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"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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Furacão Varoufakis
deixou marcas na Europa
Yanis Varoufakis demitiu-se depois de menos de
meio ano à frente do Ministério das Finanças grego. Coleccionou mais
ódios do que conquistas diplomáticas, mas sai depois de uma grande
vitória interna no referendo de ontem.
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T-shirt cinzenta e capacete na cabeça. É essa a última imagem que temos de Yanis Varoufakis como ministro das Finanças grego. Saiu de cena como viveu os cinco meses à frente dos destinos económicos do País: nos seus próprios termos. Neste caso, de mota. Para o bem ou para o mal, a sua presença deixou marcas na Europa.
T-shirt cinzenta e capacete na cabeça. É essa a última imagem que temos de Yanis Varoufakis como ministro das Finanças grego. Saiu de cena como viveu os cinco meses à frente dos destinos económicos do País: nos seus próprios termos. Neste caso, de mota. Para o bem ou para o mal, a sua presença deixou marcas na Europa.
O NOVO MINISTRO É O PENDURA |
Há poucos dias, Varoufakis tinha dito que preferia cortar um braço a
assinar um acordo que não tenha um alívio do endividamento do Estado
grego. Nunca saberemos se o faria. Apesar de o "não" ter vencido o
referendo de ontem por larga margem e o Governo ter ganho argumentos
para a negociação com os credores, o professor da Universidade do Texas
decidiu demitir-se.
"Logo após o anúncio dos resultados do referendo, fiquei ciente de
uma certa preferência de alguns participantes do Eurogrupo e de variados
'parceiros' pela minha...'ausência' nestes encontros", escreveu esta
manhã no seu blogue. "Uma ideia que o primeiro-ministro considera
potencialmente útil para chegar a um acordo. Por esta razão deixo hoje o
Ministério das Finanças."
Mesmo na declaração final, o seu tom foi desafiante: "Usarei com orgulho a repugnância dos credores [por mim]."
Nos últimos meses, tornou-se claro que a presença de Varoufakis nas
reuniões europeias era cada vez mais desprezada pelos restantes estados
membros, constituindo-se como um obstáculo mais do que uma ajuda à
existência de um acordo. O próprio ministro não o escondia. Em Abril
citou o antigo Presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt para
mostrar como as relações diplomáticas com os seus parceiros estavam
difíceis. "Eles são unânimes no seu ódio por mim e eu congratulo-me pelo
seu ódio."
Cabelo rapado, casacos de cabedal, mochila em vez de pasta e uma
Yamaha 1300 cc entre as pernas. Em cinco meses, Varoufakis comportou-se
com uma informalidade que nenhum outro ministro das Finanças europeu se
atreveu a assumir. Dava muitas entrevistas, falava regularmente pelo Twitter
- durante algum tempo até escrevia posts no blogue - e divulgava o
conteúdo de reuniões anteriormente sigilosas. Dependendo de a quem
perguntar, a sua postura pode ser vista como uma lufada de ar fresco na
Europa, um académico competente, bom orador e pouco disposto aos jogos
políticos; ou… como um intelectual arrogante, pouco preparado para a
luta política e com deficientes capacidades diplomáticas.
O homem que lutou pelo fim da austeridade na Grécia? Ou o responsável
por deixar o povo grego a ter de contar as notas que levanta no
multibanco?
A verdade é que o seu estilo lhe permitiu marcar pontos dentro de
portas. No exterior, por vezes foi capaz até de alienar aqueles que
poderiam ser seus aliados. O Financial Times lembra que, na primeira
visita que fez a Roma como ministro das Finanças, afirmou publicamente
que a dívida italiana era insustentável, o que levou a uma repreensão do
seu homónimo Pier Carlo Padoan.
O percurso de Varoufakis também não foi ausente de percalços
mediáticos. Talvez o mais conhecido tenha sido a reportagem feita pela
Paris Match, que foi a sua casa fotografá-lo a tocar piano ou a posar
com a mulher no terraço com vista para a Acrópole. Imagens estranhas
para quem estava à frente de um país à beira de uma crise humanitária.
Varoufakis designava-se como um "marxista errático". Filho de um
grande industrial grego, estou nas universidades gregas de Essex, East
Anglia e Cambridge. Há 17 anos mudou-se para a Austrália, tendo
actualmente dupla nacionalidade. Regressaria à Grécia em 2000 para dar
aulas na Universidade de Atenas. Há dois anos foi contratado pela
Universidade do Texas, em Austin.
Para o lugar do iconoclasta ministro das Finanças grego deverá ser
escolhido um nome mais moderado dentro do Syriza - fala-se de Euclid
Tsakalotos -, mas as dificuldades da Grécia serão as mesmas.
* Para nós Varoufakis é um enorme murro no estômago do neo-nazismo financeiro mundial, não acreditamos que partiu sem regresso.
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