ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
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PERNAMBUCO
O estado brasileiro onde as
O estado brasileiro onde as
autoridades entregaram as chaves
das prisões aos presos
Relatório da Human Rights Watch traça um cenário alarmante de Pernambuco, o estado brasileiro que tem as prisões mais sobrelotadas: as autoridades cederam o controlo das prisões a alguns presos escolhidos a dedo, conhecidos como “chaveiros”, que vendem drogas e lugares para dormir aos presos, além de usarem milícias para manter o poder.
Em
Pernambuco, como um pouco por todo o Brasil, a sobrelotação das prisões
não é novidade. Mas um relatório divulgado esta terça-feira pela Human
Rights Watch (HRW), uma ONG que denuncia atropelos dos direitos humanos
por todo o mundo, pinta um cenário ainda mais negro. O documento revela
que o estado tem não só as prisões mais sobrelotadas de todo o Brasil,
abrigando três vezes mais presos do que a sua capacidade oficial, como
transferiu o controlo de facto das suas prisões a alguns presos escolhidos a dedo.
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Nas
35 páginas do relatório "O Estado Deixou o Mal Tomar Conta", a
organização descreve como esses "chaveiros" vender droga e lugares para
os presos dormirem, além de usarem "milícias" violentas para manterem o
poder. As conclusões são extraídas das visitas que a organização fez
este ano a quatro prisões de Pernambuco e das entrevistas que realizou a
40 presos e ex-reclusos, bem como familiares, autoridades prisionais,
juízes, procuradores públicos, advogados e polícias.
Segundo
dados oficiais, as prisões brasileiras abrigam mais de 607 mil pessoas,
mas só têm capacidade para cerca de 377 mil. No estado de Pernambuco, o
cenário é ainda mais severo: há quase 32 mil presos em prisões com
capacidade para pouco mais de 10 mil. Quase 60% dos presos ainda
aguardam julgamento.
Numa das celas, a ONG encontrou 60 homens a
dividirem seis camas de cimento, "não havendo espaço suficiente no chão
para que todos se deitassem". A sobrelotação, aliada às condições
precárias de saneamento e ventilação, e ainda à falta de cuidados de
saúde adequados, tem favorecido a proliferação de doenças entre os
detidos. De acordo com o relatório, a incidência de tuberculose nas
prisões pernambucanas é quase 100 vezes maior do que a verificada na
população brasileira em geral.
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"A sobrelotação é um grave
problema das prisões brasileiras e em nenhum lugar ela é mais grave do
que em Pernambuco", afirma em comunicado Maria Laura Canineu, diretora
da HRW no Brasil. "O estado enfiou dezenas de milhares de pessoas em
pavilhões projetados para um terço disso e entregou as chaves a presos
que usam de violência e intimidação para governar as prisões como se
fossem feudos pessoais."
A extrema sobrelotação faz com que as
prisões de Pernambuco tenham o pior rácio no Brasil de guardas
prisionais por cada detido: menos de um agente penitenciário por cada 30
presos. Num dos estabelecimentos prisionais, de regime semiaberto
(alguns presos podem entrar e sair para trabalhar), apenas quatro
guardas-prisionais permanecem de plantão em cada turno, vigiando 2300
presos.
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Em consequência da incapacidade para exerceram um
controlo adequado das suas prisões, devido à sobrelotação e à falta de
pessoal, as autoridades prisionais delegam a presos a autoridade de
pavilhões - um preso por pavilhão, geralmente com várias celas e mais de
uma centena de detidos. Os reclusos que são escolhidos recebem a chave
desse pavilhão.
"Esses 'chaveiros' vendem drogas, extorquem
outros presos e exigem pagamento em troca de lugares para dormir. Eles
usam 'milícias' formadas por presos para ameaçar e espancar aqueles que
não pagam as dívidas. Os agentes penitenciários fazem vista grossa ou
mesmo participam nas atividades dos chaveiros em troca de propina
[dinheiro obtido de forma ilícita], conforme relataram várias pessoas,
incluindo um diretor de prisão, à HRW", acusa a ONG.
* Apetece-nos dizer "porra" mas só dizemos "chiça", a presidente Dilma não venha dizer que desconhece estes factos, não tem vergonha???
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