18/01/2016

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HOJE NO 
"DIÁRIO ECONÓMICO"

Que se passou hoje na bolsa portuguesa?
. Analistas ajudam a perceber

Além da Mota-Engil, vítima da conjuntura económica em países onde a sua actividade é mais forte, como Angola, o PSI 20 fechou com cinco títulos em queda livre. Analistas explicam ao Económico as razões por detrás desta 'débâcle'.

BCP: -7,76%
O Millennium enfrentou forte volatilidade ao longo da sessão, entre ganhos de 1,65% e perdas de 13,65%. Terminaria com a segunda pior prestação do dia no PSI 20, num dia em que a Bloomberg noticiou que o director de investimento da BlackRock defendeu que a instabilidade política e os desafios enfrentados pelo sector bancário português já influenciam negativamente a dívida soberana portuguesa. O 'spread' face às 'yields' alemãs está no valor mais alto desde Julho, em 2,2%, notou Scott Thiel.
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A opinião da BlackRock, de que “os investidores de obrigações devem ser bastante cautelosos quanto investem em instrumentos de dívida dos bancos portugueses”, é salientada por Paulo Rosa. O economista e operador da sala de mercados da GoBulling aventa a possibilidade de que a queda de hoje na banca pode ser justificado pela forma como a gestora de fundos lançou estas dúvidas no mercado. E questiona: “Se a BlackRock fala assim sobre obrigações, qual não será o seu pensamento no que  diz respeito a activos financeiros menos seguros como as acções?”

O BCP, tal como o BPI e a generalidade dos bancos da periferia, sofre também com os receios dos investidores de que o novo plano do BCE para escrutinar crédito em incumprimento - o que implicou a criação de uma 'task force' da instituição de Frankfurt, a qual proporá "pontos de acção", segundo explica a Reuters - origine o aumento das imparidades. No domingo, o porta-voz do Banco Central Europeu afirmou que vários bancos da zona euro estão a ser questionados sobre os seus elevados níveis de crédito mal-parado. E este é especialmente elevado em Portugal, Espanha, Itália e Grécia

Pharol: -7,56%
Novo mínimo histórico da ex-PT SGPS. No balanço dos últimos 12 meses a 'holding' já tombou 66%. O seu maior activo, a brasileira Oi, na qual a Pharol tem 27,5% do capital, raia o seu mínimo histórico de 22 anos de presença na bolsa de São Paulo: 2,07 reais (menos de 50 cêntimos), perto dos 2,06 reais que tocou a 14 de Dezembro. Desde o negócio com a Altice, a operadora perdeu 60%, e no que vai de 2016 recua 13,7%.

A Oi, operadora mais endividada do Brasil, enfrenta uma necessidade de refinanciamento de curto prazo da sua dívida num montante superior a 500 milhões de euros, segundo dados da Bloomberg. O vencimento será a 2 de Fevereiro. Num comunicado, a Oi garante ter "boa posição de liquidez e linhas de crédito disponíveis para cobrir todas as amortizações de dívida até meados de 2017%. A 'yield' dos cerca de 900 milhões de euros de obrigações vincendas em 2020 tocam nos 20%, segundo dados da Bloomberg.

Isto acontece no meio de uma situação económica difícil no Brasil, país que, segundo dados do banco central, contraiu 3,73% no ano passado e deverá registar uma redução do PIB de mais 2,99% em 2016.

Sonae: -7,48%
Pior sessão para a companhia em quase seis anos, desde Abril de 2010, num tombo que a atirou para mínimos de Setembro de 2013.
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O FUTURO DA BOLSA?
Na próxima quarta-feira, a companhia comunicará os resultados do quatro trimestre. Até final de Setembro, segundo a comunicação então enviada à CMVM, registou uma subida de 0,8% nas receitas, para 3,64 mil milhões de euros.

O caso da Sonae, tal como o da Portucel, “não apresentam qualquer razão subjacente ao movimento descendente”, nota a equipa de ‘Research’ do BIG, salientando, contudo “a maior exposição da primeira à economia doméstica (portanto o título mais sujeito a correcções num agravamento de risco de Portugal)”.

A queda da Sonae dá-se "por arrastamento” da bolsa, considera, por seu lado, Paulo Rosa, da GoBulling, explicando que “o comportamento da Sonae costuma ser tirado a papel químico do PSI 20”.

Portucel: -5,85%
Maior tombo diário em quase cinco meses para a papeleira, cujas acções estabeleceram um novo valor mínimo nos últimos 12 meses.

A Portucel é, tal como a Mota-Engil e a Sonae, uma empresa que exposta ao crescimento em Angola, país que “com a queda do preço do crude vê-se também bastante pressionada e numa actual situação financeira extremamente débil”, explica Tiago da Costa Cardoso, gestor da XTB Portugal.

A Portucel, destaca a equipa de ‘Research’ do BIG, “acaba por ser mais ‘vítima de si própria e do seu próprio sucesso’, em função da magnitude da outperformance do título verificada no ano transacto, pelo que acaba por ser lógico a consumação de movimentos técnicos correctivos no curto prazo num ambiente de mercado bastante cinzento.”


BPI: -5,54%
A queda do BPI comunga do enquadramento económico do país e da banca dos periféricos que levou ao tombo do BCP. Desde final de Setembro que o banco presidido por Fernando Ulrich não fechava uma sessão abaixo de um euro. Para lá do enquadramento político e económico do país, o BPI enfrenta uma indefinição da orientação societária, com destaque para a forma de corresponder à exigência europeia de fazer reflectir na totalidade a exposição à dívida angolana.

Tiago da Costa Cardoso, gestor da XTB, explica ao Económico que os bancos não ficam imunes ao que sucede no índice principal, e “em momentos de aversão pelo risco, os investidores sentem-se bastante menos atraídos em ter em carteira acções do sector financeiro, até pelo que este sector tem vivido desde 2008”.

Nas declarações que fez nesta segunda-feira, o responsável financeiro da BlackRock deu relevo às preocupações de António Costa face à decisão do Banco de Portugal relativa às cinco emissões de obrigações do Novo Banco transferidas para o banco mau, BES - o que resultou em perdas de quase 2.000 milhões de euros, sobretudo em investidores internacionais. A somar a isto, diz Scott Thiel, o primeiro-ministro teme que o caso penalize a confiança no sistema financeiro nacional.

Referindo-se à forma como as ‘yelds’ da dívida portuguesa evoluíram, em contraciclo com as ‘bunds’ alemãs, a equipa de ‘Research’ do BIG explica ao Económico que “logicamente, esta situação motivou um 'sell-off' massivo por parte dos investidores internacionais da generalidade dos activos de risco portugueses, sendo de destacar o efeito particularmente nocivo que impactou os títulos do sector financeiro (BCP e BPI), sob o risco de vir a ser necessário capitalizações adicionais no futuro, bem como os títulos que ostentam níveis de endividamento significativos – dependência e/ou ligações eventualmente mais próximas ao sector financeiro.

* Fique atento às próximas 'débâcles', estão para breve!

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