HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
"AÇORIANO ORIENTAL"
Empresa da Terceira quer exportar
leite de burra dos Açores para
a indústria cosmética
Uma empresa na ilha Terceira quer exportar leite de burra para a
indústria cosmética e alega que a pastagem dos Açores confere ao
produto caraterísticas únicas no mundo.
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"Já sabíamos que o leite de vaca tinha o dobro do ómega 3 do leite
produzido noutro sítio. Viemos a confirmar, através de um estudo feito
pela Universidade dos Açores, que o nosso leite de burra também tem o
dobro do ómega 3 do outro leite produzido a nível mundial e esse é um
caracter altamente diferenciador", salientou, em declarações à Lusa,
Marcos Couto, sócio da Asinus Atlânticus.
A empresa nasceu há três anos e durante esse período consolidou o
efetivo e apurou a qualidade do leite. A partir de setembro deste ano
Marcos Couto conta começar a exportar leite em pó para a indústria
cosmética.
Para trás ficam muitas adversidades e horas de aprendizagem, porque
quando iniciaram o negócio, os sócios (dois irmãos e respetivos
cônjuges) nada sabiam sobre o maneio dos burros.
"Houve aqui um processo de aprendizagem e de adaptação, porque
tínhamos algum 'know how' daquilo que é o maneio da vaca, mas fomos
percebendo que o maneio e as características deste animal eram
diferentes", explicou Marcos Couto.
Foi através de uma reportagem na televisão que descobriram o
potencial do leite de burra, mas só quando avançaram com o projeto
descobriram que podiam ter alguma vantagem competitiva em relação ao que
já existia no mercado.
"O leite dos Açores tem uma característica única a nível mundial,
graças ao efeito do mar sobre as nossas pastagens", salientou o
empresário, explicando que o ómega 3 é "antioxidante".
Para além da falta de informação sobre esta espécie em Portugal, os
empresários depararam-se com a escassez de burros na ilha Terceira.
"Isso foi um problema. Comprávamos aquilo que existia, porque já eram
muito poucos. E desse lote inicial viemos a deparar-nos com muitos
problemas de gestação", explicou Marcos Couto.
Atualmente, a Asinus Atlânticus tem um efetivo de 15 animais, entre
os quais se encontram alguns com características do Burro da Graciosa,
reconhecido como raça autóctone no final de junho.
Mais pequenas do que as da raça de Miranda, as burras da Graciosa têm
vantagens e desvantagens na produção de leite, por isso, no futuro os
empresários ainda terão de avaliar se será ou não "vantajoso" investir
nesta raça.
"O grande problema da burra da Graciosa é efetivamente a sua fraca
capacidade produtiva. É um animal que produz sensivelmente entre 900
mililitros e 1 litro e 100 de leite por dia, significativamente abaixo
de outros animais. Também é verdade que tem necessidades alimentares
muito inferiores", explicou Marcos Couto.
Com o efetivo atual, a empresa produz cerca de cinco litros de leite
por dia, uma quantidade bastante inferior à produzida numa exploração
bovina, mas os custos associados são praticamente os mesmos, já que a
exploração tem também máquina de ordenha, por exemplo.
A falta de terrenos disponíveis perto da exploração faz, no entanto,
com que seja impossível, pelo menos por enquanto, ultrapassar as 20
fêmeas produtoras.
A liofilização (transformação do leite em pó) é feita também na
exploração, o que permite uma maior conservação do produto e reduz os
custos de exportação.
A empresa está atualmente em processo de conversão para que o leite
seja certificado como biológico, o que Marcos Couto estima que aconteça
no final de 2015.
* Isto é um exemplo para os outros produtores de gado vacum, diversificar é sinónimo de sucesso.
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