HOJE NO
"PÚBLICO"
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Já há atrasos de três semanas
nas aulas de Matemática do 10.º ano
As respostas a um inquérito lançado pela Associação de Professores de
Matemática (APM), na passada semana, estão a confirmar os alertas
feitos por esta organização sobre a “impossibilidade” de se cumprir o
novo programa de Matemática A do ensino secundário, aprovado por Nuno
Crato, e que começou este ano lectivo a ser aplicado ao 10.º ano,
revelou ao PÚBLICO a presidente da APM, Lurdes Figueiral.
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Segundo
esta professora, as 80 respostas já recebidas – o inquérito vai
continuar activo - dão conta de “atrasos significativos” no cumprimento
do programa que, em média, “correspondem a 12 tempos lectivos ou seja,
três semanas”. Das escolas estão também a chegar informações que
apontam para um maior insucesso nesta disciplina entre os alunos do 10.º
ano nas notas do final do 1.º período, acrescentou.
Esta foi uma
das questões abordadas nesta quinta-feira pela APM num encontro com o
secretário de Estado da Educação, João Costa, que se prolongou por mais
de duas horas. A APM levou para esta reunião um documento aprovado, em
Janeiro, pelo seu Conselho Nacional, onde propõe a suspensão, a partir
do próximo ano lectivo, do novo programa de Matemática A e a sua
substituição pelo que estava em vigor anteriormente, que foi aprovado em
2002
Segundo a APM este programa deverá ser avaliado ainda este
ano de forma a serem introduzidas as reformulações que se achem
necessárias com base no “princípio de uma formação matemático para todos
no âmbito da escolaridade obrigatória”. Dados “os sinais de alarme
sobre a desadequação do novo programa de Matemática que os professores
têm vindo a mencionar”, a associação também propôs à tutela que sejam
dadas indicações às escolas para elaborarem “o ajustamento curricular
que consideram necessário para concluir a leccionação do 10.º ano em
curso”.
Entre as críticas que a APM tem feito ao programa aprovado
pelo anterior ministro Nuno Crato figuram também, para além da sua
extensão, o elevado grau de abstracção e a introdução de conteúdos que
até agora só eram leccionados no ensino superior. “É um programa para
matemáticos, criado de um ponto de vista do ensino superior e que
representa um retrocesso até aos anos 50, a uma abordagem extremamente
formalista e teórica, que se distancia da aplicação da Matemática ao
dia-a-dia”, criticou Lurdes Figueiral.
Por outro lado, a APM
voltou a chamar a atenção para o facto do novo programa de Matemática A
se assumir “em continuidade” com o documento orientador para o ensino
básico, que começou a ser aplicado em 2103/2014 no 1.º, 3.º, 5.º e 7.º
ano de escolaridade, quando os alunos que agora estão no 10.º ano “nunca
tiveram qualquer contacto” com os seus conteúdos.
O novo programa
de Matemática do ensino básico substituiu o que se encontrava em vigor
apenas desde 2007, no ano “em que terminou a sua generalização a todos
os ciclos de escolaridades”, o que foi feito “sem qualquer fundamento ou
avaliação que o sugerisse”, reafirmou a APM.
A associação também
nunca poupou críticas ao programa do básico aprovado em 2013 por Nuno
Crato. Considerou que este constitui “um retrocesso” e que integra
conteúdos “inadequados” às idades dos alunos. “Na prática, o que está a
acontecer é que os alunos começaram de novo a afastar-se da Matemática”,
alertou Lurdes Figueiral, acrescentando que essa percepção foi também
transmitida nesta quinta-feira ao secretário de Estado da Educação.
Na proposta de Orçamento de Estado para 2016, o Governo já se comprometeu a rever os currículos do ensino básico.
* O país precisa de coerência na Educação, deixem-se de guerrilhas e construam um projecto.
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