ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
"DINHEIRO VIVO"
O que nos deviam ter dito à saída
da faculdade e não disseram
Nesta época de esperança e barretes académicos decorativos, fomos à
procura de alguns dos nossos autores favoritos e perguntámos-lhes: que
precisam os licenciados mesmo de saber acerca do mundo do trabalho?
Confira as respostas.
Heidi Grant Halvorson
Diretora-adjunta
do Motivation Science Center da Faculdade de Gestão da Universidade de
Columbia e autora de "Nine Things Successful People Do Differently".
Haverá
obstáculos, contrariedades, desafios. Muitas coisas serão mais difíceis
do que imaginava. A chave para o sucesso (cientificamente falando) é a
perseverança. É preciso que se mantenha firme - não há outra maneira de
vencer.
.
Uma excelente maneira de conseguir ser mais resiliente é deixar
de se comparar com os outros e, em vez disso, comparar-se com o seu
desempenho anterior - da semana passada, do mês passado, do ano passado.
Está a melhorar? É esta a única pergunta que importa.
Daniel Gulati
Empreendedor
na área da tecnologia, sedeado em Nova Iorque, co-autor do livro
"Passion & Purpose: Stories from the Best and Brightest Young
Business Leaders".
Os problemas difíceis são os mais valiosos, mas a maioria das pessoas foge deles. Em vez disso, resolva-os!
Dorie Clark
Consultora
de estratégia, trabalhou com clientes como a Google, a Universidade de
Yale e o Serviço Nacional de Parques. Autora de "Reinventing You: Define
Your Brand, Imagine Your Future".
Num mundo de
despedimentos, outsourcing e desmantelamento de setores, a única forma
de ter "segurança na carreira" é descobrir a resposta a uma questão
particular: como pode tornar-se verdadeiramente valioso em termos
profissionais? A maioria dos recém-licenciados parte do princípio de que
se sairá bem se trabalhar muito.
.
Porém, realizar o trabalho que lhe é
atribuído é o mínimo exigível e não será suficiente para fazer a
diferença quando o seu patrão se deparar com outras opções, mais
baratas. Tem de aperfeiçoar um talento que ninguém lhe ensina na
universidade e que poucos dentro do mercado de trabalho compreendem: a
capacidade de identificar problemas que ainda ninguém articulou de modo
explícito, e resolvê-los.
Como pode transformar-se num conector
dentro da sua empresa, partilhando informação com os que precisam dela?
De que maneira pode fornecer uma perspetiva única às discussões
corporativas? Que tarefas menores ou maçadoras pode retirar das costas
de alguém, conquistando assim a sua gratidão? De que posição de
liderança - talvez uma que mais ninguém queira - pode fazer uso para
construir conexões e uma reputação profissional sólida? Não é fácil
responder a estas perguntas mas, se conseguir fazê-lo, estará
quilómetros à frente das legiões que nem chegam a perceber que deviam
colocá-las.
Maxwell Wessel
Membro do
Forum for Growth and Innovation, um think tank da Harvard Business
School que desenvolve e aperfeiçoa a teoria da inovação disruptiva.
Há
milhares de caminhos à sua frente. Aqueles que conhece são normalmente
mais seguros e sem obstáculos: trabalhar para uma grande empresa numa
posição limitada, obter uma promoção, atingir uma posição ligeiramente
melhor, fazer uma hipoteca, comprar uma casa, esperar pela próxima
promoção para pagar as dívidas, etc. Estes caminhos foram desenvolvidos
por pessoas que confiam em processos e regras para domesticar o caos que
é a vida. Porém, estes caminhos, aqueles sobre os quais aprendeu nos
gabinetes de orientação profissional, não são os únicos disponíveis.
Pode atrever-se a ser diferente. Pode quebrar regras. E, embora alguns o
censurem por isso, outros dar-lhe-ão recompensas inesperadas.
Nilofer Merchant
Autora de "11 Rules for Creating Value in The Social Era".
Quando
sair para o mundo, pergunte-se, "A que tipo de rede me quero ligar?"
Hoje em dia, os indivíduos conectados podem fazer o que outrora apenas
grandes organizações centralizadas podiam. Isto quer dizer que não
precisa de pertencer a uma grande empresa para criar valor, mas que
precisa de trabalhar com pessoas talentosas. Assim, não se preocupe com o
seu título dentro da organização, pois isso são relíquias da era
industrial. Na era social, analise os relacionamentos que terá, pois são
as pessoas com quem trabalha que detêm as chaves do que você vai
concretizar e criar.
Whitney Johnson
Co-fundadora
da empresa de investimentos Rose Park Advisors e autora de
"Dare-Dream-Do: Remarkable Things Happen When You Dare to Dream".
Arranje
o emprego mais difícil que puder encontrar numa cidade onde existam
muitas pessoas inteligentes. Estatisticamente, terá mudado de emprego em
menos de dois anos. Talvez até tenha mudado de área de trabalho. O que
deve pretender é que o seu primeiro emprego lhe abra ainda mais portas
que as que foram abertas pela licenciatura.
James Allworth
Co-autor
de "How Will You Measure Your Life?" Trabalhou no Forum for Growth and
Innovation da Harvard Business School, na Apple e na Booz & Company.
.
Compreenda
a maneira como o seu cérebro funciona relativamente à motivação.
Dinheiro, um título vistoso, uma empresa de prestígio - estes são os
fatores extrínsecos. Os seus amigos e família podem vê-los, pode
incluí-los no seu currículo ou discuti-los numa entrevista de emprego.
Mas esses fatores visíveis e extrínsecos não são uma fonte de
satisfação. Pelo contrário, as pesquisas sugerem que são, na verdade,
uma fonte de descontentamento - quando estão ausentes. Por outras
palavras, ter em abundância esses motivadores extrínsecos não o fará
feliz; em vez disso, toda essa abundância resultará apenas em ausência
de insatisfação. O que não é, obviamente, o mesmo que estar satisfeito.
A
verdadeira motivação reside num conjunto muito diferente de fatores:
intrínsecos por natureza, muito mais difíceis de medir e que até podem
ser exclusivos para si. A oportunidade de arcar com a responsabilidade e
trabalhar de forma independente. A possibilidade de aprender e crescer.
E, quem sabe, o mais importante de tudo, fazer alguma coisa que para si
tenha sentido. Compreender que as nossas mentes funcionam desta maneira
- que não existe um espectro único que vai de "adoro isto" a "odeio
isto" - mas antes dois espectros que funcionam de maneira totalmente
independente um do outro: um que nos causará insatisfação se estiver
ausente (extrínseco), e outro que nos faz amar o que fazemos se estiver
presente (intrínseco)... Compreender isto, modificou totalmente a minha
maneira de pensar acerca da minha vida profissional.
Amy Jen Su & Muriel Maignan Wilkins
Co-fundadoras
e sócias-gerentes da Isis Associates e autoras de "Own the Room:
Discover Your Signature Voice To Master Your Leadership Presence".
Amy Jen Su:
Reconheça que tem sempre disponível o poder de opção: escolher o que
faz profissionalmente, quem são os seus amigos e até mesmo qual será a
sua atitude durante o dia. Mantenha-se consciente e alerta, e viva com
os olhos bem abertos. Seja dono da sua vida e da sua carreira. Aceite as
vantagens e desvantagens de cada decisão e escolha que faz. Por cada
"sim" que diz, existe um conjunto implícito de "nãos" que também está a
dizer, por isso faça as suas escolhas e defina os seus compromissos com
sensatez.
Muriel Maignan Wilkins:
Descubra o que é
"suficientemente bom" para si. Não deixe que sejam os outros ou as
circunstâncias a ditarem o que deve ser ou a que deve aspirar.
Estabeleça desde muito cedo como é o seu "suficientemente bom" - esse
lugar maravilhoso entre o conforto e a perfeição, onde se sente
satisfeito com o que tem para oferecer à vida e com o que a vida lhe
oferece.
Gianpiero Petriglieri
Professor
associado de Comportamento Organizacional na INSEAD, onde dirige o
Management Acceleration Programme, o programa principal da escola para a
formação de líderes.
Se a pessoa que faz o seu discurso de
licenciatura lhe chamar "futuro líder", tape os ouvidos. Não deixe que a
etiqueta "futuro" se cole a si. Se tem aspirações a ser líder - e tem
um objetivo, um sonho, um propósito - comece já. A liderança é uma
atividade, não um destino. Perseguir esse sonho dar-lhe-á emoção e
angústia, esperança e frustração. Dará sentido ao seu trabalho e fá-lo-á
sentir-se vivo.
.
Contudo, essa perseguição raramente o tornará livre ou
feliz. Isso, só sentirá quando aprender a render-se. À vida e ao amor. É
por isso que tem de ter a certeza de que o seu sonho é real e não
apenas uma obsessão. Como pode distinguir? Uma obsessão toma conta de
si. Pede-lhe que desista da vida e do amor em prol dela. Um sonho
mantém-no, pedindo-lhe que se renda a ambos.
Claudio Fernández-Aráoz
Autor de "Great People Decisions".
Comece
com o fim em vista: quem quer ser? Que legado quer deixar ao nosso
mundo, ao seu companheiro, aos seus filhos? Em seguida, faça sempre o
que gosta de fazer. Muitas vezes, o "sucesso" vai conduzi-lo a promoções
que se tornarão a inveja dos seus amigos, enquanto a si o deixam vazio e
distante do que gosta realmente de fazer. Avalie periodicamente o que
faz, descubra o que não lhe agrada e deixe de o fazer. Finalmente,
rodeie-se apenas do melhor, escolhendo proativa e cuidadosamente o seu
companheiro, os seus amigos, o seu patrão, os seus colegas. Não se pode
viver sozinho e, em boa companhia, até os tempos mais difíceis podem,
como que por magia, transformar-se em viagens gloriosas.
Rafi Mohammed
Consultor de estratégia de preços e autor de "The 1% Windfall: How Successful Companies Use Price to Profit and Grow".
Ofereça-se
voluntariamente para os trabalhos insignificantes. A maioria dos
licenciados não arranjará, caído do céu, um emprego de primeira
qualidade ou uma tarefa de alto perfil.
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Não desespere; em vez disso,
aceite alegremente a pior tarefa, aquela que mais ninguém quer fazer, e
execute-a com grande excelência. Ao transformar em sucesso um projeto
que todos receavam, será mais fácil demonstrar os seus talentos. O
reconhecimento e gratidão que conquistará, estabelecerão a plataforma
que o levará a ser selecionado para a próxima tarefa que precise de uma
execução perfeita. Acreditem: vi muita gente ser bem-sucedida (avançando
dentro de uma organização ou conseguindo um emprego melhor) recorrendo a
este método.
Karen Dillon
Antiga editora da Harvard Business Review e co-autora de "How Will You Measure Your Life?"
Seja
interessante. Quando se sujeitar a uma entrevista, não parta do
princípio de que as informações do seu currículo serão suficientes para
conseguir o emprego dos seus sonhos. Vamos passar muitas horas, cinco
dias por semana, a trabalhar juntos e eu não quero trabalhar com alguém
de vistas estreitas e maçador. Tenha opiniões - sobre política, cultura
popular, escritores e pensadores favoritos. Tenha interesses pessoais
que talvez não tenham nada a ver com o trabalho em questão. Tenha alguma
coisa para dizer.
* Aprendamos!
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