HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
MP informa vice de Angola
que o quer ouvir como arguido
Procuradora
notificou advogado para tentar agendar interrogatório. Manuel Vicente é
suspeito de corrupção ativa no caso do antigo procurador Orlando
Figueira
O Ministério Público
pretende constituir Manuel Vicente, vice-presidente de Angola, como
arguido no processo que envolve suspeitas de corrupção relacionadas com o
procurador Orlando Figueira. De acordo com informações recolhidas pelo
DN, a procuradora do caso notificou o advogado do número dois angolano
para este dizer se Manuel Vicente tinha agendada alguma viagem a
Portugal nos próximos meses de forma a marcar um interrogatório como
arguido. Desde o início do caso, o MP considera Manuel Vicente como o
suspeito de corrupção ativa.
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Contactado
pelo DN, o novo advogado do vice-presidente angolano não negou a
informação. Rui Patrício afirmou apenas não pretender "prestar
esclarecimentos sobre o assunto fora do processo, que é o lugar adequado
para o efeito, sobretudo na fase preliminar em que o processo se
encontra". O defensor de Manuel Vicente fez ainda questão de remeter
mais explicações para o "comunicado público" da Procuradoria-geral da
República de 25 de fevereiro, no qual se referiu que Manuel Vicente não
estava entre os arguidos do processo. Além de Orlando Figueira,
atualmente preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora,
são arguidos o seu antigo advogado Paulo Amaral Blanco e o Banco
Atlântico.
Neste processo estão em
causa suspeitas de corrupção que remontam a finais de 2011 e inícios de
2012 quando Orlando Figueira, como procurador do Departamento Central de
Investigação e Acção Penal, arquivou um processo relacionado com a
compra de um apartamento no Estoril pelo vice-presidente de Angola, que à
altura dos factos era presidente da Sonangol, empresa petrolífera
angolana. Segundo a investigação da "Operação Fizz", Orlando Figueira
terá recebido dinheiro de Manuel Vicente para arquivar o caso. Não
diretamente, mas sim através de uma empresa, a Primagest. Uma das
transferências terá sido efetuada dias antes do despacho de
arquivamento.
Na análise efetuada ao
processo arquivado, a investigação concluiu pela falta de documentos no
mesmo relativos a rendimentos de Manuel Vicente. Porém, apurou o DN,
tais papéis foram devolvidos a Manuel Vicente, após o seu advogado Paulo
Blanco os ter pedido para proteção da vida privada. Esta não foi a
primeira vez que o advogado, sempre que um processo ligado a uma figura
angolana por si representada era arquivado, pedia a devolução de
documentos bancários e declarações de rendimentos.
Durante
esta semana, o DN procurou junto de fontes judiciais perceber se, sendo
Manuel Vicente governante num País estrangeiro, poderá ser constituído
como arguido já que, ao que tudo indica, beneficiará de imunidade
diplomática. De acordo com os testemunhos recolhidos, a constituição de
Manuel Vicente como arguido em Portugal poderá ocorrer se "o próprio se
apresentar no DCIAP, prescindindo da imunidade". Mas o mais certo,
segundo as mesmas fontes, é "se for deduzida uma acusação, os factos
respeitantes ao governante angolano poderão ser remetidos para Angola e
aí apreciados pela justiça".
* Só uma PGR como JOANA MARQUES VIDAL teria coragem para autorizar esta notificação!
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