30/11/2014

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ESTA SEMANA NA
"BLITZ"

Clã entre afinidades com Sérgio Godinho e versões de Tom Waits com Samuel Úria no Vodafone Mexefest

Era noite de dupla estreia para os Clã: primeira vez no Vodafone Mexefest e primeira a tocar no Cinema São Jorge. A banda nortenha não se fez rogada, aproveitando não só para apresentar as canções do novo álbum, Corrente, mas levando também consigo ao palco dois colaboradores, um de longa data, Sérgio Godinho, e outro mais recente, Samuel Úria. E com uma postura orgulhosamente roqueira - Manuela Azevedo em grande forma - saiu vitoriosa da experiência.


Cinco minutos depois da hora marcada, as luzes da sala maior do São Jorge apagaram-se e o sexteto preencheu o palco para arrancar de rajada com "Zeitgeist", uma das canções que Úria escreveu para Corrente, e seguir de forma frenética por "Também Sim" e "Basta". Um "concerto especial", anunciou a vocalista, antes de avisar que, obviamente, as canções do novo álbum estariam em destaque ao longo da atuação. "A Paz Não Te Cai Bem", música "sobre o desamor", acalmou os ânimos e o momento prolongou-se com uma versão minimalista e sedutora de "GTI", uma primeira viagem ao passado acompanhada de coro tímido.

"Outra Vez" fez a ponte com o dramatismo em crescendo de "Aqui na Terra", canção repescada a Rosa Carne que serviu como uma luva à faceta mais aguerrida que os Clã levaram ao palco e pôs em evidência a incontestável força interpretativa de Manuela Azevedo. Sérgio Godinho foi, então, o primeiro convidado a subir ao palco para defender em dueto dois temas de "palavras maravilhosas" que escreveu para Corrente: "Curto Circuito" e "Artesanato" ganharam com o contraste das duas vozes e nem o facto de o convidado nunca as ter cantado (justificação suficiente para a cábula que levou consigo) conseguiu estragar um momento que coroa afinidades de longa data.

"A Conta de Subtrair" é um dos momentos altos de Corrente e a sua tradução para o palco transforma-o num verdadeiro portento. Ainda o público aplaudia e já a banda seguia por nova viagem ao passado, desta feita com "Tira a Teima" e "O Sopro do Coração", canção que marca a primeira colaboração criativa com Godinho e "uma das mais importantes do nosso reportório".

A introdução de "Canção de Água Doce", num duelo íntimo da voz de Manuela Azevedo com o cavaquinho de Hélder Gonçalves, fazia antever o que se seguiu: Samuel Úria entrou em palco para uma interpretação emotiva, e emocionante, da "prenda maravilhosa" que deu aos Clã. O fim do concerto aproximava-se e a banda esticou a presença de Úria em palco para retribuir "a prenda" com um dueto intenso que colou "Teimoso", do reportório do músico, a uma versão transpirada e enlouquecida de "Way Down in the Hole", de Tom Waits.

* Clã sinónimo de qualidade.

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