HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Hospitais penalizados se
não reduzirem tempos de espera
Saúde quer reduzir em 25% espera nas consultas e cirurgias. Falhas nas urgências também afetarão pagamentos
Os
hospitais que não cumprirem os tempos de espera para consultas,
cirurgias e urgências vão ser penalizados no financiamento, havendo
também prémios para aqueles que tiverem melhores resultados. Os
contratos-programa de 2016 para os hospitais - que definem regras e
metas para o pagamento das unidades - vão incluir pela primeira vez
estes indicadores sobre o acesso dos utentes à saúde.
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Segundo
o plano estratégico da Administração Central do Sistema de Saúde
(ACSS), os tempos de espera vão ter de diminuir 25% até 2017, o que
significa que, só na cirurgia, poderão aproximar-se da mediana de dois
meses. Questionada pelo DN, a ACSS refere que serão introduzidas várias
iniciativas. Vai haver ajustamento "da forma como se efetua o pagamento
da atividade hospitalar - incentivando o cumprimento e penalizando o
incumprimento". Neste caso, esclarece, pode haver penalizações até 1% do
orçamento atribuído em cada ano mas também prémios até 5% quando as
metas são cumpridas.
Por exemplo, o
Centro Hospitalar de Lisboa Norte, que inclui Santa Maria e Pulido
Valente, tem um orçamento anual próximo dos 400 milhões de euros. Se
falhar o compromisso, pode ser penalizado em quatro milhões, mas se
cumprir ou ultrapassar as metas, pode receber até 20 milhões de euros de
prémio.
Estas balizas já existiam em
anos anteriores, "mas é a primeira vez que são incluídos os tempos de
espera para efeitos de penalizações. Até aqui, havia penalizações para a
baixa produção", exemplifica a ACSS. Os prémios têm sido atribuídos
para um bolo de indicadores negociados com os hospitais, que têm
incluído as cirurgias sem internamento, as dívidas a fornecedores ou o
reforço do uso de genéricos.
Agora,
passam a estar incluídos novos indicadores sobre os tempos de espera nas
consultas, cirurgias mas também nas urgências dos hospitais.
Indicadores que entram nos prémios e penalizações. "Se se concluir que
há uma falha no cumprimento de várias metas haverá lugar a penalização",
explica o organismo do Ministério da Saúde.
Carlos
Martins, presidente do conselho de administração do CHLN, diz que, "em
abstrato, estas medidas que estimulam quem cumpre e penalizam quem falha
fazem sentido. Mas é preciso que estes comportamentos se verifiquem de
forma sistemática. Há casos pontuais, em que é preciso tempo, como
aconteceu com a saída de médicos na cirurgia plástica, que fez disparar
os tempos de resposta", exemplifica. E deve ser premiado quem faz
investimentos, melhora resultados e consegue travar problemas de acesso.
"Na psiquiatria, por exemplo, passámos de 125 para 15 dias de espera.
Devia haver incentivos para isso. Eu fi-lo, mas com recurso ao nosso
orçamento."
O tempo médio de espera por
primeira consulta era de 115 dias em 2014, mas de 161 dias no Algarve,
acima dos 150 dias de tempo máximo por lei. Caso a redução prevista pela
ACSS se cumpra, esta média poderia baixara 86 dias, além dos dois meses
nas cirurgias.
Além dos pagamentos e
penalizações referidos, há outras formas de conduzir à redução de 25% no
tempo de atendimento. Desde logo, pretende-se "incentivar o livre
acesso dos utentes às entidades que têm melhor e mais atempada resposta e
fomentar a competição interna nas instituições do SNS".
A
intenção é as pessoas escolherem as unidades com menor espera, para
incentivar a competição. E ao que o DN apurou quem produzir mais
receberá um pagamento adicional, cativado do orçamento anual, para
garantir que os hospitais que produzem recebem a verba. Até aqui, os
hospitais públicos acabavam frequentemente por não pagar a outros
hospitais - exceto aos privados - apesar de enviarem para lá doentes por
não terem capacidade.
Essa bolsa de
cirurgias servirá ainda para evitar a saída de doentes para o setor
convencionado, alargando a resposta do SNS. E quem tiver condições para
isso poderá candidatar-se a dar resposta numa determinada especialidade,
até mesmo tirando partido das horas de bloco operatório, por vezes
subutilizado. É isso que, aliás, hospitais como Santa Maria têm
conseguido fazer, dando apoio nas listas de espera de outros hospitais.
Em
janeiro, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse no
Parlamento que encontrou um saldo negativo de 260 milhões de euros. Nas
metas da ACSS, a previsão é que em 2017 o resultado seja positivo. "A
melhoria é um objetivo realista", "com o reforço da monitorização
(designadamente um modelo de acompanhamento dos hospitais), de melhoria
da eficiência (através do reforço da centralização de compras, do
reprocessamento e reutilização de dispositivos médicos) ou da
rentabilização da capacidade instalada."
* Que os serviços dos hospitais devem ser escrutinados e alvo de prémios ou penalizações conforme o desempenho ninguém terá dúvidas em concordar. Os orçamentos dos hospitais são "rapados" às necessidades, se um hospital tem orçamentado a título de exemplo de 400 milhões e por "castigo" lhe tiram 4 milhões, estão a castigar os utentes, sejam pragmáticos e deixem-se de infantilidades.
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