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"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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Europa preparada para deixar
a Grécia sair da Zona Euro
A 20 dias das eleições legislativas gregas
intensificam-se as pressões, nomeadamente da Alemanha, para que Atenas
cumpra as medidas acordadas com a troika. Caso contrário, o governo de
Angela Merkel e de François Hollande já assumiram a possibilidade da
Grécia abandonar o euro. Comissão Europeia lembra que pertença à Zona
Euro "é irrevogável".
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Tendo em conta as informações vindas a
lume nos últimos dias, parece claro que para a Alemanha, a maior
economia do euro, há dois cenários em cima da mesa no que à Grécia diz
respeito: a Grécia pode permanecer na Zona Euro após as legislativas
desde que mantenha os compromissos assumidos pelo governo ainda em
funções; e a Europa está preparada para a saída da Grécia do bloco do
euro caso Atenas reivindique o não cumprimento do anteriormente acordado
nos memorandos e insista em reestruturar a dívida.
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No mesmo sentido, o Presidente gaulês François Hollande assume a
necessidade de Atenas "respeitar os compromissos assumidos",
independentemente do resultado das eleições. Todavia, Hollande deixa aos
próprios gregos a decisão sobre a permanência no euro "porque é uma
escolha que só a eles cabe". É uma afirmação prudente do governante
francês na medida em que os tratados europeus não prevêem a expulsão de
países do bloco europeu ou da moeda única.
Hollande acredita que não cabe a Bruxelas teorizar sobre se os votos
dos eleitores gregos vão ou não determinar a saída do país da moeda
única. E numa aproximação ao fim da austeridade sustentado por Alexis
Tsipras, líder do Syriza, Hollande defende que "a Europa não pode
continuar a ser identificada pela austeridade".
De acordo com uma fonte oficial anónima do governo alemão, citada
pela revista alemã Der Spiegel, a Zona Euro está preparada para uma
eventual saída da Grécia da moeda única, algo que os governantes
germânicos consideram quase inevitável, refere a revista alemã, caso
seja o Syriza a sair vencedor das eleições parlamentares de 25 de
Janeiro.
O ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble já havia prevenido
isso mesmo quando assumiu que se "a Grécia assumir um percurso diferente
será difícil" a sua permanência na moeda única. Num trabalho publicado
este fim-de-semana, a Der Spiegel explicava que para os governantes
alemães a situação é bem diferente daquela que marcou o início da crise
do euro.
Aquela publicação escreve que a conclusão da união bancária e a
criação do mecanismo europeu de estabilidade (MEE) impedem o contágio no
seio da Zona Euro, designadamente a países como a Irlanda e Portugal
que também beneficiaram de resgates internacionais e cujos processos de
reestruturação se encontram a caminho da consolidação.
Berlim coloca água na fervura
Entretanto, de Berlim, foram proferidas declarações no sentido de
relativizar o artigo publicado pela revista Der Spiegel, até porque é já
conhecido, tendo em conta os estudos de opinião, que na Grécia a
pressão externa acaba por penalizar os partidos do centro. Algo
contrário às próprias pretensões germânicas.
O ministro da Economia alemão Sigmar Gabriel, líder do SPD,
esclareceu, citado pelo The Guardian, que a actual capacidade da Europa
para suster os efeitos negativos da saída grega da Zona Euro explica o
"porquê de não podermos ser chantageados e o porquê de esperarmos que o
governo grego, independentemente de quem o lidere, cumpra os acordos
feitos com a União Europeia (UE)".
Quanto ao artigo publicado na Der Spiegel, Gabriel assevera que "não
existiram nem existem planos no sentido contrário" à permanência da
Grécia no bloco da moeda europeia. Antes pelo contrário, porque, de
acordo com o Kathimerini, o líder dos sociais-democratas alemães defende
mesmo que "o objectivo do governo alemão, da União Europeia e mesmo o
de Atenas, é o de manter a Grécia na Zona Euro".
No mesmo sentido, o secretário-geral do partido de Merkel, os
democratas-cristãos da CDU, Peter Tauber, garante, segundo refere a
agência Bloomberg, que "não vê" que a Grécia venha a sair do euro. "A
Grécia assumiu um acordo com os credores internacionais, que o país terá
de assumir", sustentou Tauber para quem o Syriza apenas está a fazer
uma "campanha de retórica".
Numa entrevista a uma rádio alemã, Tauber assume porém que as
consequências da saída da Grécia da Zona Euro são "diferentes do que
eram há uns anos" devido à criação de instrumentos, pela União Europeia,
para lidar com tais cenários. "Trabalhámos muito para tornar esses
cenários controláveis", assegurou.
A Comissão Europeia optou por não comentar o artigo da revista alemã
Der Spiegel mas sublinhou que, de acordo com o artigo 140, parágrafo 3,
do Tratado da União Europeia a pertença à Zona Euro "é irrevogável".
Samaras joga cartada de risco de saída do euro, mas Tsipras lidera sondagens
O resultado das eleições de 25 de Janeiro vai decorrer da escolha,
cada vez mais polarizada, nota o politólogo grego Ilias Nikolakopoulos
ao Guardian, entre duas personalidades: Antonis Samaras, actual
primeiro-ministro e líder do Nova Democracia, e Alexis Tsipras, o
mediático líder do Syriza.
Tal como refere o jornal britânico, desde a marcação das eleições
parlamentares, o primeiro-ministro Samaras tem centrado a sua campanha
nas referências ao risco de a Grécia ser levada a sair do euro caso seja
o Syriza a vencer o acto eleitoral. Possivelmente para esvaziar esse
mesmo discurso, Tsipras já assumiu que defende a permanência de Atenas
no euro.
Para Nikolakopoulos, a escolha dos gregos far-se-á entre a
preferência pela estabilidade garantida pelo candidato Samaras, bem
considerado pelas instituições europeias e internacionais, ou pela
ruptura representada pelo Syriza, que defende a reestruturação da dívida
grega e o final das medidas de austeridade acordadas com os credores
internacionais. Algo que tem deixado os mercados em alerta e já fez
subir os juros da dívida grega, cuja taxa no prazo a dez anos sobe 18,9
pontos base para os 9,439%. Já a praça grega segue a cair nesta manhã
perto de 4%.
Recorde-se que o segundo programa de assistência financeira à Grécia,
que terminava a 31 de Dezembro, foi prolongado por dois meses, altura
em que Atenas ja deverá ter acordado as condições para o estabelecimento
de uma almofada financeira de linhas de crédito cautelares. Algo que
neste momento poderá depender do vencedor da corrida a
primeiro-ministro.
Independentemente das pressões externas, inclusivamente do presidente
da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, para quem Tsipras "não é o
homem ideal" para governar a Grécia, num discurso agendado para hoje, 5
de Janeiro, o líder do Syriza deverá defender, escreve a Bloomberg, que
as eleições gregas vão abrir caminho para uma mudança progressiva das
políticas europeias contra a receita de austeridade feita por Angela
Merkel.
Alexis Tsipras deverá também continuar a tentar acalmar os mercados e
os eleitores gregos que possam temer mudanças radicais na condução
política grega. A Bloomberg refere que Tsipras, caso seja eleito
primeiro-ministro, vai assegurar a garantia dos depósitos bancários e a
definição de um saldo primário orçamental e rejeitar, desde já, a lógica
irrealista de excedentes primários.
A última sondagem da Rass, divulgada sábado, dá a vitória ao Syriza
com 30,4% dos votos, 3,1 pontos percentuais acima dos 27,3% atribuídos
ao Nova Democracia. O Pasok, que forma a coligação governamental com o
Nova Democracia, teria somente 3,5% dos votos. Nesta sondagem ressalta
ainda um dado que se prende com a clara preferência de 74,2% dos
inquiridos pela permanência da Grécia no euro. Quanto àquele que os
gregos consideram poder ser melhor primeiro-ministro, 41% responderam
favoravelmente a Samaras e 33,4% escolhem Tsipras.
Papel importante no resultado final poderá ter a força partidária que está a ser formada pelo antigo primeiro-ministro
grego George Papandreou, que a confirmar-se uma sondagem referida na
semana passada pelo Financial Times (FT), poderia alcançar entre 4% e 5%
dos votos dos eleitores gregos. O FT escrevia ainda que os votos
alcançados pela nova força partidária poderiam resultar, na sua maioria,
de uma transferência de votos do Syriza para o partido de Papandreou.
* Se a Grécia saír da União Europeia será o princípio do fim.
Há muitos, muitos anos, a jornalista Maria Elisa entrevistou Franco Nogueira que, sobre a defunta C.E.E., foi claro, "quando a Alemanha se reunificar a C.E.E. acaba, é só uma questão de tempo", alguém se lembra disto? A prepotência germanófila é demolidora.
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