HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Conheça a nova equipa das Finanças
Um especialista no mercado de trabalho, um ‘geek’ da modelização
económica, uma mente brilhante da academia, uma técnica com experiência
na máquina do Estado e um professor de Direito que estuda a fiscalidade.
É esta a nova equipa do Ministério das Finanças, que tem no Orçamento
do Estado para 2016 o primeiro grande desafio.
.
Em Novembro de
2012, durante uma das avaliações da ‘troika’ ao resgate português, os
chefes de missão reuniram-se com equipas do Governo e do Banco de
Portugal (BdP), para discutir o mercado de trabalho. Em concreto, o FMI
queria forçar nas indemnizações por despedimento: havia acordo para as
reduzir, mas não em que dimensão. A reunião começara há já algum tempo e
o então secretário de Estado do Emprego, Pedro Martins, fazia uma longa
exposição sobre os constrangimentos com que o Executivo se deparava.
Foi
então que um dos membros da equipa do BdP, reconhecido por ser um dos
maiores especialistas do país em questões laborais, pediu a palavra.
Começou de imediato a apontar incorrecções nos dados e a contestar
algumas das observações de Pedro Martins, deixando os membros do Governo
à beira de um ataque de nervos. Quando o encontro terminou, o então
secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, teve
um acesso de fúria e disse que “nunca mais” queria um episódio daquele
género, com um qualquer técnico a contestar um ministro ou um secretário
de Estado.
Um qualquer técnico que era, afinal, director adjunto
do departamento de estudos económicos do BdP, cargo a que chegara pela
mão de Vítor Constâncio - com o apoio de Teodora Cardoso - e que viria a
abandonar, entretanto, em choque com Carlos Costa.
Passados
três anos dessa fatídica reunião com a ‘troika’, o técnico em questão,
Mário Centeno, tomou ontem posse como novo ministro das Finanças.
Os ‘geeks’, o aliado de Costa e a renegada de Rosalino
Consta
que, ao longo de anos, os técnicos do BdP e os das Finanças sempre se
olharam de soslaio e foi só com Vítor Gaspar como ministro que a
situação se normalizou.
.
Agora, Centeno leva para seu braço direito nas
Finanças outro técnico do BdP, Ricardo Mourinho Félix, um verdadeiro
‘geek’ da modelização económica, responsável pelo modelo “Pessoa”, que o
departamento de estudos do Banco continua a utilizar.
Um ‘geek’
que é primo do outro Mourinho, o treinador, e que desde cedo mostrou
interesse na política: é militante do PS desde os 18 anos e arranjou
tempo para dividir as horas de estudo na faculdade com a direcção da
associação de estudantes.
.
.
A paixão pelo associativismo
partilhou-a, aliás, com o novo secretário de Estado do Orçamento, João
Leão. Professor no ISCTE - tal como o seu irmão Emanuel -, Leão também
trabalhou no Ministério da Economia. Quando se ausentou do ISCTE por
alguns anos, para concluir o doutoramento no MIT, nos Estados Unidos, já
tinha ganho a fama de uma das mais brilhantes mentes daquela faculdade.
Uma das grandes frustrações dos alunos que chegaram naquela altura ao
curso de Economia do ISCTE foi, aliás, não terem oportunidade de ter
como professor aquele de quem os anteriores alunos tanto falavam. É a
ele que compete desenhar em tempo recorde o OE/16.
De Carolina
Ferra, a nova secretária de Estado da Administração e Emprego Público,
fala-se um pouco menos. É das caras menos conhecidas do novo Governo e
não é fácil encontrar fotografias suas na imprensa. Mas a verdade é que
Ferra está há muitos anos a lidar com a máquina do Estado. Entre 2005 e
2007 foi adjunta de António Costa na Administração Interna.
Em
2008 foi nomeada pelo então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos,
directora-geral da Administração e Emprego Público (DGAEP), cargo que
deixaria em 2013, ficando no ar a dúvida sobre a influência da sua cor
partidária na hora da saída: passou pelo novo processo de recrutamento
de dirigentes do Estado e ficou na ‘short list’ de três nomes da CRESAP,
mas foi preterida pelo então secretário de Estado da coligação, Hélder
Rosalino, que escolheu a sua chefe de gabinete para liderar a DGAEP.
A
nova equipa das Finanças fica completa com Fernando Rocha Andrade, o
secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.
.
É um homem do aparelho socialista, fiel aliado de Costa, mas também um especialista em direito e fiscalidade. “Não vamos fingir que o PS tem uma varinha mágica e que, de repente, resolve os problemas do crescimento” disse ao Económico, após o congresso que consagrou Costa como líder do PS, muito antes de ser conhecido o cenário macroeconómico de Centeno, que aposta numa economia mais forte para equilibrar as contas públicas. Será ele a anunciar aos portugueses quanto vão ter, afinal, de devolução na sobretaxa no próximo ano.
.
É um homem do aparelho socialista, fiel aliado de Costa, mas também um especialista em direito e fiscalidade. “Não vamos fingir que o PS tem uma varinha mágica e que, de repente, resolve os problemas do crescimento” disse ao Económico, após o congresso que consagrou Costa como líder do PS, muito antes de ser conhecido o cenário macroeconómico de Centeno, que aposta numa economia mais forte para equilibrar as contas públicas. Será ele a anunciar aos portugueses quanto vão ter, afinal, de devolução na sobretaxa no próximo ano.
* Vão usufruir do benefício da dúvida de muitos milhões de portugueses, não por muito tempo.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário