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Governo omitiu 500 milhões de euros
em benefícios fiscais
Faltam cerca de 500 milhões de euros concedidos a título de benefícios fiscais
na Conta Geral do Estado (CGE) do ano passado, indica o parecer do
Tribunal de Contas, hoje entregue na Assembleia da República.
Segundo a instituição presidida por Guilherme d'Oliveira Martins,
a despesa fiscal (DF) total em 2013 ascendeu a 1.678 milhões de euros,
mas esta verba "continua subavaliada, desde logo, pela omissão de 30 milhões de euros em IRC e de 5 milhões de euros em imposto único de circulação".
"Para
além disso", continua o Tribunal, "não foi quantificada despesa
relevante, designadamente a relativa às operações e atos isentos de imposto do selo declarados pelos sujeitos passivos (126.111 milhões de euros)".
.
"Só o resultado da mera aplicação das taxas mínimas previstas na tabela geral desse imposto aos montantes declarados ascende a 455 milhões de euros.
A falta de informação sobre parte dos benefícios fiscais, a
subavaliação recorrente da despesa fiscal pela AT e a sua insuficiente
relevação na CGE constituem limitações importantes para o exame e para a
formulação de uma opinião de auditoria sobre os valores envolvidos".
Benefícios em sede de imposto do selo
O
TdC insiste que a despesa fiscal em Imposto do Selo (370 milhões de
euros) continua subavaliada, não obstante o aumento muito significativo
verificado com a quantificação das isenções".
"Em 2013, os
sujeitos passivos declararam, ainda, outras operações e atos isentos, no
montante global de 126.111 milhões de euros, cuja DF não foi
quantificada nem relevada na CGE."
"Essa omissão é responsabilidade da AT
pois, ao não exigir a discriminação das isenções declaradas pelas
correspondentes verbas da Tabela Geral do Imposto do Selo (tributadas a
diferentes taxas), inviabiliza a determinação da taxa aplicável e o
cálculo do imposto que seria devido na falta de norma de isenção",
acrescenta o auditor.
Para o Tribunal, "a omissão é materialmente relevante" porque gera uma despesa fiscal potencial de 455 milhões de euros.
Fisco diz que fazer melhor "aumentaria custos de contexto"
No
contraditório, a Autoridade Tributária reconhece que a falta de
"sistemas de liquidação, (...) de indicadores estatísticos, de controlo,
análise e quantificação da DF em IS (...) dificulta quer o apuramento
dos dados quer o controlo da consistência dos respetivos benefícios
fiscais".
E, continua o TdC, a mesma autoridade "refere que o
prazo para a entrega da declaração sobre BF utilizados em IS (até 15 de
julho) inviabiliza a relevação da respetiva DF na CGE".
"Ora, cabe
à AT promover todas as iniciativas pertinentes no sentido de serem
ultrapassadas as atuais insuficiências da informação", avisa o TdC.
Em
contraditório, a AT alegou que "a quantificação da DF em IS exequível
do ponto de vista técnico acarretaria, inevitavelmente, um aumento muito considerável dos custos de cumprimento e dos custos de contexto, quer para a AT, quer para os sujeitos passivos".
"O
Tribunal assinala que, entretanto, com a alteração do artigo 52.º do
Código do IS operada pela LOE para 2014, a AT passou a dispor de
informação sobre o valor das operações e dos atos realizados isentos
desse imposto, segundo a verba aplicável da tabela, devendo a
insuficiência reportada estar resolvida para exercícios futuros", lê-se
no parecer à CGE 2013.
* Não são só os banqueiros que escamoteiam informação. O que mais dana é que estes governantes da AT não são alvo de nenhum processo crime por propositadamente omitirem resultados, enquanto a própria AT tem um comportamento predador para com o mero contribuinte que se engane no preenchimento dos papéis da máquina burocrática.
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