HOJE NO
"OBSERVADOR"
O mundo obscuro da
Organização Europeia de Patentes
“A última ditadura na Europa”, “fora de controlo”, “um Estado dentro de
um Estado”. É assim que algumas fontes e meios de comunicação social
internacionais se referem à Organização Europeia de Patentes europeia
(OEP). Esta instituição começa a ficar intimamente associada a relatos
de baixas psicológicas, colapsos nervosos ou até suicídios. E há um
homem, neste momento, debaixo de fogo – Benoît Batistteli.
.
Recentemente, em Munique juntaram-se 2 mil pessoas para protestarem
contra a presidência do francês Batistteli na organização. Mas um
cenário tão tenebroso não se construiu num dia. Como conta uma
especialista na área, Florian Mueller, citada
pelo El Confidencial, estes relatos e informações que começam a chegar
“seriam impensáveis em qualquer parte do mundo civilizado, mas a
Organização Europeia de Patentes, simplesmente não faz parte do mundo
civilizado”.
Estas duras palavras da alemã referem-se ao alegado clima
laboral dos cerca de 7 mil empregados da OEP. Os sindicatos começaram a
denunciar a situação referindo que nos últimos anos pelo menos cinco
pessoas se suicidaram (em 2013 um funcionário atirou-se de uma varanda
na sede de Haia) e que muitos outros sofrem uma intensa pressão
psicológica para que sejam concedidas patentes sem que antes se
verifique a qualidade técnica.
No entanto, não é só o ambiente em que trabalham os
funcionários que está em causa. Segundo o mesmo jornal espanhol, existem
denúncias, baseadas em documentos oficiais, que dão conta de benefícios
de grandes empresas no que toca aos registos de verificação. Os
próprios trabalhadores, na altura em que saíram à rua, acusaram o
presidente francês de favorecimentos e irregularidades. Algumas fontes
referem, inclusivamente, que o que interessa ali é a produtividade e
invalidar patentes fica para depois.
Mas o cerco tem-se apertado
a Batistteli. O SUEPO, que é o sindicato que engloba os empregados da
Organização, denunciou que, no passado dia 13 de novembro, o espanhol
Jesús Areso e o francês Laruent Prunier, ambos empregados da
instituição, foram obrigados a testemunhar pelo presidente, na sede de
Haia, perante a Unidade de Investigações da OEP. O mesmo sindicato fala
em clima de intimidação e revela que os dois funcionários tiveram que
ser transportados para o hospital – um terá sofrido um forte colapso
nervoso e o outro, por motivos semelhantes, teve até que ser internado.
Para
além de tudo isto, alguns funcionários foram também retirados dos seus
postos de trabalho e outros denunciaram já perante os tribunais que
sofrem de perseguição, diz o El Confidencial. Esta situação levou já à
reação do socialista Pierre-Yves Le Borgn, representante da população
francesa no estrangeiro desde 2012, pedindo explicações ao presidente da
OEP. Le Brogn enviou também uma comunicação oficial ao ministro da
Economia de França, Emmanuele Macron, relatando a repressão e apelando a
que sejam tomadas medidas. Nesta comunicação são ainda denunciados
duros interrogatórios que levaram os funcionários a um “estado de
choque” obrigando-os a intervenção médica e é pedido aos restantes
Estados membros que se juntem à denúncia desta situação.
A defesa de Benoît Batistteli
Com tantas e tão graves denúncias, o líder da OEP já veio a público
rejeitar tais acusações. O ministro da Economia recebeu outra carta,
agora de Batistteli, acusando os trabalhadores de orquestrar uma
“campanha de difamação” contra a sua pessoa. E chegou também a vez do
presidente lançar as suas acusações. O francês refere que um alto
funcionário da Organização foi removido das suas funções por estar
ligado com uma fuga de documentos confidenciais e de terem sido
encontradas armas e propaganda nazi no seu gabinete.
A verdade é
que o nome de Benoît Batistteli já começa a aparecer em algumas capas de
jornais e o assunto começa a gerar interesse em vários deputados do
Parlamento europeu.
* Não há na União Europeia "UM" organismo livre de corrupção, "unzinho".
.
Sem comentários:
Enviar um comentário