HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
MP:
Negócio dos submarinos rendeu
27 milhões de euros a arguidos e membros do GES
A aquisição por Portugal de dois submarinos
alemães disponibilizou aos quatro arguidos e a membros do Grupo Espírito
Santo 27 milhões de euros, mas o Ministério Público não conseguiu obter
provas sobre os fluxos financeiros e arquivou o caso.
"No inquérito concluiu-se que a GSC
pagou à ESCOM UK 30.063.265,17 de euros e que (...) terão ficado na
disponibilidade dos arguidos e de membros do Grupo Espírito Santo cerca
de 27 milhões de euros", lê-se numa nota do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) sobre o arquivamento do caso, divulgada esta quinta-feira.
O inquérito, em investigação desde 2006, teve como arguidos Miguel
Nuno Horta e Costa, Luiz Miguel Horta e Costa, Pedro Manuel de Castro
Simões Ferreira Neto e Hélder José Bataglia dos Santos suspeitos de
fraude fiscal qualificada, branqueamento e corrupção.
O Ministério Público considerou, contudo, "inviável, face à
impossibilidade de reconstituição de todos os fluxos financeiros,
recolher prova documental quanto ao destino de todas as quantias na
medida em que não foi obtida resposta, nomeadamente, de carta rogatória
enviada para a Bahamas".
Na nota lê-se que "sem recurso aos dados constantes do RERT (Regime
Excepcional de Regularização Tributária) e às declarações dos arguidos
-- não há elementos probatórios que permitam inferir quem eram os
beneficiários das contas para onde foram feitas as transferências
(MAXELLIS, MAARLEY, GAMOLA E ROBINSON) ou quem eram os titulares das
acções da FELLTREE INC", inviabilizando, assim, a possibilidade de
incriminação por fraude fiscal.
Segundo o DCIAP, "ponderada a prova existente não foi possível
imputar o crime de corrupção e, não sendo provados crimes precedentes,
não pode ser imputado o crime de branqueamento" de capitais.
O documento explica ainda que os membros do Conselho Superior do
Grupo Espírito Santo -- António Luís Roquette Ricciardi, Ricardo
Espírito Santo Salgado, Manuel Fernando Espírito Santo Silva e José
Manuel Pinheiro Espírito Santo Silva - receberam cada um milhão de
euros, tendo regularizado a sua situação tributária através do RERT.
Foi ainda depositado um milhão de euros em nome de "Mónica, Marta, Tiago e Pedro Mosqueira do
Não foi possível
concluir que as decisões políticas, analisadas de forma isolada, se
considerem lesivas do interesse do Estado ou que foram tomadas com vista
a beneficiar o consórcio alemão
.
DCIAP
Amaral, que regularizaram através de RERT a sua situação tributária",
excepto Tiago Mosqueira do Amaral que não fez declaração de RERT, tendo
sido extraída certidão e enviada à Autoridade Tributária, para
esclarecimento da situação tributária e eventual pagamento.
O DCIAP garante que investigou também um eventual crime de
prevaricação de titular de cargo político, tendo apurado que "as
negociações entre o Estado Português e o adjudicatário [GSC] continuaram
depois da fase de adjudicação, de forma opaca, sem a elaboração de atas
das reuniões havidas, com intensas negociações que não se limitaram a
aspectos acessórios".
Daí, resultou a celebração "de um contrato substancialmente diverso
do adjudicado pela Resolução do Conselho de Ministros, com alteração de
aspectos essenciais em matéria de direitos e deveres das partes".
No entanto, indica o MP, "não foi possível concluir que as decisões
políticas, analisadas de forma isolada, se considerem lesivas do
interesse do Estado ou que foram tomadas com vista a beneficiar o
consórcio alemão".
O contrato da compra dos dois submarinos por mil milhões ocorreu em
2004, quando o primeiro-ministro era Durão Barroso e ministro da Defesa
era Paulo Portas, tendo este último sido ouvido este ano pelo MP como testemunha no âmbito deste processo.
Na nota de quatro páginas sobre o arquivamento do inquérito são
feitas ainda referências às condenações nos tribunais germânicos, tendo
os investigadores portugueses lamentado que "as autoridades judiciárias
alemãs nunca tenham facultado a documentação" que lhes foi pedida e que
"era indispensável à reconstituição dos circuitos financeiros dos
eventuais pagamentos de 'luvas'".
* Esta gente que vive acima das suas possibilidades tem de vigarizar para se sustentar.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário