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Herbicidas ainda usados em Lisboa
O uso de herbicidas para limpar ervas daninhas das ruas de Lisboa, apesar de uma recomendação da autarquia o desaconselhar, continua a dar que falar. Em novembro de 2014, uma proposta do PAN sobre o abandono do uso de glifosato (o herbicida mais utilizado) foi aprovada na Assembleia Municipal. Nela, lê-se que o glifosato apresenta, de acordo com estudos, «riscos para a saúde, como cancro e doença de Parkinson».
«Afeta os animais, contamina o solo, as águas (incluindo de abastecimento público) e alimentos», posição partilhada pela Quercus e Organização Mundial de Saúde, que o classifica como «provável carcinogénico». A proposta recomenda por isso a adoção gradual de meios mecânicos ou outros de «menor risco».
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No entanto, são várias as juntas de Lisboa que ainda utilizam o produto e, desta feita, alguns moradores de S. Domingos de Benfica mostram-se preocupados com a aplicação, anunciada em edital, do produto em 50 ruas da freguesia no mês de março.
A junta garante empenho pela defesa do ambiente, frisa que procura limitar o uso de químicos e adianta que o presidente até votou a favor da proposta do PAN; no entanto, admite que o produto na operação em curso, que diz ser «inócuo», é precisamente o alvo da proposta e centro da polémica, o glifosato.
Recorde-se que, em março de 2015, o mesmo mês em que a Agência Internacional para a Investigação Contra o Cancro (AIIC) da Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o pesticida glifosato como "cancerígeno provável para o ser humano", a Câmara do Porto interrompeu definitivamente a utilização desse produto no controlo de plantas invasoras, passando a utilizar a monda mecânica nos arruamentos, parques, jardins e terrenos da cidade. Aqui, a monda química (através da utilização do produto glifosato) deu lugar à monda mecânica, que substituiu a aplicação de fitofármacos.
Segundo a CM Porto, para tornar este trabalho mais célere e menos árduo para os trabalhadores, recorre-se a equipamentos mecânicos para eliminar as ervas daninhas.
Em julho do mesmo ano, o editorial do Boletim de Julho/Agosto (nº 161) da Ordem dos Médicos (OM) foi dedicado ao herbicida glifosato e seus efeitos na saúde. Para José Manuel Silva, a conclusão é clara: este herbicida deveria ser suspenso em todo o mundo. "Quem deve agir em Portugal? Sem dúvida, a iniciativa cabe ao Governo e à Direcção Geral da Saúde. Os interesses económicos não podem nem devem impor-se ao imperativo moral da proteção da saúde da população" frisa, lembrando que artigos recentes demonstram a associação epidemiológica e a plausibilidade biológica do glifosato, vulgo Roundup, como factor potencialmente na génese do aumento da incidência de doença celíaca, infertilidade, malformações congénitas, doença renal, autismo e outras patologias.
* Para quem não sabe a indústria agro-química é das mais poderosas do mundo, manda muito mais que governos ou autarquias.
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