08/02/2015

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ESTA SEMANA N0
"EXPRESSO"

Offshore algarvio terá furo em 2015 

As reservas de gás da costa algarvia são superiores ao que se esperava. Repsol e Partex iniciam perfuração.

A prospeção de gás natural na costa algarvia poderá "constituir uma boa surpresa para Portugal", admite o presidente da Partex, António Costa Silva, que participa neste projeto de prospeção de gás natural.

O resultado da primeira prospeção será conhecido este ano, provavelmente no quarto trimestre, altura em que o consórcio liderado pela petrolífera espanhola Repsol - que integra a Partex, com 10% - deverá avançar para a realização do primeiro furo no offshore marítimo, a mais de 30 quilómetros da praia.
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A área específica de perfuração está identificada na malha de dados recolhidos pelo levantamento da sondagem marítima - a designada "sísmica 3D" - que facultou a leitura geológica dos solos costeiros a nível tridimensional, depois de ter sido feita a primeira leitura de dados a 2D.

"A zona com potencial de reservas de gás natural parece ter quantidades superiores ao volume inicialmente previsto, correspondendo a uma reserva de gás natural que poderá ser três a quatro vezes maior que as reservas do campo Poseidon,  no golfo de Cádis, a cerca de 30 quilómetros de Huelva, onde foi explorado gás natural durante muitos anos até essas reservas terem sido esgotadas", explica Costa Silva.

"O campo de Poseidon tinha reservas de 98 biliões de pés cúbicos (bcf) de gás natural, enquanto o potencial das reservas da costa algarvia pode ser três a quatro vezes superior, ou seja, pode ter entre 290 e 390 bcf de gás natural", admite o responsável da Partex. 
A confirmação destas reservas de gás "seria muito importante para Portugal, sobretudo se uma parte significativa deste gás entrasse na rede nacional de gasodutos e conseguisse ser armazenado nas cavernas de Pombal", diz Costa Silva.

"Portugal importa anualmente €1,5 mil milhões de gás natural e uma descoberta desta dimensão na costa do Algarve iria reduzir consideravelmente as importações deste tipo de energia, permitindo igualmente que Portugal pudesse revender gás natural  para outros países, beneficiando da arbitragem de oportunidades de mercado quando surgissem interessados a pagar preços competitivos", adiantou.
O primeiro furo no offshore algarvio será feito a profundidades que, no máximo, vão até cerca de mil metros, onde estará previsivelmente localizada a reserva de gás natural que o consórcio pretende captar.

O custo de um furo deste tipo rondará os 80 milhões de dólares, cabendo cerca de 8 milhões de dólares à Partex, pelos 10% que detém no consórcio. O investimento principal ficará a cargo da Repsol, embora até ao quarto trimestre de 2015 ainda possam entrar mais parceiros para este consórcio.

"Ter uma exposição de 90% num consórcio deste tipo é manifestamente excessivo, sendo normal que haja outros parceiros para redistribuir o risco dos projetos", comenta Costa Silva.

Este consórcio chegou a integrar os alemães da RWE, que detinham uma participação de 25%, mas posteriormente saíram, deixando a Repsol, com 90% do consórcio. Fonte da Repsol admite que serão captadas para este projeto novas empresas, sendo ainda imprevisível a participação que venham a ter. "Não terá de coincidir obrigatoriamente com os 25% que a RWE detinha", comenta a fonte da Repsol.

De resto, este projeto não terá impactos visuais para quem está na orla costeira. "É quase impossível, estando na praia, conseguir ver o que se passa a 40 ou 50 quilómetros no mar", comenta o responsável da Partex. "Nem se entende por que razão houve receios por parte de grupos ambientalistas quando o projeto foi debatido publicamente, tal como não se percebe por que motivo é que o projeto levou tanto tempo a ser viabilizado pelo Governo", adianta Costa Silva, aludindo ao longo período em que o ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, manteve "congelada" a concessão destas áreas offshore.

* Será uma riqueza para Portugal o sucesso da operação, desde que não vendam a parte pública aos chineses.


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