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Senior Fellow na Fundação Luso-Americana
IN "i"
14/11/14
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Washington
dividida conseguirá
dar respostas?
É verdade que os republicanos venceram as eleições intercalares. No entanto, a vitória não é necessariamente representativa da voz colectiva norte-americana
As
eleições intercalares de 2014, tal como era esperado, concederam aos
Republicanos (GOP) o controlo da Câmara dos Representantes e do Senado.
Numa altura em que estão por apurar alguns resultados finais - e tendo
em conta que ainda irá decorrer no início de Dezembro uma segunda volta
para um lugar no Senado no estado de Louisiana - já sabemos que o GOP
fortaleceu a sua presença no Congresso.
A vitória republicana saldou-se por um ganho líquido de, pelo menos,
dez lugares na Câmara e sete no Senado. No entanto, quando se aproximam
as eleições presidenciais de 2016, a pergunta que continua por responder
é qual o progresso que se pode esperar de um governo dividido.
Governos divididos, nos quais partidos diferentes controlam a Casa
Branca e pelo menos uma ou ambas as câmaras do Congresso, são a regra e
não a excepção na história da política moderna americana. Com efeito, os
Pais Fundadores desenharam, intencionalmente, um sistema de governo com
freios e contrapesos, capaz de absorver as naturais tensões políticas
que surgem numa democracia representativa. Por outras palavras, um certo
grau de conflito é necessário e é uma parte integrante do processo
democrático americano na medida em que estimula o debate nacional.
Neste sentido, podemos argumentar que a situação actual consubstancia
uma oportunidade para a Casa Branca e o Congresso demonstrarem a força
da República Americana e provar aos seus cidadãos que é possível
governar de forma eficaz. Todavia, existem alguns factores que podem
tornar inevitável a colisão de agendas, resultando em impasses: um
presidente impopular ansioso para construir o seu legado, um Congresso
determinado a impedi-lo de fazer qualquer coisa que possa extravasar a
sua autoridade constitucional e uma opinião pública focada apenas em
resultados imediatos. No momento, são mais os desafios a enfrentar do
que as soluções inequívocas.
É verdade que a capacidade dos legisladores para governar
efectivamente nos próximos meses dependerá, em grande medida, do nível
de compromisso que estão dispostos a aceitar e da vontade do presidente
Barack Obama para articular e trabalhar com os Republicanos. Mas, para
que isso aconteça, todos terão de mostrar modéstia e honestidade quanto
aos respectivos mandatos e quanto ao sentimento da opinião pública. Até
porque 70 milhões de americanos, aptos a votar, não estão registados nos
cadernos eleitorais. Eis a maioria silenciosa.
Tanto a Casa Branca como os republicanos revelam alguma arrogância
quando à natureza e significado dos seus respectivos mandatos. É verdade
que os republicanos venceram as eleições intercalares. No entanto, a
vitória não é necessariamente representativa da voz colectiva
norte-americana. Menos de trinta e sete por cento dos eleitores
inscritos participaram na eleição da semana passada e a caracterização
demográfica daqueles que votaram demonstram que são os mais idosos, os
mais ricos e wasp. Mas a apatia não ganha eleições, os votos sim.
São os votos de 2016 que todos vão disputar, correspondendo a uma
eleição na qual a participação é geralmente um pouco maior. O presidente
Barack Obama faria melhor se cuidasse das suas feridas políticas em vez
de atirar mais "lenha para a fogueira", ameaçando exercer uma
autoridade executiva em áreas que são consideradas essenciais pelos
opositores. Por sua vez, os republicanos precisam de reconhecer a sua
responsabilidade na crise actual se pretendem aumentar e optimizar o
alcance e a influência da sua pequena base eleitoral a nível nacional em
2016.
Quando, em Janeiro, o presidente Obama fizer o seu discurso do Estado
da União, será uma oportunidade para a Casa Branca comunicar as suas
intenções e o seu compromisso de trabalhar com o Congresso. A reacção e a
resposta dos Republicanos perante este mesmo discurso irá dizer-nos o
quão movediças serão as areias do final de mandato e se uma democracia
dividida consegue, efectivamente, dar as respostas necessárias.
Senior Fellow na Fundação Luso-Americana
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14/11/14
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