HOJE NO
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Silva Carvalho compromete vários
. ex-responsáveis das secretas
Ex-espião também diz que na actuação dos serviços havia “coisas mais graves” que o acesso ilegal a dados.
O ex-espião Jorge Silva Carvalho garantiu
ontem, em tribunal, que o recurso a meios ilegais para obtenção de
informação era prática recorrente nos mandatos de vários ex-dirigentes. E
apontou alguns nomes: Rui Pereira, Daniel Sanches, Antero Luís,
Margarida Blasco e António Teles Pereira.
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Até agora, a estratégia da defesa tinha passado por implicar o actual
secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa
(SIRP), Júlio Pereira, nas suspeitas de que o próprio Silva Carvalho é
alvo.
Silva Carvalho já tinha admitido que “90% do modus operandi dos
serviços de informações é ilegal”, implicando o actual secretário-geral
das secretas nessas práticas – apesar de, segundo o próprio, esses
métodos serem mais frequentes no ramo interno dos serviços de informação
(os Serviços de Informações de Segurança – SIS).
Ontem, foi muito mais longe, ao garantir em tribunal que esse modus
operandi foi uma constante nos mandatos de vários responsáveis que
dirigiram as secretas desde que o ex-espião assumiu funções, no início
da década de 90. “Houve muito pensamento feito sobre isso”, referiu
Silva Carvalho, apontando, um por um, os vários dirigentes, da
magistratura judicial ao Ministério Público, que terão tido conhecimento
dessas ilegalidades sem nunca ter actuado.
O ex-espião nomeou Rui Pereira, ex-ministro da Administração Interna
do PS, os juízes Margarida Blasco, Antero Luís e António Teles Pereira
(este último, eleito pelo parlamento em Julho para o Tribunal
Constitucional) e também o procurador Daniel Sanches (que também foi
ministro da Administração Interna de Santana Lopes e director do
Departamento Central de Investigação e Acção Penal).
Silva Carvalho disse ainda – sem concretizar – que “havia coisas mais
graves” que o acesso ilegal a registos telefónicos dos cidadãos e que
isso era habitual nos serviços.
E, mais uma vez, comprometeu directamente o secretário-geral do SIRP,
ao dizer que Júlio Pereira aprovou a aplicação no SIED de um manual
para as secretas onde se prevêem procedimentos ilegais para a obtenção
de informações.
Recorde-se que o ex-espião está a ser julgado pelos crimes de
violação de segredo de Estado, acesso indevido a dados pessoais e abuso
de poder.
* Zangam-se as comadres descobrem-se as verdades.
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