DOUTRO SÉCULO
ANTES DA TAP
Esta, é provavelmente uma das companhias menos conhecidas e faladas, que integrou o Grupo CUF, até pela sua singularidade.
Quem é que afinal sabia que a CUF teve uma companhia de aviação?
Arriscamos
a dizer que certamente serão poucas pessoas as que sabem tal facto,
provando mais uma vez o pioneirismo da CUF em muitos sectores, até mesmo
o da aviação.
Pois bem, essa é a interessante e curiosa história que hoje aqui vos trazemos.
A
19 de Julho de 1945, a Sociedade Continental de Transportes Aéreos, é
transformada na C.T.A. com o objectivo de explorar linhas aéreas no
território nacional ou fora dele.
Aquando da sua fundação o capital desta sociedade era de 5.000 contos, subscrito e divido pelos seguintes acionistas:
Daun & Bleck, Limitada, 500.000$
- Carlos Eduardo Bleck, 250.000$
- D. José de Saldanha, 250.000$
- Manuel Augusto José de Mello, 300.000$
- Sociedade Geral de Comércio, Industria e Transportes Limitada, 2.000.000$
- José Inácio Castel-Branco, 100.000$
- Dr. Luiz Albuquerque de Sousa Lara, 300.000$
- Sousa Lara & Filhos Limitada, 500.000$
- Fernando Enes Ulrich, 100.000$
- Dr. António Garcês, 100.000$
- António de Sommer Champalimaud, 200.000$
- Dr. José de Sousa e Melo, 200.000$
- João Maria José de Mello, 100.000$
- Dr. Álvaro Belo Pereira, 100.000$
- Carlos Eduardo Bleck, 250.000$
- D. José de Saldanha, 250.000$
- Manuel Augusto José de Mello, 300.000$
- Sociedade Geral de Comércio, Industria e Transportes Limitada, 2.000.000$
- José Inácio Castel-Branco, 100.000$
- Dr. Luiz Albuquerque de Sousa Lara, 300.000$
- Sousa Lara & Filhos Limitada, 500.000$
- Fernando Enes Ulrich, 100.000$
- Dr. António Garcês, 100.000$
- António de Sommer Champalimaud, 200.000$
- Dr. José de Sousa e Melo, 200.000$
- João Maria José de Mello, 100.000$
- Dr. Álvaro Belo Pereira, 100.000$
Como
se pode ver pela lista atrás apresentada, vamos nela encontrar nomes
sonantes da economia nacional, como António Champalimaud, a família
Sousa Lara que detinha grandes investimentos no Ultramar, ou os Ulrich
ligados a diversos interesses económicos.
A
maioria do Capital acionista (2.300.000$)é detida pela Sociedade Geral e
Manuel de Mello, colocando assim esta Holding da CUF no comando desta
nova empresa.
Será
no dia 2 de Dezembro de 1945 (4 meses após a constituição desta
sociedade) era oficialmente inaugurada pelo Presidente da República
Óscar Carmona e demais membros do Governo a carreira
Lisboa-Porto-Lisboa.
Apresenta
nesse mesmo ano a filiação na I.A.T.A. (International Air Transport
Association, que ainda hoje é a mais alta autoridade internacional do
transporte aéreo) sendo esta aceite.
A sua frota era constituída por um Percival Proctor, e por três bimotores DeHavilland DH-89 cujas matriculas eram as seguintes: CS-ADI, CS-ADJ e CS-ADK, todos adquiridos na Inglaterra.
Posteriormente um destes bimotores foi
adquirido pela Aeronáutica Militar em 1950, podendo ser vista hoje no
Museu do Ar em Alverca.
Mais tarde são ainda adquiridos à Força Área dos Estados Unidos dois Douglas C-47A(CS-TDX e CS-TDZ) sendo a sua adaptação aviação civil sido feita por pessoal das Oficinas Metalomecânicas da CUF.
A
C.T.A. vai construir toda uma infra-estrutura de apoio as suas rotas
aéreas, para isso constrói hangares privativos nos Aeroportos de Lisboa e
Porto, com oficinas , armazéns, operações de voo, equipamento de rádio,
salas de pessoal navegante, cantinas etc.
Por
essa altura o pessoal ao serviço da C.T.A. deveria de rondar o numero
de 70 pessoas, numero que teria tendências a subir com a expansão da
Companhia.
Havia
já planos de expansão delineados por fases, em 1946 o objectivo seria
inaugurar uma carreira Lisboa-Madrid com um serviço diário, pedindo
autorização para tal ao Governo, sendo esta recusada, ficando outros
projetos na gaveta, como as Linhas Internacionais no Continente Europeu,
e obviamente aquilo que então se designava pelas Linhas Imperiais de
modo de ligar a Metrópole com as principais cidades do seu Ultramar.
Para essa expansão tinha já a C.T.A. pensado adquirir 4 Douglas DC-4 "Skymaster" e também Douglas DC-6 aviões já de grande capacidade e com maior alcance aéreo.
Podemos dizer que á C.T.A. de certa maneira foram cortadas as pernas.
Devido à política do Governo, e de homens como o sobejamente conhecido Secretário da Aeronáutica Civil Humberto Delgado,
preferiu-se reorganizar o Transporte Aéreo em Portugal, chamando as
Autoridades tais responsabilidades, preferindo deixar cair a C.T.A.
(talvez por esta estar nas mãos de privados) e criar assim os
Transportes Aéreos Portugueses (T.A.P.) cuja metade do capital acionista
estava nas mãos do Estado sendo o restante subscrito por privados.
A linha Lisboa-Porto-Lisboa é suspensa em 1947, e a C.T.A. seria liquidada definitivamente em 1949.
E
desta efémera e interessante história falta apresentar um interessante e
raro lote de documentos respeitantes a esta empresa, isto porque uma
tal Madame Silva (que é como está escrito no bilhete) que na época tinha
23 anos, guardou tais documentos, talvez como recordação, e assim
chegaram ás mãos de alguém que os preservou mas que não podemos identificar, sendo um testemunho da breve história da C.T.A.
Custo do Bilhete (303 escudos em 1946)
Talão de Bagagem (frente)
Talão de Bagagem (verso)
Esta senhora que viajou para o Porto, fez um Seguro Pessoal de Transportes Aéreos, e qual seria a companhia?
Só podia ser a Império claro!
Sendo também ela pioneira neste tipo de seguros, o custo do mesmo já com todas as despesas incluídas era de 20 escudos.
Aqui fica o envelope enviado pela C.T.A. com a respectiva apólice e o cartão de cumprimentos da seguradora
Apólice (frente)
Apólice (verso)
Cartão de Cumprimentos
* Como informação acrescida podemos dizer que a primeira companhia aérea de carreiras regulares foi a DETA fundada em Moçambique em 1936.
Na coluna da esquerda encontra o link "VOANDO EM MOÇAMBIQUE" contendo informação muito interessante sobre a matéria.
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