HOJE NO
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Atropelamentos.
Passadeiras são pontos críticos
em Lisboa e Porto
Importância dada aos carros empurrou os peões para passeios “desconfortáveis e perigosos”.
Desde 2011 que o número de mortes entre peões tem
vindo a diminuir, mas ainda há muito a fazer. Sobretudo nas cidades. A
maioria dos acidentes acontece nas ruas e as principais vítimas são os
idosos acima dos 75 anos, segundo os dados da Autoridade Nacional de
Segurança Rodoviária.
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As estatísticas mais recentes mostram que em 2013 foram atropelados 5499
peões e os casos verificados na capital concentraram mais de 12% do
total nacional. Em Lisboa, as principais vítimas são as mulheres e os
atropelamentos aconteceram entre as 16h e as 19h. Segundo o Plano de
Acessibilidade Pedonal, quase um terço destes acidentes ocorreram nas
freguesias de Alvalade, Avenidas Novas, Arroios e Benfica.
Boa parte da explicação para este fenómeno está nas “alterações do
espaço público, que têm sido extremamente penalizadoras para os peões”,
defende Mário Alves, da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados. Nas
últimas décadas, as faixas de rodagem empurraram os peões para as
margens da rua, “encostando- -os às fachadas dos edifícios em passeios
estreitos, desconfortáveis e perigosos”, denuncia.
A maioria dos atropelamentos no Porto ocorreram nas passadeiras e, em
Lisboa, os acidentes também aconteceram enquanto o sinal estava verde
para os peões: “Os tempos dos semáforos foram calibrados de forma a
favorecer o tráfego automóvel, muitas vezes não cumprindo os mínimos
aceitáveis de verde para o atravessamento de peões”, acrescenta,
deixando um alerta: “Há muito trabalho a fazer. É óbvio que Lisboa e
Porto não estão a ser pensadas para os peões.”
A prioridade passa por verificar quais as condições objectivas nos
locais mais perigosos, explica ao i o vereador João Afonso. E é esta a
tarefa que a Câmara de Lisboa diz a estar a fazer em articulação com as
juntas de freguesia e outras entidades, “se as passadeiras se mantêm e
como estão os sinais”. Mas “os acidentes ocorrem nos locais de maior
segurança. Logo, é preciso mais do que isto”. O plano passa por alterar
as condições estruturais: “Não basta ter um sinal, são precisas medidas
como estreitar as vias, medidas de acalmia de tráfego e de abrandamento
de velocidade”, que podem passar pela utilização de lombas sonoras.
Mentalidades
O objectivo é facilitar a vida de quem anda a pé na
cidade. “Não penso que haja nenhuma cidade contemporânea que esteja
preparada para peões”, diz o vereador com o pelouro dos Direitos
Sociais, acrescentando que “houve uma inversão no século XX em que a
prioridade passou a ser os carros e não os peões, que somos todos nós.”
É então precisa uma mudança de mentalidade. “Quando reclamamos, a
tendência é fazê-lo enquanto automobilistas”, enfatiza João Afonso. Tem
de se começar por intervir “em pontos onde há mais pessoas a andar a pé e
onde já se verificaram acidentes”.
Na cidade do Porto, as estatísticas da câmara mostram que, de Janeiro de
2011 a Maio de 2015, registou-se um total de 1302 atropelamentos dos
quais resultaram 1325 vítimas. Os atropelamentos fora das passadeiras
fizeram sete mortos. Existem mais vítimas de atropelamentos em
passadeiras, mas o número de mortes é apenas uma. As ruas onde ocorreram
mais acidentes foram a Estrada da Circunvalação (55) e a Avenida de
Fernão de Magalhães (50).
Ponto crítico
A vereadora da Mobilidade explica ao i que a Fernão de
Magalhães “é uma avenida de saída da cidade e tem uma largura muito
grande”. O atravessamento das passadeiras nesta rua “é feito com pouca
segurança porque têm muita área de exposição”. Há duas passadeiras mais
problemáticas e, apesar de a câmara ter colocado sinalização LED, “são
consideradas um ponto negro no plano da sinistralidade”. Cristina
Pimentel afirma que a actuação ainda é reactiva: “Procuramos intervir
nos pontos críticos quer pela colocação de sinalização LED, quer pela
introdução de medidas de acalmia de tráfego.”
Contudo, assume que é necessária uma transição para medidas pró-activas.
A câmara está a preparar um Plano Municipal de Segurança Rodoviária que
espera fechar até ao final do ano e que pressupõe medidas mais
generalistas que acautelem os acidentes. “Temos de ser mais preventivos e
menos reactivos. Essa tem de ser a batalha, o passo que temos de tomar a
seguir”, remata.
* Um gajo/a com carta que atropele, por absoluto desrespeito, um peão numa passagem é levemente penalizado, um tipo/a apanhado a conduzir sem respectiva habilitação mas sem acidentes, é um criminoso.
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