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"EXPRESSO"
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Constitucionalistas:
partido que elege mais deputados
deve formar Governo
O partido mais votado nas eleições de 4 de outubro pode não ficar com
o maior número de deputados, mas constitucionalistas contactados pela
Lusa defendem que quem tiver mais parlamentares é que deve formar
Governo.
"O que interessa é o número de mandatos", diz à Agência
Lusa o constitucionalista Jorge Miranda, defendendo que se o partido que
eleger mais deputados não for o mais votado, o que deve ser valorizado é
o número de parlamentares.
Em Portugal, o método matemático
utilizado para converter votos em mandatos é o método de Hondt. Contudo,
como se segue o sistema de representação proporcional, existem sempre
votos nos círculos eleitorais que não chegam para eleger deputados.
Desta forma, quanto mais votos sobrarem, maior é a possibilidade de um
partido ter mais votos, mas menos deputados.
A Constituição da
República não fala nem em número de votos nem em número de mandatos,
estabelecendo apenas no artigo 187.º que "o primeiro-ministro é nomeado
pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na
Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais".
Apesar
de em Portugal não se ter colocado o problema do partido mais votado
não ser o que tem mais deputados, teoricamente tal é possível - a sondagem divulgada esta sexta-feira pelo Expresso e pela SIC aponta precisamente para esse cenário nas legistalivas deste ano.
"Seria
pouco aceitável que o partido que tivesse mais deputados - ainda que
sem maioria absoluta - não fosse governo", diz à Lusa o
constitucionalista Tiago Duarte. Ressalvando que quem tem de fazer a
interpretação dos resultados eleitorais é o Presidente da República,
Tiago Duarte defende que do seu ponto de vista o critério que deve guiar
o chefe de Estado é "o da governabilidade e estabilidade do governo
perante o parlamento", ou seja, deve nomear o primeiro-ministro que
apresente "uma solução governativa que tenha mais hipóteses de durar e
cumprir a legislatura".
"Em caso de soluções igualmente instáveis
- governo minoritário da coligação ou do PS, por exemplo - deve
privilegiar o partido ou coligação que tenha eleito mais deputados,
mesmo se não teve mais votos", refere Tiago Duarte, sustentando que nas
votações parlamentares, como a aprovação de orçamentos ou moções de
censura, "o que conta são os deputados eleitos e não os votos".
Tiago
Duarte vai mais longe na análise, argumentando que, em seu entender, o
Presidente da República apenas não deve nomear primeiro-ministro o líder
do partido ou coligação que tenha eleito mais deputados no caso de o
líder do partido que não ganhou as eleições assegurar "em coligação
pós-eleitoral uma solução governativa de maioria absoluta e que seja
credível, no sentido de sustentada num efetivo governo de coligação".
"Seria
pouco aceitável que o partido que tivesse mais deputados, ainda que sem
maioria absoluta, não fosse governo e que fosse governo o partido que
não ganhou as eleições com a promessa vaga de outros partidos de que
apoiariam o governo nas questões essenciais, por exemplo", sublinha o
constitucionalista, considerando que os chamados "acordos de incidência
parlamentar" apenas devem ser aceites pelo chefe de Estado se o governo
for do partido que ganhou as eleições, ou seja, que elegeu mais
deputados.
O constitucionalista Paulo Otero defende igualmente
que o que deve ser tido em conta é o número de deputados eleitos, pois é
o número de parlamentares na Assembleia da República que "determina a
viabilidade ou a inviabilidade de um Governo", em momentos determinantes
como a aprovação do Orçamento do Estado. "No momento da verdade, o
número de deputados é fundamental para aferir da viabilidade de um
executivo." Por isso, acrescentoa, os partidos têm vantagem em ir
coligados.
Num estudo da Eurosondagem feito para o Expresso e
para a SIC, divulgado esta sexta-feira, o PS consegue 35,5% das
intenções de voto, elegendo entre 95 a 101 deputados. Já a coligação
arrecada 34%, conseguindo 99 a 102 lugares no parlamento.
Esta
sondagem foi realizada entre 11 e 16 de setembro, num universo da
população com 18 anos ou mais, residente em Portugal Continental e
habitando lares com telefone da rede fixa. A amostra foi estratificada
por regiões, num total de 1510 entrevistas validadas. O erro máximo da
amostra é de 2,52%, para um grau de probabilidade de 95%.
* O método de Hondt é traiçoeiro mas não nos lembramos de nenhum partido com acentos no parlamento o ter posto em causa, portanto sujeitem-se às regras.
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