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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Segurança social perde 100 milhões
com queda da PT
O fundo que gere as reformas dos
portugueses viu o valor do investimento na PT cair de 109 milhões de
euros para menos de 14 milhões.
A crise que se vive na Portugal Telecom já custou quase
100 milhões de euros ao fundo que gere as reformas dos portugueses. O
Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) detém
20,3 milhões de acções da Portugal Telecom (PT), cuja aquisição custou
ao Estado 109,4 milhões de euros, de acordo com os Relatórios e Contas
do FEFSS. Hoje, valem menos de 14 milhões de euros, o que equivale a uma
queda superior a 87% do investimento.
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As acções da PT voltaram a encerrar ontem no vermelho, perto dos
mínimos históricos atingidos na semana passada. Valem 68,7 cêntimos,
longe dos 5,4 euros do preço médio de aquisição do FEFSS. Desde a fusão
com a Oi, em Maio de 2014, as acções da PT perdem já 75%. Estes dados
não incluem os dividendos que foram pagos ao longo dos anos aos
investidores na PT, que atenuarão a perda.
A posição detida pelo FEFSS equivale a 2,28% do capital social da
‘telecom', o que torna o Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização
da Segurança Social (IGFCSS) - enquanto entidade gestora do FEFSS -
accionista qualificado da empresa. A condição só terá sido comunicada à
própria PT em Abril de 2014, muito embora existisse desde 2008.
A posição terá sido no entanto construída alguns anos antes, mas
passando a posição qualificada apenas em 2008 devido à operação de
redução do capital social da empresa nesse ano. No Relatório e Contas
relativo ao ano de 2007, o FEFSS já comunicava uma participação de 20,3
milhões de acções, que equivaliam então a 1,79% da PT. Nessa altura
valiam quase 181 milhões de euros, ou seja, geravam uma mais-valia de 72
milhões de euros. O Económico não conseguiu confirmar a data de
constituição desta posição, visto o IGFCSS não disponibilizar no seu
site os Relatórios e Contas do FEFSS anteriores a 2007, nem o ministério
da Segurança Social, que tutela o fundo, ter respondido às questões
enviadas, até ao fecho da edição.
Por esclarecer ficam também as condições que levaram à construção
desta posição, que configura uma excepção na política de investimentos
do fundo. Note-se que, entre os quase 400 activos que constituem a
carteira de investimentos do FEFSS, apenas dois são acções portuguesas.
Além da PT, o FEFSS é ainda accionista da Finpro, uma ‘holding' com
vários investimentos internacionais, que aderiu ao Processo Especial de
Revitalização em 2014 devido a dificuldades em pagar dívidas no valor de
222 milhões de euros. Além da Segurança Social, a Finpro tem como
principais accionistas o Banif Capital, a CGD e a Amorim Global. O FEFSS
investiu 18,6 milhões de euros nesta empresa e perdia, no final de
2013, mais de oito milhões de euros com esta participação.
Apesar dos maus resultados em acções nacionais, a carteira de
investimentos do FEFSS terá valorizado 12,68% em 2014, de acordo com o
Relatório do Orçamento do Estado para 2015. Uma evolução em grande parte
justificada pela valorização da dívida pública portuguesa, que
representa cerca de 70% da carteira. Recorde-se que, em Julho de 2013, e
em vésperas da sua demissão, Vitor Gaspar, então ministro das Finanças,
autorizava o FEFSS a investir até 90% da sua carteira em dívida pública
nacional, aumentando fortemente o risco do fundo que gere o dinheiro
descontado pelos portugueses para as suas reformas. No entanto, foi a
concentração na dívida pública nacional - conjugada com a excelente
performance deste activo nos últimos dois anos - que mais ajudou aos
resultados positivos globais do fundo.
* Parece que a Segurança Social investiu na D. Branca.
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