Urgência urgente!
Há vários anos – neste jornal, em diversas intervenções
públicas e como deputada do Bloco de Esquerda/Açores -, abordei, muitas
vezes, a problemática da base das Lajes.
Fi-lo sempre em consonância com aquilo que, para mim, são os mais altos interesses dos Açores.
Se, por um lado, não aceitava (nem aceito!) que a minha terra de
adoção seja um trampolim para semear a morte sobre outros povos - em
guerras injustas e até ilegais, face ao direito internacional -, por
outro lado, considero que esta infraestrutura pode transformar-se num
fator de desenvolvimento dos Açores e de criação de postos de trabalho
qualificado.
Os Açores estavam e estão impedidos, no seu desenvolvimento, por
causa de interesses alheios e por dogma ideológico da elite dirigente
(na República e na Região) e, isso, eu não posso aceitar.
No passado, os defensores da base militar ainda podiam mostrar as
contrapartidas e os cerca de quatro mil trabalhadores que lá ganhavam o
seu pão. Mas, com o tempo, tudo isso se foi perdendo, as contrapartidas
acabaram e, paulatinamente, o número de postos de trabalho foi
diminuindo, para os cerca de 800 de hoje.
Alertei, desde 2006, que os postos de trabalho também iriam diminuir,
drasticamente, a curto/médio prazo, não por ter uma bola de cristal,
mas porque o Atlântico deixou de ser o eixo económico do mundo, em
consequência da alteração da estratégia da Nato, promovida pelos Estados
Unidos.
Não são os nomes que, então, me chamaram que me afligem. O que me
aflige, hoje, são as centenas de trabalhadores/as no desemprego,
centenas de famílias em angústia e, por via indireta, a depressão
económica, numa ilha, onde as alternativas não existem. Esta é que é a
verdadeira aflição!
Mas, se isto é verdade, aqueles que, por interesses variados, não
precaveram o futuro, foram cegos, surdos e mudos às mudanças dos tempos e
esquecem a aflição (que já se abate e se vai agravar) na Praia da
Vitória, na Terceira e, por arrasto, nos Açores.
É, pois, urgente, a exigência de um Plano de Emergência para a ilha
Terceira, que contemple uma majoração - em duração e valor - dos apoios
sociais. Um Plano de Emergência, em investimento público, que combata a
recessão económica, na Ilha e medidas extraordinárias de apoio ao
investimento privado.
Sem prejuízo de pensarmos o futuro, hoje, a emergência é uma
urgência! Não podemos esperar para o Outono e manda a decência que não
venha o Ministro da Solidariedade Social distribuir a sopa dos pobres.
Sem excluir as responsabilidades das entidades regionais, o centro da
responsabilidade está nos sucessivos governos da República e,
particularmente, do atual, que teve o desplante de nem responder ao
pedido de um plano de urgência (solicitado pelo Governo Regional) e, em
sede do Orçamento de Estado 2015, o PSD e o CDS chumbarem uma proposta
(exatamente, no mesmo sentido) apresentada pelo Bloco de Esquerda.
Passada uma semana, sobre a notícia dos despedimentos, é vergonhoso que
nenhum membro do Governo da República tenha tido, para com a população
da Praia da Vitória, uma palavra de solidariedade e de assunção de
responsabilidades.
Tenham vergonha!
Exigimos, de imediato, um plano de urgência de combate à crise
anunciada. É o mínimo que o Governo da República pode fazer, pela
responsabilidade que tem, na aflição de tantos milhares de pessoas.
IN "AÇORIANO ORIENTAL"
16/01/15
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