma brutalidade".
A
"brutalidade" do contrato está ainda a ser investigado no Departamento
de Investigação e Ação Penal de Lisboa, num inquérito aberto em 2011. Ao
que o DN apurou, podem estar em causa suspeitas de participação
económica em negócio, mas a investigação ainda não está fechada. A
assinatura do contrato de arrendamento dos imóveis do Campus de Justiça,
em 2008, acabou por salvar o fundo imobiliário que os detinha, já que
até então não tinha conseguido arrendar os prédios, correspondendo a uma
área de 182 mil m2.
Na altura, o fundo era participado pela Caixa Geral
de Depósitos, o fundo de estabilização financeira da Segurança Social, a
Fundação Calouste Gulbenkian e o Fundo de Pensões do Banco de Portugal
(que posteriormente vendeu a sua posição). Já este ano, o fundo Office
Park Expo alienou este espaço por cerca de 223 milhões de euros a outro
fundo internacional.
Uma das soluções
neste caso poderia passar pela construção de um edifício junto ao atual
Palácio da Justiça, no centro de Lisboa. O Ministério da Justiça é
proprietário de um lote de terrenos situado nas traseiras do antigo
tribunal de polícia. Segundo apurou o DN, o antigo secretário de Estado
da Administração Patrimonial da Justiça Fernando Santo já equacionava na
última legislatura a construção de um edifício, o qual serviria para
instalar a área penal dos tribunais do Campus de Justiça, sobretudo os
tribunais de julgamento dos processos-crime, libertando no Campus de
Justiça mais espaço para os tribunais administrativos e tributários, já
que o cíveis se encontram instalados no Palácio da Justiça.
Construção de um edifício
Na
comissão parlamentar, a ministra da Justiça anunciou também a
reabertura de 19 dos tribunais encerrados na última reforma do mapa
judiciário, na sua maioria instalados "no interior rural e envelhecido"
(ver caixa).
A reativação destes 19
tribunais, quatro na comarca de Vila Real, constou de um documento
entregue por Francisca van Dunem aos deputados da comissão parlamentar
dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. A
intenção do Ministério da Justiça é aproximar a justiça dos cidadãos,
passando a ser praticados obrigatoriamente atos judiciais nas atuais 27
secções de proximidade. Outra forma de aproximar a justiça dos cidadãos é
"através do desdobramento de secções de Família e Menores e da
diminuição das respetivas áreas de competência territorial, com a
atribuição dessa competência a algumas das instâncias locais", lê-se no
documento.
* Esta brutalidade de dinheiro dá cá um cheiro a alvíssaras.
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