HOJE NO
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Envelhecimento.
Portugal na cauda da Europa
no bem-estar de idosos
Fraca formação escolar da população acima dos 60 é o parâmetro negro na avaliação da Global AgeWatch.
Olhando para os resultados do índice Global AgeWatch
de 2015 – que avalia o bem-estar social e económico das pessoas com mais
de 60 anos de idade –, Portugal não é um bom país para envelhecer. Pelo
menos, no contexto da Europa Ocidental, ranking em que ocupa a terceira
pior posição, apenas à frente de Malta e da Grécia.
.
A nível mundial, a classificação é melhor, com um 38.º lugar entre os
96 países avaliados e, portanto, algumas posições acima do meio da
tabela. O que vem a seguir está longe de ser novidade: Suíça (que volta a
ocupar o primeiro lugar da tabela), Noruega, Suécia e Alemanha ocupam
as primeiras posições do ranking.
O baixo nível de formação dos mais idosos é o parâmetro que mais
contribui para a classificação global negativa portuguesa. O relatório
apresentado pela HelpAge (uma associação com intervenção mundial que
actua em prol da promoção dos direitos e necessidades da população mais
idosa), recorda que apenas 15,7% dos portugueses com mais de 60 anos têm
formação superior ou, pelo menos, concluiu o ensino secundário. Ainda
no campo da “capacitação” dos idosos, o nível de desemprego entre as
pessoas ainda em idade laboral (mas mais perto da reforma) situa-se nos
53,1%.
Com uma pequena nuance. O relatório é referente a 2015 mas baseia-se
em dados do ano anterior para traçar o mapa dos países mais amigos do
envelhecimento. É isso que explica que, ainda antes de uma mais
significativa redução do desemprego, o relatório aponte o dedo à falta
de emprego
em Portugal, cujas taxas se encontravam “num máximo histórico”, com o
pais a apresentar a “terceira maior taxa de desemprego para os
trabalhadores entre os 55 e os 64 anos” entre os países analisados. Na
altura, essa taxa encontrava-se nos 13,5%. Em comparação com 2008, a
taxa mais que tinha duplicado.
No entanto, há outro dado que manteve intacta a sua actualidade: a
falta de oportunidades de formação sénior. “É este, em particular, o
caso quando nos referimos à educação básica e à utilização de novas
tecnologias” por parte da população idosa, apontam os autores. “A
universidade sénior foi implementada no início da década de 1990, mas a
maior parte destas instituições encontram-se nas áreas urbanas, onde o
nível de formação é historicamente mais elevado”, notam ainda, dando
conta do abandono geral a que estão votadas as populações do interior do
país.
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A má classificação é reforçada pela comparação com as edições
anteriores do índice. Este ano, Portugal não vai além da 83.ª posição
neste campo, um lugar abaixo do ano passado, quatro abaixo de 2013.
Ambiente pouco favorável “Em 2012, o governo português reduziu os
apoios para transportes públicos dos idosos”, começa por referir o
relatório, para acrescentar que “seis meses depois do corte, a empresa
responsável pela gestão do sistema publico de transportes deu conta de
que 41 mil idosos tinham deixado de comprar o passe social”.
Um golpe duro na deslocação da população sénior, que se deparou com uma
redução da frequência dos autocarros (passaram a chegar mais cheios às
paragens, tornando “quase impossível” a movimentação destes cidadãos).
Portugal fica sensivelmente a meio da tabela neste parâmetro de
análise, mesmo que a “proliferação de lares ilegais” se tenha tornado
uma questão relevante a encarar por parte do poder político: “As
estimativas indicam que cerca de 20 mil idosos vivam em três mil lares
ilegais em todo o país”. Outros 39 mil idosos vivem sozinhos ou
isolados.
a saúde dá um empurrão Do lado das boas notícias, a prestação de
cuidados de saúde conquista uma posição de destaque. Mas também não
passa sem uma mancha no relatório.
Primeiro, os números. Um português pode aspirar a viver, em média,
mais 24 anos depois de atingir os 60 anos de idade – até aos 84,
portanto. E 17.6 anos desse período serão vividos com um nível de saúde
satisfatório. Em termos psicológicos, refere o relatório da HelpAge que
90.5% das pessoas com mais de 50 anos consideram que a sua vida “tem um
sentido”, quando comparados com o total de pessoas entre os 35 e os 49
anos que sentem o mesmo.
Em suma, Portugal consegue uma “posição moderada” no ranking, quando é
tido em conta todo o universo analisado no Global AgeWatch de 2015.
“Apresenta um resultado abaixo da média na taxa de pobreza entre os
idosos (7,8%) e uma taxa acima da média na taxa de bem-estar (95%).
* Pelo seu "patuá" televisivo Passos Coelho finge que ainda não percebeu que é este o país real, lidera bem os "patuateiros" do governo.
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