HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Imigrantes ilegais dizem-se discriminados e explorados por portugueses no Canadá
Emigrantes portugueses ilegais no Canadá acusam a própria
comunidade portuguesa de aproveitamento e enriquecimento à custa dos
mais vulneráveis, que são os trabalhadores indocumentados.
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O Canadá é conhecido como uma terra de oportunidades, mas nem todos
têm essa sorte. Muitos portugueses passam por grandes dificuldades, dada
a situação ilegal em que se encontram e dizem ser vítimas de
aproveitamento por parte de empresários lusodescendentes.
Um português de S. Miguel (Açores), que não se quis identificar, dada a sua situação ilegal no Canadá, acusou, em declarações à agência Lusa, muitos empresários, tanto do ramo da construção civil, como na área da restauração, de "enriquecerem através da exploração e quase escravatura dos seus conterrâneos".
"Perante a sociedade, essas pessoas são exemplares, mas depois pagam oito a nove dólares (cinco a seis euros) aos empregados e tratam-nos extremamente mal. Além disso, dizem para trabalhares estas horas todas, não tens folgas, e ameaçam-te, se não quiseres, metem outro empregado no teu lugar. É assim que se enriquece, na exploração e quase escravatura dos seus conterrâneos", disse.
Pedreiro de profissão, o português que está no Canadá desde 31 de março de 2012 mostrou-se "desiludido e triste" de serem os próprios conterrâneos a "aproveitam-se da fragilidade" dos trabalhadores ilegais.
Incentivado pela irmã, que já se encontrava no Canadá, dada a crise que Portugal atravessa, não teve "outra hipótese" senão a de emigrar, inicialmente como visitante, uma prática bastante utilizada por quem pretende iniciar uma vida laboral no país sem a documentação exigida.
O português esteve na esperança e na expetativa de encontrar uma empresa que lhe elaborasse um contrato de trabalho para que pudesse ficar com a situação regularizada, mas isso "infelizmente até ao momento" ainda não aconteceu.
"Comecei a trabalhar durante seis meses com um português que me prometeu mundos e fundos, mas derivado à situação em que me encontrava, de indocumentado, o empresário começou a tirar proveito disso. Ao não contabilizar todas as horas laborais, e o respetivo salário não era o devido, pois devia no mínimo auferir 18 dólares (12 euros) por hora e pagava-me apenas oito dólares (cinco euros)", disse.
Após "esta desilusão", foi trabalhar para outra companhia cujo patrão também era português, que não foi muito diferente.
"Prometeu-me pagar 24 dólares à hora (17 euros), mas depois pagou-me apenas dez dólares (sete euros). Acabei também por desistir, pois a trabalhar dez horas por dia, com um frio gélido, com aquele salário, preferia passar fome", disse.
Este emigrante queixou-se ainda do elevado custo da prestação de servidos dos consultores de imigração, que se "aproveitam da vulnerabilidade" dos emigrantes e cobram de "12 mil dólares" para tratarem do requerimento de um contrato, algo que “é inconcebível".
Também outro açoriano, que está há cerca de dois anos no Canadá, disse à Lusa, sob anonimato, que "tem sido muito complicado" sobreviver no Canadá e que "pouco faltou para trabalhar de forma gratuita".
"Abusam muito dos que não têm documentos, tanto os patrões, como os encarregados de obras, são muito arrogantes", afirmou o trabalhador de construção civil.
Em Toronto na companhia da mulher e do filho, a crise que se faz sentir em Portugal "foi o principal motivo" que o levou a terras norte americanas.
"Temos de engolir muitos sapos para se poder trabalhar e levar a vida para a frente, mas também com as pessoas documentadas, a situação não é muito diferente, há muito abuso", salientou.
"Foi uma mudança muito difícil na vida, espero ficar por cá, pois acho que Portugal não se vai endireitar, agora só falta o visto para poder trabalhar", concluiu.
O Governo provincial aprovou em novembro legislação para proteger os trabalhadores vulneráveis, incluindo estrangeiros que estejam “a ser explorados" pelas entidades patronais.
Através de um email enviado à agência Lusa, o ministério do Trabalho do Ontário explicou que pretende "proteger os trabalhadores mais vulneráveis e aumentar a equidade entre empregado e patrão".
"Queremos assegurar que os empregados são pagos pelo trabalho que fazem, e os trabalhadores temporários, incluindo os estrangeiros, são tratados com a justiça que merecem", referiu o ministério.
Calcula-se que existam no Canadá cerca de 550 mil portugueses e lusodescendentes, estando a grande maioria localizada na província do Ontário.
* Não só no Canadá que esta exploração acontece, existem mais países em que os emigrantes "chicoespertos" vigarizam conterrâneos mais socialmente frágeis.
Um português de S. Miguel (Açores), que não se quis identificar, dada a sua situação ilegal no Canadá, acusou, em declarações à agência Lusa, muitos empresários, tanto do ramo da construção civil, como na área da restauração, de "enriquecerem através da exploração e quase escravatura dos seus conterrâneos".
"Perante a sociedade, essas pessoas são exemplares, mas depois pagam oito a nove dólares (cinco a seis euros) aos empregados e tratam-nos extremamente mal. Além disso, dizem para trabalhares estas horas todas, não tens folgas, e ameaçam-te, se não quiseres, metem outro empregado no teu lugar. É assim que se enriquece, na exploração e quase escravatura dos seus conterrâneos", disse.
Pedreiro de profissão, o português que está no Canadá desde 31 de março de 2012 mostrou-se "desiludido e triste" de serem os próprios conterrâneos a "aproveitam-se da fragilidade" dos trabalhadores ilegais.
Incentivado pela irmã, que já se encontrava no Canadá, dada a crise que Portugal atravessa, não teve "outra hipótese" senão a de emigrar, inicialmente como visitante, uma prática bastante utilizada por quem pretende iniciar uma vida laboral no país sem a documentação exigida.
O português esteve na esperança e na expetativa de encontrar uma empresa que lhe elaborasse um contrato de trabalho para que pudesse ficar com a situação regularizada, mas isso "infelizmente até ao momento" ainda não aconteceu.
"Comecei a trabalhar durante seis meses com um português que me prometeu mundos e fundos, mas derivado à situação em que me encontrava, de indocumentado, o empresário começou a tirar proveito disso. Ao não contabilizar todas as horas laborais, e o respetivo salário não era o devido, pois devia no mínimo auferir 18 dólares (12 euros) por hora e pagava-me apenas oito dólares (cinco euros)", disse.
Após "esta desilusão", foi trabalhar para outra companhia cujo patrão também era português, que não foi muito diferente.
"Prometeu-me pagar 24 dólares à hora (17 euros), mas depois pagou-me apenas dez dólares (sete euros). Acabei também por desistir, pois a trabalhar dez horas por dia, com um frio gélido, com aquele salário, preferia passar fome", disse.
Este emigrante queixou-se ainda do elevado custo da prestação de servidos dos consultores de imigração, que se "aproveitam da vulnerabilidade" dos emigrantes e cobram de "12 mil dólares" para tratarem do requerimento de um contrato, algo que “é inconcebível".
Também outro açoriano, que está há cerca de dois anos no Canadá, disse à Lusa, sob anonimato, que "tem sido muito complicado" sobreviver no Canadá e que "pouco faltou para trabalhar de forma gratuita".
"Abusam muito dos que não têm documentos, tanto os patrões, como os encarregados de obras, são muito arrogantes", afirmou o trabalhador de construção civil.
Em Toronto na companhia da mulher e do filho, a crise que se faz sentir em Portugal "foi o principal motivo" que o levou a terras norte americanas.
"Temos de engolir muitos sapos para se poder trabalhar e levar a vida para a frente, mas também com as pessoas documentadas, a situação não é muito diferente, há muito abuso", salientou.
"Foi uma mudança muito difícil na vida, espero ficar por cá, pois acho que Portugal não se vai endireitar, agora só falta o visto para poder trabalhar", concluiu.
O Governo provincial aprovou em novembro legislação para proteger os trabalhadores vulneráveis, incluindo estrangeiros que estejam “a ser explorados" pelas entidades patronais.
Através de um email enviado à agência Lusa, o ministério do Trabalho do Ontário explicou que pretende "proteger os trabalhadores mais vulneráveis e aumentar a equidade entre empregado e patrão".
"Queremos assegurar que os empregados são pagos pelo trabalho que fazem, e os trabalhadores temporários, incluindo os estrangeiros, são tratados com a justiça que merecem", referiu o ministério.
Calcula-se que existam no Canadá cerca de 550 mil portugueses e lusodescendentes, estando a grande maioria localizada na província do Ontário.
* Não só no Canadá que esta exploração acontece, existem mais países em que os emigrantes "chicoespertos" vigarizam conterrâneos mais socialmente frágeis.
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