.
IN "AÇORIANO ORIENTAL"
03/0715
Do apeadeiro à ilegalidade
Ora vamos lá trocar algumas impressões sobre a tão desejada e
idolatrada concorrência, a tal que, só por si, é capaz de diminuir
preços aos consumidores, aumentar a qualidade da oferta e proporcionar
níveis de comodidade nunca antes vistas...
É sabido que os aviões avariam. Razões diversas – umas mais graves,
outras menos – podem fazer com que os ‘pássaros’ das nossas autoestradas
se vejam obrigados a permanecer, por tempo indeterminado, em terra. É
sabido que este tipo de situações provocam (quase sempre) transtornos de
monta a quem se vê, subitamente, impossibilitado/a de fazer a viagem
programada e à qual se seguiria um conjunto de compromissos, nem sempre
fáceis de recalendarizar. E é sabido que estas avarias não se anunciam,
pelo que, de forma inesperada e a desoras, podem acontecer.
Sendo assim, algumas coisas estão a funcionar mal, no serviço que a
EasyJet nos está a prestar. A semana passada, um voo que deveria sair de
Ponta Delgada às 9h25, com destino a Lisboa, acabou por só se realizar
no dia seguinte, pelas 8h00. Pondo de lado alguns episódios
incompreensíveis e até caricatos (para uma companhia com tão larga
experiência), reconhecendo a simpatia dos/as funcionários
easyjetianos/as, não é possível desvalorizar a razão objetiva que
obrigou 160 passageiros a permanecerem 6 horas seguidas, no aeroporto,
tendo, depois, que ir embora e regressar, no dia seguinte, de
manhãzinha.
A razão do adiamento, por vinte e quatro horas, deste voo específico,
não foi o ‘choque’ ocorrido, entre o nariz do avião e uma ave. Não foi a
impossibilidade de corrigir os estragos feitos. Não. Isso foi feito em
pouco mais de duas horas. O motivo pelo qual o avião (e os/as
passageiros/as) tiveram de esperar para o dia seguinte – e de acordo com
as informações que nos foram prestando - foi o facto do técnico
superior, responsável pela ‘assinatura’ que autorizaria o avião a
levantar voo...não estar, nem em S. Miguel, nem em nenhuma das ilhas dos
Açores e, alegadamente, nem sequer no continente! Por isso, foi preciso
dar-lhe tempo para chegar a Ponta Delgada.
Partindo do princípio de que os Açores não são um apeadeiro de 2ª (e
não são!), é absolutamente inaceitável esta situação, a qual tem de ser
corrigida com a máxima urgência.
Mas para que ninguém se fique a rir sozinho, temos outra ‘anedota’
para contar, desta vez com a Ryanair e esta bem mais grave do que a
anterior.
Alguém compra, nesta companhia, um bilhete Lx-PDL-Lx, via net,
pagando-o com cartão de crédito. Obviamente, mais tarde desloca-se ao
Terminal 2, pedindo a respetiva fatura, afim de ser ressarcido pela
entidade patronal do bilhete pago por si. Resposta: ‘Aqui, não passamos
faturas. Tome lá um papelinho com o número de telefone da sede da
companhia, na Irlanda. Ligue, peça lá a fatura e não se esqueça de falar
em inglês’!
No meu vocabulário esta situação tem um nome muito feio: chama-se
fuga ao fisco, descarada, consentida e abençoada! No mesmo país onde é
obrigatório passar fatura de um simples café, sob pena de ser multado!
Assim, caros/ leitores/as, é muito fácil fazer concorrência, seja a
quem for e sair, largamente, a ganhar. Até eu, que não percebo nada de
negócios, era bem capaz de ter sucesso! Se isto é a marca do ‘espírito
empreendedor’ de que tanto se fala...estamos bem tramados/as!
IN "AÇORIANO ORIENTAL"
03/0715
.
Sem comentários:
Enviar um comentário