ESTA SEMANA N0
"EXPRESSO"
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Offshore algarvio terá furo em 2015
As reservas de gás da costa algarvia são superiores ao que se esperava. Repsol e Partex iniciam perfuração.
A prospeção de gás natural na costa algarvia poderá "constituir uma boa
surpresa para Portugal", admite o presidente da Partex, António Costa
Silva, que participa neste projeto de prospeção de gás natural.
O resultado da primeira prospeção será conhecido este
ano, provavelmente no quarto trimestre, altura em que o consórcio
liderado pela petrolífera espanhola Repsol - que integra a Partex, com
10% - deverá avançar para a realização do primeiro furo no offshore
marítimo, a mais de 30 quilómetros da praia.
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A área específica de perfuração está identificada na malha de dados recolhidos pelo levantamento da sondagem marítima - a designada "sísmica 3D" - que facultou a leitura geológica dos solos costeiros a nível tridimensional, depois de ter sido feita a primeira leitura de dados a 2D.
"A zona com potencial de reservas de gás natural parece
ter quantidades superiores ao volume inicialmente previsto,
correspondendo a uma reserva de gás natural que poderá ser três a quatro
vezes maior que as reservas do campo Poseidon, no golfo de Cádis, a
cerca de 30 quilómetros de Huelva, onde foi explorado gás natural
durante muitos anos até essas reservas terem sido esgotadas", explica
Costa Silva.
"O campo de Poseidon tinha reservas de 98 biliões de
pés cúbicos (bcf) de gás natural, enquanto o potencial das reservas da
costa algarvia pode ser três a quatro vezes superior, ou seja, pode ter
entre 290 e 390 bcf de gás natural", admite o responsável da Partex.
A
confirmação destas reservas de gás "seria muito importante para
Portugal, sobretudo se uma parte significativa deste gás entrasse na
rede nacional de gasodutos e conseguisse ser armazenado nas cavernas de
Pombal", diz Costa Silva.
"Portugal importa anualmente €1,5 mil milhões de gás
natural e uma descoberta desta dimensão na costa do Algarve iria reduzir
consideravelmente as importações deste tipo de energia, permitindo
igualmente que Portugal pudesse revender gás natural para outros
países, beneficiando da arbitragem de oportunidades de mercado quando
surgissem interessados a pagar preços competitivos", adiantou.
O primeiro furo no offshore algarvio será feito a
profundidades que, no máximo, vão até cerca de mil metros, onde estará
previsivelmente localizada a reserva de gás natural que o consórcio
pretende captar.
O custo de um furo deste tipo rondará os 80 milhões de
dólares, cabendo cerca de 8 milhões de dólares à Partex, pelos 10% que
detém no consórcio. O investimento principal ficará a cargo da Repsol,
embora até ao quarto trimestre de 2015 ainda possam entrar mais
parceiros para este consórcio.
"Ter uma exposição de 90% num consórcio deste tipo é
manifestamente excessivo, sendo normal que haja outros parceiros para
redistribuir o risco dos projetos", comenta Costa Silva.
Este consórcio chegou a integrar os alemães da RWE, que
detinham uma participação de 25%, mas posteriormente saíram, deixando a
Repsol, com 90% do consórcio. Fonte da Repsol admite que serão captadas
para este projeto novas empresas, sendo ainda imprevisível a
participação que venham a ter. "Não terá de coincidir obrigatoriamente
com os 25% que a RWE detinha", comenta a fonte da Repsol.
De resto, este projeto não terá impactos visuais para
quem está na orla costeira. "É quase impossível, estando na praia,
conseguir ver o que se passa a 40 ou 50 quilómetros no mar", comenta o
responsável da Partex. "Nem se entende por que razão houve receios por
parte de grupos ambientalistas quando o projeto foi debatido
publicamente, tal como não se percebe por que motivo é que o projeto
levou tanto tempo a ser viabilizado pelo Governo", adianta Costa Silva,
aludindo ao longo período em que o ex-ministro da Economia, Manuel
Pinho, manteve "congelada" a concessão destas áreas offshore.
* Será uma riqueza para Portugal o sucesso da operação, desde que não vendam a parte pública aos chineses.
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