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IN "AÇORIANO ORIENTAL"
10/11/16
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Dia das Doenças Raras
assinala-se a 29 de fevereiro
A grande maioria das doenças raras é grave, crónica e
debilitante. Estima-se que as doenças raras afetem, ao todo, entre 6 a 8
por cento da população, o que representa entre 24 e 36 milhões de
pessoas na Comunidade Europeia (equivalente à população conjunta da
Holanda, Bélgica e Luxemburgo).A escolha do dia 29 de fevereiro para Dia
Mundial das Doenças Raras foi, assim, natural, por se tratar de um dia
raro.
Apesar de a prevalência da maioria das doenças não depender da zona
geográfica, há doenças raras que ocorrem mais numa zona do país como,
por exemplo, a de Machado-Joseph, ou em pessoas de determinada etnia,
como a Drepanocitose e outras que só ocorrem num dos sexos (como a
hemofilia, exclusivamente masculina).Ainda assim, isto não significa que
não se encontrem doentes noutras zonas do país ou etnia com essas
mesmas doenças. No que respeita à faixa etária, e dado que na sua
maioria estas doenças são genéticas, pode dizer-se que acompanham a
pessoa ao longo de toda a sua vida, diferindo, isso sim, na idade em que
os primeiros sintomas se manifestam.
Devido à sua raridade, o diagnóstico é habitualmente difícil, podendo
levar longos anos, o que, para além do grande impacto para o doente e
sua família, pode piorar o prognóstico e atrasar um tratamento adequado.
Após o diagnóstico, tratando-se de doença genética, a pessoa deve
receber aconselhamento genético e pode recorrer às associações, que têm
um papel fundamental ao apoiar os doentes e ao pô-los em contacto com
outros, bem como representá-los junto das entidades oficiais.
Os chamados medicamentos órfãos (MO), não representam uma cura, mas
permitem que a doença não progrida do mesmo modo. Os MO servem poucos
doentes e, apesar de incentivos específicos à indústria farmacêutica,
têm um maior custo de investigação e acabam geralmente por ter um custo
muito elevado e longos atrasos até serem disponibilizados no Serviço
Nacional de Saúde (SNS) devido a diversos fatores. Apesar de o número de
MO disponíveis ter vindo a aumentar nos últimos anos, ainda só estão
disponíveis para um número muito reduzido doenças raras.
As dificuldades das pessoas portadoras de doença rara variam de
doença para doença e, dentro de cada doença, da evolução da mesma na
pessoa em particular. Os doentes queixam-se frequentemente, no seu todo,
de dificuldades no acesso ao cartão de doente raro e a sua utilização,
no acompanhamento médico na transição da infância para a vida adulta, no
acesso às ajudas técnicas, no acesso aos cuidados integrados.
Outras
questões que preocupam os doentes são a inexistência de tabelas de
incapacidades que contemplem as questões das doenças raras e garantam
que é atribuído um mesmo grau de incapacidade a duas pessoas com a mesma
doença no mesmo estadio e a necessidade de aceder ao número de
consultas de que necessitam (por exemplo de terapia da fala) no Sistema
Nacional de Saúde (ao invés de ser a família a suportá-las por inteiro).
A existência de centros de referência/excelência formais e que
cumpram na totalidade os requisitos e funções próprios deste tipo de
estruturas, virão porventura, resolver parte significativa das
dificuldades dos doentes, pelo que urge a sua implementação.
Por outro lado, a criação de um registo de pessoas com doenças raras
em Portugal facilitaria, por exemplo, o apoio aos doentes, a tomada de
medidas mais adequadas para diagnósticos mais céleres e melhoria de vida
dos doentes, possibilitaria a classificação das doenças e uma maior
consciência sobre a adequabilidade dos meios.
A Aliança surge naturalmente como agregadora de Associações de
Doenças Raras, para defender as necessidades de quem vive com doença
rara, sensibilizar a opinião pública e representar as associações e as
doenças raras de forma transversal junto das entidades decisoras.
IN "AÇORIANO ORIENTAL"
10/11/16
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