07/04/2015

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HOJE NO
 "AÇORIANO ORIENTAL"

Especialista defende aposta comercial 
na carne de vaca da única raça
 autóctone dos Açores

O especialista em genética animal Luís Telo da Gama defende que a única raça de gado autóctone dos Açores pode ser uma mais-valia na fileira da carne no futuro da economia açoriana.
 
“Esta raça [Ramo Grande] tem, de facto, um papel importante a desempenhar em termos de produção de carne nos Açores que poderá ser importante no futuro, numa altura em que a produção do leite poderá não ser a vocação única”, defendeu, em declarações à agência Lusa, o docente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa.

O investigador, pós-doutorado na Universidade de Guelph (Canadá) admite que o número de animais da raça Ramo Grande terá de se expandir, uma vez que a sua população “ainda é muito reduzida”, através dos apoios e promoção adequada.

Este animal autóctone foi introduzido nos Açores aquando do povoamento das ilhas, no século XV, e, dadas as características insulares e o isolamento geográfico, adquiriu características específicas que deram origem aos bovinos Ramo Grande.

Luís Telo da Gama está nos Açores para participar hoje, na ilha de São Jorge, no "1.º Dia do Criador da Raça Ramo Grande", uma iniciativa da Direção Regional da Agricultura do Governo açoriano, em parceria com a associação de criadores da raça.

O docente considera que o programa de melhoramento animal que está a ser desenvolvido com estes bovinos pode revelar-se muito importante porque irá ajudar os criadores a selecionar as melhores cabeças, que podem ser potenciadas em termos económicos.

O autor do livro "Melhoramento Genético Animal" sublinhou o “trabalho notável” que foi desenvolvido nas diferentes ilhas dos Açores no sentido de preservar a raça Ramo Grande, considerando que o efetivo que existe é suficiente para desenvolver um programa de seleção.

Estes animais eram utilizados em trabalhos agrícolas pela sua agilidade, considerando o docente da Universidade de Lisboa ser agora necessário conseguir tirar partido dos mesmos de outra forma, nomeadamente, através de produtos com certificação de origem associada à única raça de vacas que é autoctone dos Açores.
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“Realmente, a vaca preta e branca que se vê em todo o lado é uma raça que foi importada, que se expandiu e adaptou muito bem aos Açores, mas aquela que legitimamente se desenvolveu neste território foi a raça Ramo Grande”, frisou.

No âmbito do evento Dia do Criador da Raça Ramo Grande, vai ser lançado em livro com a primeira avaliação genética da raça.

No prefácio da publicação, o secretário regional da Agricultura e Ambiente refere que este é um “ponto de partida para ações futuras, uma vez que o principal objetivo de um programa de melhoramento animal, por seleção, é permitir uma escolha eficaz dos animais com base no seu mérito genético”.

“Esta avaliação genética pretende ser o começo de um novo ciclo de trabalho em que todos, técnicos e criadores, têm de se empenhar para que a seleção da raça Ramo Grande seja, cada vez mais, uma realidade e vá ao encontro dos objetivos pretendidos”, escreve Luís Neto Viveiros.

Atualmente, a raça Ramo Grande conta com mais de 1.300 bovinos registados no livro de animais adultos.

* Uma proposta inteligente que merece ser ouvida.

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