02/10/2015

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HOJE NO
"OBSERVADOR"
Das condolências à frustração: 
Os nove discursos de Obama depois 
dos nove tiroteios da sua legislatura

Barack Obama é Presidente dos Estados Unidos desde 21 de janeiro de 2009. Desde então, já foram pelo menos nove as ocasiões em que teve de se dirigir ao país para falar de mais um tiroteio em massa letal. Estes ocorreram em escolas, bases militares, salas de cinema ou supermercados. As vítimas e os feridos vão desde crianças até idosos e abrangem várias etnias e religiões.
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A cada discurso, o Presidente norte-americano apresenta as condolências aos familiares e lamenta o sucedido. Existe, porém, uma tendência: no início, no primeiro mandato que terminou em janeiro de 2012, o tom era de pesar. Daí para à frente, e já no segundo mandato, Obama passou a insistir na necessidade de uma reforma à lei das armas nos EUA. Na quinta-feira, depois de terem morrido 13 pessoas numa universidade no Oregon, Obama voltou a insistir numa nova legislação e apontou o dedo ao congresso: “Não posso fazer isso sozinho”.

Base militar de Fort Hood, Texas 5 de novembro de 2009 

Nidal Malik Hasan, um major e psiquiatra do exército norte-americano com base em Fort Hood, no estado do Texas, abriu fogo contra vários militares que ali se encontravam. Matou 13 pessoas e fez 30 feridos. Hasan justificou a sua ação como sendo um “soldado de Alá”. Foi condenado à morte e por agora aguarda a execução.
Já é difícil que chegue quando perdemos estes corajosos americanos em batalhas fora do país. É um horror que eles estejam debaixo de fogo numa base militar em solo norte-americano.“
Tucson, Arizona 8 de janeiro de 2011 

Gabrielle Giffords, uma congressista do estado do Arizona estava reunida com um grupo de cidadãos no parque de estacionamento de um supermercado na cidade de Tucson. Um atirador abriu fogo sobre as pessoas que lá se encontravam — acabou por matar seis pessoas, incluindo uma menina de nove anos. Giffords, que era o principal alvo do ataque, foi atingida por uma bala na cabeça mas acabou por sobreviver. O atirador, Jared Lee Loughner, que à altura do crime tinha 22 anos, foi diagnosticado com esquizofrenia — o que levou a que fosse condenado a prisão perpétua em vez de pena capital.
Naquela manhã de sábado, a Gabby [Giffords] e a sua equipa e muitos eleitores juntaram-se à porta de supermercado para exercerem as suas liberdades de reunião e de expressão. Estavam a aplicar um princípio central da democracia idealizada pelos nossos fundadores (…). E esse momento intrinsecamente americano foi despedaçado pelas balas de um atirador.“

Aurora, Colorado 20 de julho de 2012

James Holmes, um homem de 25 anos com doença mental, matou 12 pessoas e feriu outras 70 num cinema em Aurora, no estado do Colorado, onde estreava o filme “Batman — O cavaleiro das trevas renasce”. James começou por lançar granadas de gás lacrimogéneo e depois começou a disparar para as pessoas que assistiam ao filme. Foi condenado a pena perpétua.
Tive a oportunidade de falar com cada família, e a maior parte das nossas conversas passou pela memória. Foi uma ocasião para as famílias descreverem o quão maravilhosos eram o seu irmão, o seu filho, a sua filha, tal como as vidas que eles tocaram e os sonhos que eles guardavam para o futuro.”

Oak Creek, Wisconsin 5 de agosto de 2012

Wade Page, um supremacista branco, matou seis pessoas e feriu outras quatro que rezavam num templo Sikh, no estado do Wisconsin. Page, que era um veterano de guerra, suicidou-se após o crime.
Estamos em luto por aqueles que foram assassinados e feridos sem sentido no seu local de devoção. E ao mesmo tempo que nunca vamos entender totalmente aquilo que motiva tanto ódio e tanta violência, os responsáveis por atos atrozes como este têm de saber que as suas ideias distorcidas não têm comparação com a compaixão e a bondade da nossa unida família americana.”

Newtown, Connecticut 14 de dezembro de 2012

20 crianças entre os cinco e os dez anos, juntamente com seis professores, foram mortos a tiro por Adam Lanza na escola primária de Sandy Hook, na vila de Newtown, no estado do Connecticut. Antes de partir para o local do crime, Lanza também matou a mãe a tiro.
Temos passado por muitas tragédias destas nos últimos anos. E sempre que saibo das notícias, não reajo como Presidente mas como toda a gente, como pai. E isso aconteceu hoje particularmente. Não há um pai na América que não sinta a mesma tristeza avassaladora que eu sinto. A maioria daqueles que morreram hoje eram crianças. Miúdos lindos entre os cinco e os dez anos. Tinham as suas vidas inteiras à frente deles. Festas de aniversário, festas de fim de curso, casamentos… filhos deles, também.”

Washington D.C 16 de setembro de 2013

Um atirador matou 12 pessoas e feriu três quando iniciou um tiroteio nos estaleiros da marinha norte-americana na capital dos EUA, Washington D.C. O atirador, Aaron Alexis, foi abatido no local do crime.
A tragédia e a dor que nos traz aqui hoje é ímpar. É única. As vidas que nos foram tiradas era únicas. As memórias dos seus entes queridos guardam são únicas e vão guardá-las e mantê-las até bem depois de as câmeras de televisão desaparecerem. Mas o que nos desgasta é a ideia de que isto já aconteceu antes. Parte do que nos desgasta, o que nos perturba profundamente enquanto estamos aqui reunidos, é a maneira como esta violência sem explicação que aconteceu nos estaleiros da marinha é um eco de outras tragédias recentes.”

Base militar de Fort Hood, Texas 2 de abril de 2014

Menos de cinco anos depois do primeiro tiroteio na base militar de Fort Hood, o mesmo espaço voltou a conhecer um novo ataque. Como tinha acontecido em 2009, o atirador também era um membro do exército norte-americano. Ivan Lopez matou três pessoas, feriu 14 e no final suicidou-se.
Qualquer tiroteio é inquietante. É óbvio que isto volta a trazer-nos a dor daquilo que aconteceu em Fort Hood há cinco anos. Nós conhecemos estas famílias, reconhecemos o incrível serviço que eles fazem ao nosso país e os sacrifícios que eles têm feito.”

Charleston, Virginia 17 de junho de 2015

Dylan Roof, um supremacista branco de 21 anos, atirou a matar numa igreja em Charleston, no estado do Virginia. Aquele local de culto era frequentado maioritariamente por afro-americanos. Matou nove pessoas e feriu uma. Depois do crime foram descobertos planos de Roof para iniciar uma guerra racial, tal como documentos incriminatórios e imagens em que pousava ostentando símbolos racistas. Aguarda julgamento em prisão preventiva.
Eu já tive de fazer declarações como esta demasiadas vezes. Comunidades como esta têm tido de lidar com tragédias destas demasiadas vezes. Nós, enquanto país, vamos ter de reconhecer que este tipo de violência em massa não acontece noutros países avançados.“

Roseburg, Oregon 1 de outubro de 2015

Um atirador entrou na Umpqua Community College, em Roseburg, no estado do Oregon, e atirou para matar 9 pessoas. Feriu ainda outras 20 pessoas. Foi o nono tiroteio em massa da legislatura de Barack Obama, que, como de costume, reagiu prontamente à tragédia com uma conferência de imprensa.
Quando as estradas são inseguras arranjamo-las para reduzir o número de acidentes de carro. Temos leis que obrigam o uso de cinto de segurança porque sabemos que salvam vidas. E existe a ideia de que a violência com armas é diferente, que a nossa liberdade e a nossa Constituição proíbe qualquer tipo de regulação de como é que podemos usar uma arma letal? (…) Sempre que isto acontece, eu digo que podemos fazer alguma coisa quanto ao assunto, mas para isso temos de mudar as nossas leis. E eu não posso fazer isso sozinho.“
* Os americanos não precisam de talibans.

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