«José Maria Pedroto
30 anos de saudade!»
Foi em Abril de
1981 que tudo aconteceu, já vai em 33 anos! “É o cavalo do tempo a
galopar” como canta Miguel Torga, na sua Câmara Ardente! …
Era simples aluno do Instituto Superior de Educação Física do Porto e o convidado da Opção Futebol do 5º ano era, uma das figuras mais carismáticas do Futebol Português – José Maria Pedroto.
No período do debate, ousei formular a seguinte questão:
- Sr. Pedroto, qual a importância do jogo e as suas circunstâncias para a planificação do treino semanal duma equipa?
Surpreendeu-me ao perguntar o meu nome e ao convidar-me a visitar a sua “sala de aulas”, na altura o Vitória de Guimarães.
Imaginar-se-á a ansiedade que me acompanhou nessa deslocação. Tendo sido conduzido à presença do Sr. Pedroto, encontrei um treino “à porta fechada” entre o Vitória e o Gil Vicente, após o que fui convidado a entrar no seu gabinete.
Olhe, professor, diga-me lá: como funcionam as mitocôndrias? … e… que pensa dos treinos bidiários com um trabalho de força explosiva à tarde?… e… o que sabe sobre… Eu, ainda a preparar as respostas, fixei-me no seu olhar soberano e ao mesmo tempo paternal, e respondi:
- Desculpe, Sr. Pedroto, mas eu vim aqui procurar respostas para as minhas perguntas – aqui o senhor é que sabe! … ele esboçou um largo sorriso, acendeu um cigarro e agora numa voz mais pousada e terna disse-me:
- Ora pergunte lá o que pretende… e a noite entrou connosco numa conversa de Futebol, como jamais houvera tido! …
Carregado de dúvidas, algumas achegas, expectativas a reter e após esta primeira lição, imaginar-se-á a alegria que senti, quando me convidou a tomar um café no Velasquez, próximo da sua residência.
Ali, junto a uma coluna central, deu-me um lugar a seu lado e, depois de saborear mais uma tertúlia entre amigos (e eram tantos), convidou-me a acompanhá-lo até Guimarães, ao longo de cujo percurso a conversa se revelou crescentemente entusiasmante.
E os tempos iam passando, até que um dia quis surpreendê-lo. O Vitória jogava em Penafiel e eu “armado” de cronómetro e com base numa ficha criada para o efeito, fui registando - passes errados, ataques realizados, remates efectuados, (jogador, zona e tipo), percentagens relativas e absolutas, tempos de posse de bola, etc, etc.
Vim para casa e, no dia imediato historiei, de forma objectiva os dados do jogo, elaborei um histograma de barras (com lápis de cor) e procurei em 4 ou 5 páginas a análise mais elucidativa do jogo.
Na 3.ª feira seguinte, muito ansioso e expectante entreguei-lhe o material e ao mesmo tempo fiquei de olho na sua reacção. E eis-me que me saiu com esta:
- é pá… hoje o nosso treino vai valer por esta abordagem!… Morais, chama-me esses “meus meninos” ao balneário!…
Damas, Abreu, Romeu, Gregório Freixo, Festas, Tó Pedroto, Tó Zé, Flávio, Barrinha, Nivaldo, Tito… etc… todos convocados para uma reflexão imprevista, surpreendente e, à sua maneira anunciadora de novos processos.
- Agora vamos comparar estes dados com um jogo em casa e o próximo fora… diz-me! …
Aproximava-se a época 1982/83 e, num final de dia, abeirou-se de mim e lançou-me uma frase que me varreu a alma e que eu jamais poderei esquecer:
- Prof.- p’ro ano vai comigo p’ro Porto! …
E, num dia de Julho, transpus, pela primeira vez, a porta de acesso à sala onde estavam concentrados os técnicos e jogadores, tais como:
Zé Beto, Tibi, Fernando Gomes, Rodolfo, Jaime Pacheco, Sousa, João Pinto, Costa, Frasco, etc., e, logo mais um daqueles arranques à Pedroto que me fez estremecer novamente por dentro:
- Está aqui o homem que nos vai ajudar a ser Campeões! …
…eu?! …eu?! …, Sr. Pedroto, por amor de Deus, eu que nunca ganhei nada, eu venho aqui aprender a ser Campeão! Peço que me ensinem o caminho para todos sermos Campeões!
E foi assim o meu 1.º contacto com Pedroto, uma personalidade magnética e liderante no saber e no fazer. Ajudou-me a encontrar as respostas adequadas no tratamento do jogo para o treino e do treino para o jogo e o que dele emergia. Com o Pedroto fui convidado a observar o jogo e, a partir do mesmo, ensaiavam-se as notas explicativas para o rendimento do adivinhado sucesso por um treinador tão adiantado neste tempo da minha existência e a quem sempre devotarei a minha gratidão.
Era simples aluno do Instituto Superior de Educação Física do Porto e o convidado da Opção Futebol do 5º ano era, uma das figuras mais carismáticas do Futebol Português – José Maria Pedroto.
No período do debate, ousei formular a seguinte questão:
- Sr. Pedroto, qual a importância do jogo e as suas circunstâncias para a planificação do treino semanal duma equipa?
Surpreendeu-me ao perguntar o meu nome e ao convidar-me a visitar a sua “sala de aulas”, na altura o Vitória de Guimarães.
Imaginar-se-á a ansiedade que me acompanhou nessa deslocação. Tendo sido conduzido à presença do Sr. Pedroto, encontrei um treino “à porta fechada” entre o Vitória e o Gil Vicente, após o que fui convidado a entrar no seu gabinete.
Olhe, professor, diga-me lá: como funcionam as mitocôndrias? … e… que pensa dos treinos bidiários com um trabalho de força explosiva à tarde?… e… o que sabe sobre… Eu, ainda a preparar as respostas, fixei-me no seu olhar soberano e ao mesmo tempo paternal, e respondi:
- Desculpe, Sr. Pedroto, mas eu vim aqui procurar respostas para as minhas perguntas – aqui o senhor é que sabe! … ele esboçou um largo sorriso, acendeu um cigarro e agora numa voz mais pousada e terna disse-me:
- Ora pergunte lá o que pretende… e a noite entrou connosco numa conversa de Futebol, como jamais houvera tido! …
Carregado de dúvidas, algumas achegas, expectativas a reter e após esta primeira lição, imaginar-se-á a alegria que senti, quando me convidou a tomar um café no Velasquez, próximo da sua residência.
Ali, junto a uma coluna central, deu-me um lugar a seu lado e, depois de saborear mais uma tertúlia entre amigos (e eram tantos), convidou-me a acompanhá-lo até Guimarães, ao longo de cujo percurso a conversa se revelou crescentemente entusiasmante.
E os tempos iam passando, até que um dia quis surpreendê-lo. O Vitória jogava em Penafiel e eu “armado” de cronómetro e com base numa ficha criada para o efeito, fui registando - passes errados, ataques realizados, remates efectuados, (jogador, zona e tipo), percentagens relativas e absolutas, tempos de posse de bola, etc, etc.
Vim para casa e, no dia imediato historiei, de forma objectiva os dados do jogo, elaborei um histograma de barras (com lápis de cor) e procurei em 4 ou 5 páginas a análise mais elucidativa do jogo.
Na 3.ª feira seguinte, muito ansioso e expectante entreguei-lhe o material e ao mesmo tempo fiquei de olho na sua reacção. E eis-me que me saiu com esta:
- é pá… hoje o nosso treino vai valer por esta abordagem!… Morais, chama-me esses “meus meninos” ao balneário!…
Damas, Abreu, Romeu, Gregório Freixo, Festas, Tó Pedroto, Tó Zé, Flávio, Barrinha, Nivaldo, Tito… etc… todos convocados para uma reflexão imprevista, surpreendente e, à sua maneira anunciadora de novos processos.
- Agora vamos comparar estes dados com um jogo em casa e o próximo fora… diz-me! …
Aproximava-se a época 1982/83 e, num final de dia, abeirou-se de mim e lançou-me uma frase que me varreu a alma e que eu jamais poderei esquecer:
- Prof.- p’ro ano vai comigo p’ro Porto! …
E, num dia de Julho, transpus, pela primeira vez, a porta de acesso à sala onde estavam concentrados os técnicos e jogadores, tais como:
Zé Beto, Tibi, Fernando Gomes, Rodolfo, Jaime Pacheco, Sousa, João Pinto, Costa, Frasco, etc., e, logo mais um daqueles arranques à Pedroto que me fez estremecer novamente por dentro:
- Está aqui o homem que nos vai ajudar a ser Campeões! …
…eu?! …eu?! …, Sr. Pedroto, por amor de Deus, eu que nunca ganhei nada, eu venho aqui aprender a ser Campeão! Peço que me ensinem o caminho para todos sermos Campeões!
E foi assim o meu 1.º contacto com Pedroto, uma personalidade magnética e liderante no saber e no fazer. Ajudou-me a encontrar as respostas adequadas no tratamento do jogo para o treino e do treino para o jogo e o que dele emergia. Com o Pedroto fui convidado a observar o jogo e, a partir do mesmo, ensaiavam-se as notas explicativas para o rendimento do adivinhado sucesso por um treinador tão adiantado neste tempo da minha existência e a quem sempre devotarei a minha gratidão.
A seguir, com Artur Jorge e Tomislav Ivic, sendo aquele o que mais influência teve na aplicação do meu humilde conhecimento em termos de treino (atletas após lesão) e no treino personalizado para a optimização do rendimento, o F.C. PORTO vir-se-ia a constituir verdadeira cátedra da minha Universidade do fazer! …
Mas não esqueço o meu Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa - graças à sua anuência, um dia eu subi, em 1982/83, aquelas escadas e pude tocar o céu! …
Análise do Futebol Clube do Porto – (1982/83) – o lançamento de alicerces para GRANDES ÊXITOS do Futuro
“ Diz como jogas e eu te direi como deves treinar”! - era esta a filosofia de vida dum dos maiores treinadores de todos os tempos do Futebol Português. Anteriormente referenciado pela dinâmica de trabalho imposta, foi dos primeiros treinadores a constituir equipas técnicas com uma polivalência de funções, ultrapassando a generalidade conhecida pela existência dum Treinador Principal e um Treinador Adjunto, geralmente responsável pelo treino dos guarda-redes, no reconhecimento de que a complexidade do homem jogador reclamava intervenções diferenciadas.
As equipas técnicas do Pedroto eram geralmente constituídas por Técnico Principal, 1/2 Técnicos-adjuntos, Metodólogo de Treino e Técnico Observador e Análise de Jogo.
Pedroto, um técnico adiantado no tempo… uma personalidade inultrapassável na liderança dos saberes e fazeres, como disse. Foi na área da Observação e Análise do Jogo que propriamente iniciamos esta revolução em Portugal. Ajudou-me a encontrar a resposta da eficiência do tratamento do jogo para o treino, sendo este adaptado às circunstâncias e ensaiando notas explicativas para um rendimento do “adivinhado” sucesso.
No mapa correspondente à ficha de jogo (em média demorava 3 a 4 horas a tratar), alguns parâmetros assumiam prioridade de reflexão, tais como:
A Técnica ao serviço da excelência – estudo e análise do passe – o estatuto duma relação perfeita com base na comunicação gestual, dum todo ajustado às condicionantes do Jogo. Para Pedroto, no estudo e análise do passe, deveria ter-se em atenção:
- a observação da técnica utilizada e identificação do jogador e consequência.
- zona do terreno de jogo
- concentração de jogadores adversários
- condições atmosféricas e estado do terreno de jogo
- capacidade agressiva do opositor directo
- fundamental importância para a exigência de execução do último passe
- resultado no marcador.
Como nota de referência correspondente a este item, podemos salientar uma capacidade notável do passe, fazendo uma regressão para cerca de 50% do passe errado do início para o final da época, com maior incidência positiva no sector defensivo. Até se dizia que a equipa jogava de “olhos fechados”.
Outro dos parâmetros a merecer uma significativa importância, foi o estudo do remate – essa oportunidade que o jogador tinha de, correndo o risco, assumir a responsabilidade de finalizar uma jogada que teve um princípio e um meio, concluindo-a na obtenção do golo. A análise deste elemento, deveria fazer constar:
- referência do jogador rematador, tipo de remate efectuado e consequência
- zona de finalização
- característica da jogada que lhe antecedeu
- momento do jogo
Observações: – na avaliação deste elemento deveria constar o número de jogadas de ataque, no sentido de estudar a percentagem de eficácia da equipa (relativa – jogadas de ataque vs remates efectuados ou absoluta – remates realizados vs golos conseguidos).
Poderemos referir, ainda neste âmbito e a título de exemplo, que foi identificado um jogador que executou em 5 jogos 12 remates e apenas 1 golo e, nos 5 jogos seguintes, 18 remates e 8 golos.
Ainda uma referência especial à conquista da 1.ª bota de ouro por Fernando Gomes em 1982/83, efectuando um total de 162 remates e 36 golos, com a excelente média de 4,5 remates para a obtenção dum golo. Ainda a constatação de 88% de os golos terem sido obtidos em 5 zonas específicas no interior da área, sendo 50% com preparação, 25% sem preparação e 25% de cabeça.
A título de comparação, na conquista da 2.ª bota de ouro (1985/86), Fernando Gomes efectuou 151 remates e 39 golos, reduzindo a média para o valor excelente de 3,8 remates para a obtenção dum golo, sendo 50% dos totais efectuados numa única zona específica da área.
Um elemento de estudo sempre requerido era a Posse da Bola. A importância deste item para Pedroto era a constatação de que “quem é o dono da bola… é o dono do jogo”. Por isso a importância em referenciar este parâmetro na ficha de avaliação de jogo em cada 15 minutos, subdividindo o tempo de posse em cada 5 minutos. Entendia que:
- manter a posse da bola, seria manter a iniciativa do jogo, cansar o adversário, obrigando-o a jogar sob grande pressão psicológica e a entrar em crise de raciocínio.
- manter a posse da bola, implicava não apenas o domínio da mesma, mas, a elevada capacidade de protecção, condução e controle, criando as condições básicas mais favoráveis para a evolução do jogo, e, neste âmbito, o virtuosismo, a improvisação e a criatividade do jogador era uma mais valia para a confirmação deste princípio - e o F.C. Porto estava neste particular superiormente servido.
Como nota de referência, o facto de, num estudo correspondente a 1983/84, o tempo de posse de bola em relação aos adversários ter atingido o valor médio superior de 14 minutos e 22 segundos por jogo.
Outros elementos de reflexão por parte da liderança do Pedroto:
- A observação e análise do jogo como ponto de partida para o treino semanal. Daí a reunião de carácter técnico e reflexivo, com a presença de todos os jogadores (inclusive lesionados) e equipa técnica, antes do início do microciclo de treino semanal, no sentido de se avaliar de forma objectiva o comportamento individual e colectivo e construir as bases de orientação metodológica da semana, tendo em conta as competências também evidenciadas do próximo adversário, no sentido de preparar de forma bem explícita e documentada as melhores formas de o neutralizar.
- A importância da imprensa desportiva e diária referente á análise do jogo. Solicitou-me o Pedroto que avaliasse a qualidade informativa referente aos jogos realizados, classificando de 0 a 5 as críticas relatadas pelos jornalistas identificados, devendo ainda sublinhar a cores diferentes sobre o que entendesse ser verdade, mentira e digno de crítica.
- A importância da planificação do treino desportivo, preocupando-se com os factores onde se deveriam alicerçar a programação: material, locais de treino, potencial humano, condições socioeconómicas dos jogadores, calendário competitivo, testes, examinação médico-desportiva, etc., - sempre aberto a sugestões, à discussão das ideias, atribuindo e responsabilizando para as funções que pudessem conter segurança para obtenção de êxito.
- A importância na abordagem das competências psicológicas – controle da ansiedade, problemas de concentração, auto-confiança, confronto com a adversidade, motivação, espírito de equipa, etc., - hoje de tão flagrante evidência na investigação e, com poucas excepções, associadas ao treino, mereciam do Pedroto cuidado especial e muita reflexão.
Nos aspectos fundamentais da relação interpessoal Treinador/Jogador, como nos diz Martens (1987), alguns deles estavam contidos no seu discurso:
- as suas mensagens eram directas: ninguém tinha que saber por outro.
- assumia pessoalmente o que pretendia dizer.
- a mensagem verbal e não verbal procurava sempre ser congruente.
-a comunicação estava sempre sintonizada com a formulação de objectivos, desafiadores, mas realistas.
Formulava questões noite dentro, rompia conceitos, desafiava o erudito, encorajando sobretudo o intranquilo.
Para aqueles que entravam em desespero e agonia e se deixavam deprimir mais facilmente, usava compromissos de honra, sem um carácter crítico e depreciativo, raramente lhes apontando os erros de forma pública, bem de acordo com as orientações modernas da pedagogia.
Regra geral, chamava-os a sua casa, ao seu gabinete e confiava neles! …
Era assim mestre Pedroto. Pergunto, o que sobrou da sua doutrina?
Observação do jogo - qualificação do treino.
Coincidindo com a entrada de Pinto da Costa e José Maria Pedroto no F.C. Porto, a Imprensa Desportiva exibia títulos como estes:
- “observação geral de dados, recolha de factos observados de forma relacionada e inteligível, tratamento estatístico e reflexão do recolhido – desproblematização na construção de hipóteses explicativas, comparação dos níveis de rendimento e sua transferência para a metodologia de treino semanal”… (Jornal Porto, Jan. 1984).
- “poucos passes errados e mais tempo de posse de bola na base de clara supremacia do F.C. Porto” … “grande desnível de amplitude entre F.C. Porto e adversários” … “cada jogador é uma personalidade numa equipa que actua com base na multiplicidade e polivalência de funções” … “programação atenta, cuidada e científica no desenvolvimento de todo o treino” … (A Bola, 14 Fev. 1985).
- “campeão analisado no «laboratório» - menos remates, mais eficácia – equipa mais ofensiva, mais dinâmica , mais concretizadora”… (Jornal de Notícias, Maio 1985).
- “contribuir para a maximização do aproveitamento das mais importantes situações que influem no resultado final, objectivando-as, medindo-as, comparando-as para testar realidades, a partir da metodologia de treino criada, a arma dos Campeões!”… (revista Dragões, Dezembro, 1985).
- “F.C. Porto mais dinâmico, mais agressivo, mais eficaz e o seu modelo de jogo aproxima-se do «Futebol Total»”… (A Bola, 19 Abril 1986)
- “les plans du petit prof. observations extraordinaires sur le jeu de l´équipe. Simple originalité ou arme secret?… professeur Neto a inventé une methode pour chiffrer le football. Une méthode originale et dune saisissante precision, une base de travail pour le success… établir programme d´entraînement de la semaine en insistant sur les points faiblesmis en evidence”… (Revista France Football, 26. Maio 1987).
- “observações de caracterização de esforço em termos individuais, ou seja o espaço percorrido pelo jogador, a forma como o percorre, as intervenções técnicas que lhe estão inseridas num processo táctico estratégico, tendo em conta o jogo e o adversário”… (A Bola, 8 Out. 1987),…
E, com tudo isto, estava-se a anunciar as bases dum clube campeão, um futuro congregador de expectativas subjacentes às ideias do mestre Pedroto que me ajudou a encontrar as tais respostas da eficiência no tratamento do jogo para o treino, adaptado às circunstâncias que do mesmo fazia renascer. Observar e analisar o jogo, ensaiando notas explicativas para o rendimento, tendo o sucesso como limite ou talvez o princípio para a administração dum novo ciclo – eis a novidade.
As saudades do mestre foram aos poucos esmorecendo pela notável competência evidenciada pelo seu seguidor, o treinador – Artur Jorge. Da sua capacidade de liderança renascia um espírito de vitória que o mestre implantara, tendo, porém, acrescentado uma renovada força mobilizadora com base em novos parâmetros de análise, gerando, como vimos relatando, ainda mais eficácia na equipa e, numa promissora descodificação de competências entre os jogadores que dela faziam parte, criando e recriando uma cultura ganhadora, própria dum saber sustentado num fazer, ancorado nos êxitos que o clube ia alcançando, do qual a expressão máxima foi o primeiro título de Campeão Europeu em 1987.
Com abertura de mais um ciclo pós-Artur Jorge, ingressa como técnico do F.C. Porto Tomislav Ivic. Dotado de outros argumentos de carácter empírico, foi dando seguimento aos processos que ajudaram a explicar um continuado êxito.
rda, toda a esperança é sagrada”.
Se, em termos de metodologia de treino, os avanços se tornaram significativos no que concerne às grandes exigências do jogo (mais distâncias percorridas pelos jogadores, maior intensidade e pressão no desenvolvimento de processos para a conquista dum resultado, etc.), também, ao nível do treinador, como gestor operacional para o rendimento, os níveis de exigência são a todo o momento colocados à prova.
No âmbito da planificação do treino desportivo, tem-se assistido, nestes últimos anos, a uma evolução extraordinária. Este trabalho de programação e planeamento é uma tarefa à qual a qualidade crítica e reflexiva dos metodólogos de treino jamais poderá ficar indiferente, quer no que se refere às condições infra-estruturais da prática desportiva e sua operacionalidade (zonas de treino), quer no que se refere à organização do departamento (gabinetes de trabalho, serviços, logística, etc.), …
Em relação ao treino, deverá o treinador preocupar-se na orientação e gestão das cargas bem como a sua operacionalidade; em relação à competição, submeter a uma apreciação crítica a sua calendarização; em relação aos jogadores, constituir dossiers individuais de diversas competências; em relação à equipa técnica, a gestão operacional das múltiplas funções; em relação à colaboração com outros especialistas, procurar um apoio pluridisciplinar nas diversas vertentes que conduzem ao sucesso, quer na área da fisiologia, como na medicina física e reabilitação, psicologia, biomecânica, estatística, nutricionismo, etc., cujo reportório se deve identificar com as exigências no cumprimento das tarefas (Neto, 2007).
Ontem como hoje, é prioritário, para sistematizar um ciclo de treino, conhecer todas as qualidades do jogador, para o que há evidente necessidade de as diagnosticar através dos esforços participativos no decorrer do treino e do jogo.
A observação e análise do jogo e do rendimento participativo por parte do jogador, matéria que, no início da década de 1980, começou a ser testada, a primeira vez em Portugal, por José Maria Pedroto, imediatamente seguida por outro treinador de sucesso Artur Jorge (o primeiro treinador português a sagrar-se Campeão Europeu), foi semente que floresceu e, em termos de alto rendimento, penso que, nos dias de hoje, não haverá clube que não utilize uma metodologia de avaliação e investigação para o rendimento.
A análise do jogo, referenciado como elemento de estudo, tem vindo a constituir-se, ao longo dos tempos, uma “ferramenta” indispensável para a orientação e gestão de competências. No sentido de confirmar estas tomadas de consciência crítica e até por um critério de inteira justiça, no que respeita a uma referência histórico-evolutiva dos trabalhos realizados em Portugal, será importante frisar os desenvolvidos por Malveiro (1983), autor que apresentou uma metodologia de observação para análise do jogo, fazendo apelo a um tratamento informático; Castelo (1986, 1994 e 1996) realizou as suas investigações sobre a caracterização do jogo de Futebol; Neto (1993), apresentou um trabalho intitulado “A Observação no Futebol”, onde descreveu a análise do jogo realizada nas épocas entre 1982 e 1988, ao serviço do F.C. Porto; Claudino (1993) elaborou um sistema de observação para aplicação nos jogos desportivos colectivos; Garganta (1997) fez um estudo da organização da fase ofensiva em equipas de alto rendimento; Maçãs (1997) elaborou um estudo sobre a identificação e caracterização do processo ofensivo em Selecções Nacionais de Futebol Júnior; Fernando Matos caracterizou a finalização nos campeonatos do mundo de Futebol sénior de 1998 e 2002. Relativamente à investigação na área do Futebol Feminino, Helena Costa (2005) foi pioneira, tendo caracterizado através da análise do jogo, todo o processo ofensivo da Selecção Alemã, campeã da Europa e do Mundo.
No estrangeiro, tomando como referência os estudos realizados por autores estrangeiros, apresentamos alguns exemplos: Olsen (1998) analisou as jogadas que conduziram ao golo nos jogos do campeonato Mundial do México 86; Mombaerts (1991) analisou os jogos do campeonato da Europa de 1998 e do Mundo 1990; Dufour (1993) analisou os golos do campeonato do Mundo de Itália 90; Luhtanen (1993) estudou a eficácia das acções ofensivas das equipas participantes no Mundial de Itália 90; Hughes (1996) que estudou os jogos do campeonato do Mundo de Itália 90, analisou as situações de golo e a sua relação com o número de posses de bola e de passes realizados por posse de bola; Gréhaigne (2001) analisou os jogos do campeonato do Mundo de 1986, estudando as sequências ofensivas terminadas em golo (Neto & Matos, 2008).
A observação e análise do jogo torna-se, então, um instrumento na avaliação e conhecimento do Futebol, tendo-se constituído como um dos aspectos mais importantes da maximização do rendimento, na procura dum saber mais sustentado para uma intervenção técnico-pedagógica mais adequada por parte do treinador.
Ao conhecermos as condições sobre as quais se desenvolvem as acções da competição, podemos estabelecer, de forma concreta e realística, um perfil de exigências ao qual os futebolistas necessitam de corresponder. No futebol, a construção do treino deverá decorrer da informação retirada do jogo, pelo que a caracterização da estrutura da actividade e a análise do conteúdo do jogo revelam uma importância e influência crescentes na estruturação e organização do treino (Costa, 2005).
Não obstante uma extraordinária evolução dos instrumentos de análise do jogo, desde os sistemas de notação manual, à combinação com o relato oral para ditafone, à utilização do computador para tratamento de dados ou seu registo simultâneo com voz, até à digitalização pelo uso de várias câmaras de vídeo - quanta mais valia repousava na sabedoria de uma simples pergunta levantada por um estudante de Desporto num final de curso em Maio de 1981 e que um Treinador (José Maria Pedroto), com o olhar no infinito abriu os horizontes onde ainda repousam notícias de sucesso, disparadas por elevadas expectativas que, de quando em vez, ainda fazem saltar alguns deuses adormecidos.
Nesse mesmo dia, compreendi melhor uma frase que tinha lido no Diário XI de Miguel Torga (p. 202): “Mesmo absu
Nesta data em que se evocam os 30 anos de saudade pelo mestre Pedroto (também meu) , humildemente cultivo a minha memória evocando alguém que via o Futebol com os olhos do futuro.
QUE DESCANSE EM PAZ!...
Metodólogo de Treino Desportivo
Mestre Psicologia Desportiva
Doutor em Ciências do Desporto/Futebol
Formador/F.P.F. - U.E.F.A.
Docente Universitário
IN "A BOLA"
07/01714
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