HOJE NO
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Obras públicas.
Lena Construções ganhou 42 contratos
de mais de 151 milhões entre 2008 e 2011
2009 foi o ano em que a construtora mais dinheiro ganhou: 91,9 milhões em 21 contratos. A Parque Escolar representou 70% dos contratos ganhos com um total de 137,8 milhões em nove contratos
A
Lena - Engenharia e Construções, SA – a construtora considerada do
regime socrático e cujo administrador do Grupo em 2008 e 2009 Carlos
Santos Silva foi também detido no âmbito das investigações a José
Sócrates, – ganhou (sozinha ou em consórcio) 42 contratos de empreitadas
de obras de organismos públicos com um valor superior a 151,2 milhões
de euros, entre 2008 e 2011.
Este foi o resultado da pesquisa efectuada pelo i a todos os
procedimentos que foram publicados no portal Base dos contratos públicos
(criado em Julho de 2008) com o número de identificação fiscal da
construtora. Ou seja, não abrange nenhum contrato celebrado antes desta
data. O número deverá ainda pecar por defeito uma vez que nem todos as
entidades públicas publicaram os seus contratos no portal.
Já desde que o actual governo assumiu funções, a construtora ganhou apenas 26 contratos no valor de 44,9 milhões de euros.
A pesquisa do i permitiu concluir ainda que a Parque Escolar foi a
principal cliente público da Lena, com nove contratos de 137,8 milhões
de euros (sem IVA), ou seja, 70% do total dos contratos ganhos pela
construtora. Convém referir, no entanto, que todos os contratos
celebrados com a Parque Escolar, entre 2009 e 2011, foram ganhos em
consórcio com mais duas construtoras (a Abrantina, uma empresa adquirida
em 2007 pelo grupo Lena, e a de Manuel Rodrigues Gouveia)após concurso
limitado por prévia qualificação.
AEstradas de Portugal, com três contratos no valor global de 30,6
milhões (sem IVA), é o segundo organismo público que mais dinheiro deu a
ganhar à construtora entre 2008 e 2014,
Omaior contrato já foi
assinado, no entanto, este ano e tem um valor de 28,8 milhões de euros.
Oconcurso público para a construção de um dos sublanços do túnel do
Marão foi ganho em consórcio com a espanhola Ferrovial.
32 ajustes directos
Outra das conclusões que se
pode retirar da análise dos contratos celebrados só durante a era
Sócrates, é que 32 foram por ajuste directo, três dos quais acima dos
460 mil euros. Dois com a Parque Escolar (de 461,2 e 687.9 mil euros) e
outro com a câmara da Vidigueira (3,1 milhões). Os sete mais elevados
foram após concurso limitado por prévia qualificação. Todos eles com a
Parque Escolar. Se a análise abranger já todos os contratos assinados
até este ano, aparecem 17 contratos acima de um milhão de euros, dos
quais só dois por ajuste directo: um com a câmara da Vidigueira, em
2009, e outro com a do Seixal, em 2010.
2009 foi o melhor ano
A análise do i permitiu ainda
concluir que o ano em que a construtora ganhou mais contratos foi em
2009: 21 no valor de 91,9 milhões. Os cinco maiores foram adjudicados
após concurso limitado por prévia qualificação. Oano de 2011 surge a
seguir com 52,7 milhões em cinco contratos, os dois maiores após
concurso limitado.
O terceiro ano com mais obras ganhas foi o de
2014, com nove contratos no valor global de 38,7 milhões de euros, dos
quais cinco por ajuste directo e após concurso público.
Em 2010,
foram 11 contratos, todos por ajuste directo, de 4,6 milhões; em 2008
(metade do ano) 3,2 milhões em sete contratos, também todos por ajuste
directo. Em 2012, foram 7 contratos de 3,9 milhões, dos quais cinco por
ajuste directo, e um concurso público e outro limitado. Em 2013, foram
oito no valor de 915 mil euros, também todos por ajuste directo.
Empresa nasceu nos anos 50
A faceta construtora do
Grupo Lena remonta a 1974, ainda que o grupo tenha nascido nos anos 50
do século XX, com o lançamento de uma empresa de terraplanagem. Foi
somente a partir de 2009 que o grupo ganhou notoriedade, quando lançou o
i, estando já nessa altura presente não só na comunicação social – com
vários meios regionais – mas também no Turismo, Energia, Concessões e
até comércio automóvel.
OS JORNAIS JÁ SE ESQUECERAM DESTE ROUBO |
O mercado da construção entrou em declínio agressivo em Portugal
pouco depois da Lena ter adquirido em 2007 a Abrantina, uma construtora
de maior dimensão, e que obrigou o grupo ao aumento de endividamento na
pior altura possível: os juros dispararam, o mercado contraiu e
seguiu-se a obrigatória restruturação. A saída da comunicação social foi
uma das primeiras decisões, seguindo-se a alienação ou extinção de
quase 60 empresas de maior ou menor dimensão, o que emagreceu em 41% o
total de trabalhadores do grupo de 2010 para 2013 – são hoje cerca de
2500.
A reestruturação levou o Grupo Lena a concentrar-se apenas na Engenharia, Construção, Serviços, Energia e Ambiente.
Uma ligação antiga
O contágio do caso Sócrates ao
Grupo Lena emerge pela ligação de amizade entre o ex-primeiro ministro e
Carlos Santos Silva, não só amigos desde a adolescência mas com
percursos educativos semelhantes. A coincidência entre ambos chegou
também à vida profissional e à Justiça, com ambos a serem associados a
investigações que, todavia, terminaram sem chamuscar a reputação de
Sócrates ou Santos Silva. Aqui destaque para o caso da Cova da Beira,
ainda quando o ex-primeiro ministro era secretário de Estado do
Ambiente, e avançou com a construção da Central de Tratamentos de
Resíduos Sólidos da Associação de Municípios da Cova da Beira.
A obra foi conquistada por um consórcio que incluía a Conegil, de
Carlos Santos Silva. Sócrates foi acusado por uma carta anónima que
acusava o governante de ter recebido dinheiro para favorecer este
consórcio. O Ministério Público, depois de longos anos, acabou por dar a
investigação por terminada sem avanços, ainda que em 2002 a PJ tenha
solicitado a realização de buscas à casa de José Sócrates, sem que o MP
tivesse dado autorização.
Carlos Santos Silva e José Sócrates “reencontram-se” no furacão
mediático aquando da polémica da licenciatura do antigo governante, já
que o primo de Santos Silva, Manuel Santos Silva, ex-reitor da
Universidade da Beira Interior, foi professor em quatro das cinco
disciplinas que permitiram a Sócrates ter direito a uma licenciatura.
Já durante os anos de José Sócrates como primeiro-ministro, Carlos
Santos Silva, igualmente formado em Engenharia, encontrava-se no Grupo
Lena, depois da sua Conegil ter falido em 2003.
Em 2008 subiu a administrador deste grupo. Mas foi logo a partir do
primeiro governo de Sócrates que o Grupo Lena, sobretudo focado na
construção, passou a ser visto como a “construtora do regime”.
Carlos
Santos Silva era presença constante nas missões empresariais do governo
socialista, tendo recolhido vários frutos destas: a mais sonante de
todas foi o contrato celebrado com o “amigo Chávez” para fornecer cinco
mil casas à Venezuela.
Avaliado em perto de dois mil milhões de euros, o projecto acabou por
avançar mais lentamente que o previsto. A ligação Lena-Sócrates era mal
vista no sector da construção, que sentiam que o grupo empresarial da
região Centro era repetidamente favorecido.
Com a queda constante do mercado da construção em Portugal, foi
precisamente no estrangeiro que o grupo foi procurar a salvação: na
Venezuela estão mais de 50% da carteira do grupo, justificado pelo
projecto das casas prefabricadas da Era Sócrates.
A presença estende-se também à Argélia, México e Colômbia, sendo que
nesta última negoceia actualmente a construção de três mil casas de
habitação social. Em 2013, último ano de contas completas, o grupo Lena
registou uma facturação de 527 milhões de euros, cerca de dois terços do
total com origem no exterior. Portugal tem um peso de 34% nos negócios
do grupo.
* Não custa acreditar nos elementos que a notícia contém, no entanto causa estranheza que este jornalismo de investigação tivesse ocorrido agora, nós que não gostamos nada de Socrates, batíamos-lhe a valer ainda era primeiro-ministro.
Temos consciência do público reduzidíssimo que atingimos, mas sempre sem medo e não gostamos de arriar em quem, virtualmente, caíu no tapete.
Desejamos justiça e Socrates ainda que indiciado tem direito à presunção de inocência, estamos num "Estado de Direito".
Por outro lado existem jornais portugueses que, por terem patrões angolanos, nada falam sobre o dinheiro de sangue que Isabel dos Santos traz na carteira, é a globalização.
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