05/12/2015

SÍLVIA DE OLIVEIRA

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O bom princípio 
de acreditar nos outros

Filipa Neto, 25 anos, fundou há um ano com Lara Vidreiro o Chic by Choice, um site de aluguer de vestidos de luxo. Nesta semana angariou 1,5 milhões de euros de financiamento numa ronda internacional de investimento. 
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Esta empreendedora foi uma das oradoras da conferência do 4.º Aniversário do Dinheiro Vivo, que decorreu ontem em Lisboa, sob o tema “O papel das empresas na recuperação da economia”. 
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 Às tantas, Filipa tocou num ponto que distingue as startups de outras empresas. Uma vantagem competitiva que também explica o seu sucesso e que deveria servir de exemplo às empresas de maior dimensão e dos setores tradicionais. 
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“Nós [os empreendedores] somos muito próximos. Falamos bem uns dos outros. Não nos vendemos por vender, mas porque acreditamos uns nos outros”, disse. 
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E eu acreditei, julgo que acreditámos todos, mais que não seja porque gostaríamos que fosse sempre assim, entre portugueses, e porque sentimos alguma vergonha da forma mesquinha como algumas empresas, cada vez menos, felizmente, ainda competem entre sim, mesmo quando não são concorrentes. 
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Como avisou o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que abriu a conferência de ontem , e como alertaram os gestores e economistas que participaram no debate, as startups não substituem essas empresas, e vice- -versa. 
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Ambas devem coexistir para bem da economia, mas enganam-se os que acham não ter nada a aprender com quem acaba de chegar ao mundo dos negócios. As quintas, tão portuguesas, deram lugar a uma rede em que todos trabalham em conjunto, com um sentido estratégico, e da qual todos acabam por beneficiar. 
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 Este é apenas um exemplo da mudança cultural que se impõe às empresas portuguesas, que têm, sem dúvida, o papel principal na recuperação da economia, tal como sublinhou o ministro Caldeira Cabral. 
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Parece extemporâneo falar de cultura empresarial, quando as empresas portuguesas sofrem de endividamento excessivo e têm uma dificuldade enorme de capitalização. Mas também é da mudança de paradigma, da rutura com as práticas mais antigas que surgem oportunidades de desenvolvimento. 
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Faz sentido, por exemplo, as empresas aceitarem a sua dependência em relação à banca? Se dependessem dos bancos, os empreendedores não passariam da fase da ideia, que, como Filipa Neto diz, vale apenas 1% de todo o esforço de empreender. 
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 O papel das empresas na recuperação é, de facto, inquestionável. É, sobretudo, delas que depende o investimento gerador de riqueza, são as empresas que criam emprego. A recuperação do investimento é, assim, a grande batalha da economia. 
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Serão as nossas empresas capazes de responder às necessidades do país, ou Portugal só poderá contar com o investimento estrangeiro para crescer? Acreditar, como no mundo das startups, é um bom princípio. 
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Jornalista e diretora executiva do Dinheiro Vivo 
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IN "DINHEIRO VIVO"
02/11/15
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