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INVESTIGAÇÃO
Investigadores desenvolvem lasers
que detetam cancro
A Universidade de Alicante e o centro tecnológico IK-4-Tekniker de
Eibar desenvolveram lasers baseados num material plástico, com os quais
conseguiram, pela primeira vez no mundo, detetar no sangue uma proteína
relacionada com a presença de diversos tipos de cancros.
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Esta descoberta de
interesse médico, realizada em colaboração com um centro tecnológico do
País Basco, foi publicada há umas semanas na revista internacional
"Sensors and Actuators B: Chemical", uma das primeiras publicações
científicas na área da química analítica, e é fruto de um projeto de
investigação financiado pelo Governo.
Os médicos levam tempo "tentando descobrir a maneira de se poder
detetar" esta proteína, ligada à presença de "diversos tipos de cancro" e
chamada ErbB2, existente em concentrações muito pequenas no sangue,
disse à EFE a responsável do projeto na Universidade de Alicante (UA), a
catedrática de Física Maria A. Díaz García.
"Quando uma pessoa já tem um tumor cancerígeno, a concentração da
referida proteína é maior do que 14 nanogramas por milímetro (ng/ml)",
pelo que " o correto é tentar medir concentrações de ErbB2 abaixo do
limite dos 15 ng/ml", para assim detetar a doença em estádios iniciais e
travar o seu desenvolvimento com um tratamento atempado, explicou.
Precisamente, a importância do novo dispositivo, em cujo
desenvolvimento participou também o centro tecnológico IK-4-Tekniker, de
Eibar (Guipúzcoa), radica na sua sensibilidade para medir a ErbB2 no
sangue em concentrações muito pequenas (14 ng/ml).
A sensibilidade que estes lasers têm capacita-os para detetar o
cancro em estadios muito precoces, ou seja, antes de aparecerem os
tumores, segundo a investigadora, que lidera o Grupo de Eletrónica e
Fotónica Orgânica da UA, pertencente ao Departamento de Física Aplicada e
ao Instituto Universitário de Materiais.
"Existem algumas técnicas que permitem ter uma maior sensibilidade do
que a dos nossos lasers e detetar essa proteína, mas são mais complexas
e, em todo o caso, este trabalho foi apenas uma primeira demonstração
que, sem dúvida, se pode ser melhorado", disse Maria Díaz García.
Em comparação com outros dispositivos já existentes para a mesma
função, a técnica desenvolvida pela UA e pelo centro tecnológico basco é
sensível e pode ser reutilizável por ser feito com material de
plástico, destacou.
Investigadores portugueses descobrem nova forma de calcular hora da morte
O presidente da Associação Portuguesa de Ciências Forenses divulgou
hoje ter desenvolvido, em colaboração com outros investigadores
portugueses, dois modelos matemáticos com análise sanguíne para calcular
com maior precisão a hora da morte de uma pessoa.
O investigador responsável pelo projeto, Ricardo
Dinis, esclareceu que o método "resultou numa análise a vários
parâmetros sanguíneos" e que a partir daí se desenvolveram dois modelos
matemáticos que podem diminuir "significativamente" os erros de
estimativa, reduzindo a margem do engano para uma hora.
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"O que nós fizemos foi colher o sangue de pessoas vivas, dadores e
simulamos o comportamento 'post mortem' [depois da morte] desse sangue.
Ou seja, pusemos esse sangue em putrefação, à semelhança do que acontece
no cadáver. A partir daí desenvolvemos um modelo matemático. Depois
aplicamos esse modelo a animais e funcionou", explicou à Lusa.
Para os responsáveis, o cálculo da hora da morte é "um dos maiores
dogmas da área forense", sendo que a maior parte dos métodos utilizados
são "tradicionais" baseados "em opiniões subjetivas do perito".
O método, desenvolvido com a colaboração do Instituto Superior de
Saúde do Norte - CESPU, das Faculdades de Farmácia e Medicina da
Universidade do Porto e da Universidade do Minho, "traz a possível
inclusão ou exclusão de suspeitos associados a um local de crime".
"Eu estimo um intervalo de 'post mortem' de aproximadamente sete
horas, de alguém que teria morrido por exemplo às 07:00, e se o suspeito
foi visto com a vítima a essa hora, podemos incluir o suspeito naquele
crime. Se a vítima morreu às 07:00 e eu digo que ela morreu as 18:00 e
se a essa hora o agressor está a trabalhar e tem testemunhas, vou
excluí-lo erradamente do crime", explicou Ricardo Dinis.
Os modelos utilizados atualmente baseiam-se, entre outros, nas
alterações que acontecem nos olhos, medição da temperatura corporal,
alterações da cor da pele, com "erros de cálculo gigante, muitas vezes,
de vários dias".
O investigador forense adiantou que a vantagem do método é que não
"carece de pessoal muito especializado para entrar em rotina" e que o
objetivo foi "trazer algo que seja facilmente implementado e que
qualquer laboratório do país tenha condições para fazer esse tipo de
diagnóstico".
O trabalho foi publicado no final do mês de outubro numa revista
internacional que se dedica à publicação de estudos científicos com
impacto social, o que para os responsáveis foi o "atestar da
credibilidade".
"A ferramenta foi criada, o modelo é fácil de ser aplicado, só
precisa de ser transposto, agora, pelos potenciais interessados. Na
minha modesta opinião, é perder algum conforto, alguma comodidade de
estar sempre a fazer o mesmo e implementar coisas novas, é uma barreira
que tem de ser passada individualmente por cada um dos interessados",
avançou.
O responsável pelo projeto salienta a "mais-valia" que representa o
novo método, considerando-o "revolucionário" pela sua "facilidade de
aplicação".
O método está pronto para entrar em vigor a qualquer momento e os
investigadores veem o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências
Forenses como "um grande potencial interessado".
* Temos de confiar na ciência, dá-nos a certeza das dúvidas porque a investigação cientifica é o acto mais sério em busca da verdade, ao contrário da maioria dos políticos que nos inundam com a certeza da aldrabice.
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